Clip Click
Piolin conquista os Modernistas
Em comemoração aos 50 anos da Semana de Arte Moderna, o Circo Piolin é armado no vão livre do MASP, em 1972.
Da Redação
Abelardo Pinto, o Piolin, nasceu em 27 de março de 1897, em Ribeirão Preto, interior paulista, em pleno circo, que pertencia a seus pais, o empresário Galdino Pinto e à artista circense Clotilde Farnesi, especializada em tiro ao alvo. Ele foi contorcionista, acrobata, ciclista, músico (tocava violino e bandolim) e, por volta de 1917, passou a fazer o palhaço Careca. Mas logo mudou para Piolin, “barbante” em espanhol, nome surgido numa brincadeira com suas pernas finas, conforme texto da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
Em 1929, Abelardo incorporou-o a seu nome de batismo, tornando-se Abelardo Pinto Piolin. Foi também nesse ano, no dia de seu aniversário 27 de março, que os modernistas, sob a liderança do escritor, ensaísta e dramaturgo Oswald de Andrade, homenagearam Piolin com um almoço que chamaram de “Festim Antropofágico”. “E o almoço aconteceu no restaurante mais chique de São Paulo, que era o Mappin Store, na Praça do Patriarca”, afirma Verônica Tamaoki, do Centro de Memória do Circo, ao Panis & Circus.
.
Considerando que os antropófagos comiam o inimigo para adquirir suas qualidades, o ato simbólico de “comer Piolin” constituiu-se numa consagração ao palhaço.
“Durante mais de 30 anos, Piolin teve seu circo armado em São Paulo, no Paissandu e depois nos bairros do Brás, Paraíso e na Marechal Deodoro e, por fim, na Avenida General Osório da Silveira onde permaneceu por 18 anos, até ser despejado, no final de 1961, pelo IAPC, antigo INPS. O motivo alegado na época foi a construção de um hospital, mas nada no local – nada – foi erguido até o início da década de 1980. O despejo de Piolin tornou-se, assim, símbolo do descaso dos poderes públicos para com o circo”, acrescenta o texto da Secretaria.
Em 1972, numa iniciativa de Pietro e Lina Bo Bardi, organizadores da exposição dos 50 anos da Semana de Arte Moderna, o Circo Piolin foi armado no vão livre do MASP. Nesse mesmo ano, o dia 27 de março, (aniversário de Piolin), foi declarado oficialmente como o Dia do Circo.
Entre os modernistas estava também o pintor Di Cavalcanti, que fez uma pintura de Piolin.
“O palhaço Piolin que Di Cavalcanti pintou é um Piolin sacana, não é um Piolin triste. A figura triste vem mais tarde, quando ele é despejado”, afirma Verônica Tamaoki, acrescentando que o Parlapatão Hugo Possolo tem um manifesto lindo, que fala do despejo do Circo de Piolin. Nele se lê: “‘Devolva o meu Paissandu, devolva minha General Osório, oh, São Paulo, me devolva isso!’”.
Piolin morreu em 4 de setembro de 1973 e uma multidão acompanhou seu enterro.
Postagem: Alyne Albuquerque
Tags: centro de memoria do circo, Clotilde Farnesi, piolin, veronica tamaoki
Relacionados
Verônica Tamaoki , no seu facebook, afirma: “Hoje, 10 de dezembro, é o Dia do Palhaço. E eu que tenho a graça de conviver com tantos …
O costureiro Rodrigo Fagra e a historiadora Erminia Silva falam do estilo e da história do circense no Centro de Memória do Circo Antonio Gaspar, …