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O mito épico “A Saga dos Nibelungos”, adaptado para a literatura infanto-juvenil por Tatiana Belinky, ganha versão para teatro

 

Esta foto mostra a morte do protagonista Siegfried em manuscrito do século XV. Fonte: Wikipedia - Canção dos Nibelungos

 

 

História deu origem a produtos da indústria cultural que destacam mais o anel do que o tesouro dos anões das florestas mágicas

A escritora Tatiana Belinky, hoje com 94 anos, adaptou a saga dos Nibelungos de uma epopeia de mais de dois mil versos em sua origem, cuja data tem vários registros. O livro “A Saga de Siegfried – O Tesouro dos Nibelungos”, publicado pela Companhia das Letrinhas em 1993 e dirigido a crianças a partir de oito anos, registra que a história oral é do século IV, tendo sido escrita no século XIII.

Há muitas versões da lenda, como a ópera “O Anel do Nibelungo”, do músico alemão Richard Wagner (1813-1883).

A saga germânica foi adaptada por Belinky para a linguagem coloquial, em prosa, como “A Saga de Siegfried – O Tesouro dos Nibelungos”. Conta a história do príncipe Siegfried, que sai da casa paterna para vencer batalhas e receber a honra de se sagrar cavaleiro na volta ao reino.

Siegfried descobre o tesouro dos anões misteriosos, filhos do rei Nibelungo, casa-se com a filha do rei Gunther e o ajuda a conquistar Brunhilde, a rainha da Islândia.  

A adaptação de Tatiana Belinky ganhou o prêmio Jabuti de Melhor Ilustração e o selo de leitura Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) de 1993, na categoria “Criança”. A escritora ganhou o troféu Juca Pato em 2012.

 

História de cavalaria

Na Europa, na época da aventura (mais ou menos no século IV), viviam os povos bárbaros, e sair de casa para conquistar vitórias era o modelo. Seus personagens, da mitologia germânica e escandinava, remetem à tradição oral pré-cristã, conforme a Wikipédia, e fazem parte do Programa Memória do Mundo, da Unesco (Organização das Nações unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), desde 2009.

Um jovem valente sai pelo mundo para provar a si mesmo que é digno de herdar o trono do pai. “Crônicas de Cavaleiros e Dragões – O Tesouro dos Nibelungos”, que as crianças de 11 e 12 anos vão amar, mais do que a Harry Potter, talvez, faz-nos caminhar para trás na história, no imaginário lendário.

A saga deu origem aos produtos midiáticos de “O Senhor dos Anéis”, depois de ter habitado nórdicos contos da fada.

Siegfried, o herói, astuto, persegue a vitória em lutas contra cavaleiros e dragões. Saiu da casa paterna sem ao menos se preparar, narra Belinky, com a roupa do corpo.

Foi parar na casa do ferreiro Mime, um anão (ou terá sido um elfo?) que ensinou ao jovem seu ofício e o fez forjar uma espada poderosa.

Mime, de pura maldade – comum aos humanos, mostra a adaptação de Tatiana –, enviou Siegfried à casa de um carvoeiro. O garoto obedeceu ao mestre. Mas antes se deparou com um dragão, teve de lutar com a criatura e a fez provar do próprio veneno: o dragão incendiou-se no próprio fogo e derreteu a gordura do corpo, que tinha o poder de proteger a pessoa envolvida por ela contra qualquer tipo de ferimentos.

Siegfried descobre isso por acaso, quando gotas da gordura do bicho respingaram na mão dele. O jovem banhou-se nela, exceto um pedaço do corpo, entre as omoplatas, onde uma folha de tília, sem querer, ficou grudada.

Siegfried contou a aventura ao carvoeiro, que logo se aproveitou da boa fé do adolescente, contando-lhe que havia um tesouro do rei dos anões, Nibelungo, a ser conquistado. As riquezas eram disputadas pelos filhos do monarca.

Depois de aguçada a cobiça, o herói parte em busca do tesouro, guardado em uma montanha protegida pelo terrível dragão Fafner, que o rapaz liquidou.

Aí se chega ao nó da narrativa. Os filhos do rei Nibelungo pediram a Siegfried que lhes repartissem a fortuna em troca do recebimento da espada Balmung, que matava a quem tocasse.

Siegfried repartiu o tesouro, mas os príncipes ficaram insatisfeitos, solicitando do herói que refizesse o trabalho, irritando-o a ponto de Siegfried tocar neles com a espada e os dois caírem mortos.

