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Fotógrafo inglês capta 50 anos de circo
Ivy Fernandes, de Roma
O fotógrafo britânico Peter Lavery, que nos últimos 50 anos vem registrando a vida circense ganha exposição fotográfica na The Harley Gallery, Welbeck, Nottinghamshire, no Reino Unido. A partir da segunda quinzena deste mês, a mostra vai percorrer por várias cidades europeias.
Fotos em branco e preto e em cores mostram não somente aquilo que o público vê no picadeiro, mas a vida itinerante, as dificuldades, os momentos de pausa, de alegria, de brincadeira, de repouso, os ensaios intermináveis, as viagens cansativas sob frio e neve, provas de vestiários, à espera do público e a gratificação com o riso das crianças.
A diretora da Harley Gallery, Lisa Gee, salienta que as fotografias de Lavery capturam um mundo desconhecido para a maioria do público. “Ele registra, segue e persegue o que acontece por trás da cortina deste microuniverso com personagens provenientes de terras distantes, uma mistura de línguas e costumes.”
De acordo com Lisa, Lavery mostra o contraste entre o que acontece em cena e atrás do picadeiro. Revela o duro trabalho dos artistas e dos simples operários e funcionários encarregados da organização e montagem dos espetáculos. “Uma comunidade única no mundo que sabe que the show must go on.”
Em sua exposição, Lavery celebra seus 70 anos de vida, 50 dedicados a registrar o mundo circense, e os 250 anos de nascimento do circo moderno, criado em 1768 pelo oficial do Exército britânico Philip Astley, especializado em esporte equestre.
A mostra fotográfica vem na esteira do lançamento do seu livro Circo Work, que apresenta e documenta o dia-a-dia do mundo circense.
A paixão pelo circo
Filho de operário de mina de carvão, Lavery começou a se interessar pelo mundo circense logo na adolescência, nos anos 60, quando um pequeno circo indoor se apresentou em sua cidade natal, Walkefield.
Segundo o fotógrafo, ele ficou imediatamente fascinado pela disparidade entre o que acontecia no picadeiro e atrás do palco. “Havia um contraste entre o mundo exterior, a elegância do vestuário, com plumas, rendas e tecidos brilhantes e os bastidores, ordinários e muito modestos.”
“Atraído pelo som, luzes e o odor característico, eu não tinha a menor ideia que o universo circense iria capturar toda a minha vida. O meu presente e o meu futuro. O hobby virou logo uma profissão e toda a minha energia foi concentrada no mundo circense”, explica Lavery.
Lavery fez aquilo que milhares de pessoas sonham em fazer um dia, seguir um mundo de aventuras, uma caravana circense, a exemplo do grande cineasta italiano Federico Fellini que, quando adolescente, fugiu de casa, para acompanhar um pequeno circo na cidade de Rimini, na Itália. Lavery realizou o esse sonho em 1968, quando tinha 20 anos.
“Eu queria entrar no misterioso planeta circense, que naquele tempo era muito reservado e desconfiado do mundo externo. No final, acabaram me dando autorização para seguir uma caravana circense na Inglaterra, viver o dia-a-dia ao lado dos artistas. A partir desse momento virei um “fotógrafo circense” com o objetivo de contar tudo, mas mesmo tudo, o que acontecia sob a lona e nos bastidores de inúmeros circos. Era o início do início de uma vida maravilhosa e colorida”, explica Lavery.