Nisso, o anão Alberich, também guardião do tesouro, luta com Siegfried, que o derrota, mas lhe poupa a vida, e o herói se torna o príncipe mais rico do mundo. O feito ganhou notoriedade em verso e prosa.

Siegfried foi buscar um cavalo na Islândia, ilha misteriosa da rainha Brunhilde, possuidora de um cinto e um anel mágicos que dava a ela uma força descomunal. Em posse do corcel Grane, partiu para saudar a rainha, mas não conseguiu entrar no castelo, rodeado por um círculo de fogo.

Mas Grane atravessou as labaredas e Siegfried despertou Brunhilde de um sono encantado. Ela lhe ofereceu Grane como retribuição. Os dois se apaixonaram um pelo outro, mas Siegfried voltou para Xanten, na Baixa-Renânia, levando o cavalo.

Sagrou-se cavaleiro pelo pai Siegmund, e logo apareceu a princesa burgúndia Kriemhilde como pretendente, na corte de Worms. O rapaz conquistou a princesa, irmã do arrogante rei Gunther e sobrinha do soberbo e cruel Hagen de Tronje.

O protagonista precisou vencer as famosas provas dos contos de fada para se casar. Participou também de torneios e batalhas impostas ao rei Gunther pela Dinamarca e Suécia.

O tio de Kriemhilde, Hagen, havia sido vassalo do rei dos hunos, Átila, e depois oferecerá a sobrinha em casamento a ele. Hagen ajuda a construir a armadilha que tenta derrotar Siegfried.

A partir deste ponto é melhor você ver o que aconteceu a Siegfried nas peripécias do livro porque a solução do enredo é a melhor parte da história.

Ocorrem ainda muitas ações até chegar à revelação do segredo do anel e do tesouro.

 

Foto histórica de Tatiana Belinky Fonte: Blog Passeando pelo cotidiano

 

Link da editora Companhia das Letrinhas

 

Cena do ensaio de “Crônicas de Cavaleiros e Dragões - O Tesouro dos Nibelungos”

Peça com os Nibelungos

Estreia em 20/3, no Teatro do Sesi, com dramaturgia de Paulo Rogério Lopes e direção de Kleber Montanheiro, a peça “Crônicas de Cavaleiros e Dragões – O Tesouro dos Nibelungos” (a foto acima é de Vivian Fernandez/Divulgação).

Ficha técnica

Autora: Tatiana Belinky. Ideia e pesquisa: Deborah Corrêa e Elder Fraga. Adaptação: Paulo Rogério Lopes. Direção: Kleber Montanheiro. Elenco: Ricardo Gelli, Natalia Quadros, Rogério Brito, Luiza Torres, Adriano Merlini, Niveo Diegues, Joaz Campos, Daniela Flor, Bruna Longo. Cenário e figurino: Carlos Colabone. Iluminação: Kleber Montanheiro. Trilha sonora: Aline Meyer. Criação e confecção de bonecos: Márcio Pontes. Direção de manipulação de bonecos: Henrique Sitchin. Idealização, pesquisa e produção: Deborah Corrêa e Elder Fraga. Assistência de direção: Heloisa Maria. Fotos: Vivian Fernandez. Preparação corporal e lutas: Daniela Flor e Bruna Longo. Direção de produção: Deborah Corrêa e Elder Fraga. Realização: Sesi-SP e D&E Produções Artísticas.

Serviço

Teatro do SESI-SP – av. Paulista, 1.313, no Metrô Trianon-Masp. Temporada: 20 de março a 30 de junho. Datas e horários: às quartas, às 21h; aos sábados e domingos, às 16h00. Agendamentos escolares e de grupos: de segunda a sexta, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h00, pelo telefone (11) 3146-7439. Capacidade: 456 lugares. Duração: 75 minutos. Classificação indicativa: 12 anos. Tel.: (11) 3146-7405. Grátis. A distribuição dos ingressos tem início a partir da abertura da bilheteria, no dia do evento. Podem ser retirados até dois ingressos por pessoa. Horário de funcionamento da bilheteria em março: de quarta a sábado, das 13h00 às 21h00; e aos domingos, das 13h00 às 20h00. Horário de funcionamento da bilheteria a partir de abril: de quarta a sábado, das 13h00 às 21h00; e aos domingos, das 11h00 às 20h00.

 

(Mônica Rodrigues da Costa)

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