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Tour du Monde é volta ao mundo tupiniquim
Mônica Rodrigues da Costa, especial para o Panis & Circus
Se não fosse pelo tom levemente irônico do show de variedades “Tour du Monde” e misturas de estilos do repertório popular, entrar na casa de espetáculos Paris 6 Burlesque para assistir a esse show poderia ser uma viagem no tempo – início do século 20, em 1900, época da Belle Époque francesa. “Tour du Monde” conta a história, nessa época, da jovem Sophie, apaixonada por dança e que deseja conhecer o mundo.
Esse é o último final de semana para ver a mágica em primeiro plano no “Tour du Monde” – o espetáculo permanece, em cartaz, mas muda parte de seu elenco.
Panis & Circus viu o show no sábado 27/1. Dirigido por Sandro Chaim e com direção artística e de aéreos de Monica Alla, e com dramaturgia do premiado Paulo Rogério Lopes, o espetáculo traz números de mágica do ilusionista Dimy, campeão latino-americano nessa atividade, muita purpurina, música ao vivo e gravada, acrobacias de solo e aérea, contorcionismo, trapézio, lira, dança e canto.
Um grande elenco realiza performances e coreografias marcadas para mostrar o périplo da protagonista pela França, pelos Estados Unidos, pelo Japão.
Os artistas se exibem em números do circo tradicional e revisitados, realizam façanhas com eficiência e portam figurinos de estilo sincrético, que remete ao período cultural de efervescência das vanguardas estéticas, mas tem a ousadia de colocar em seus artistas calças de tergal como se usava no Brasil dos anos 1970, com destaque para a conotação brega.
A cenografia e a iluminação fazem parte da fábula porque encantam com sua magia, projeções de diversos gêneros e efeitos luminosos, ainda que em muitos momentos assuma a aparência do kitsch – as joias deslumbrantes das atrizes e outros chavões.
No cenário, os atores se confundem em bom efeito com os personagens de filmes no telão em bom efeito cênico.
O deus ex-machina do design cenográfico dinamiza o palco, com soluções mirabolantes, seja projetando o palco para cima da plateia em voos aéreos de dançarinas ornadas com muito brilho, perucas e adornos, seja usando o “fosso”, o andar de baixo do palco, para fazer aparecer e desaparecer personagens e cenários.
A orquestra – de música popular contemporânea e urbana de entretenimento – fica acima do placo e o público experimenta um dinner show em que saboreia o caleidoscópio luminoso e colorido de cada atração e os pratos que deseja comprar.
Aos números de ilusionismo sucedem-se exibições na lira e nos trapézios, evoluções nos tecidos franceses com movimentos e torções e um enrola-desenrola aéreo dos artistas algumas vezes de congelar corações tal o risco da atração.
A cantora se destaca entre os números de circo, dança e performance e outras vezes ela, Leilah Moreno, integra os quadros de variedades participando do enredo.
Com muita troca de figurino, cada um mais exuberante do que o outro, Moreno apresenta uma diversidade de gêneros (muitas vezes o figurino de Leilah serve de tela para paisagens divertidas), interpretando canções de Aerosmith, Édith Piaf, Michael Jackson, Dulce Pontes, Amy Winehouse, Enrique Iglesias, Utada Hikaru, Shakira, Rick Martin, Gloria Estefan, Luiz Lucena e Carmen Miranda, entre outros. A direção musical é de Thiago Gimenes.
Leilah Moreno já recebeu duas indicações ao Grammy Latino (Revelação) e uma indicação ao Emmy (Melhor Seriado de TV).
Os músicos do espetáculo usam instrumentos de percussão como, teclado, violão, guitarra, bandolim, e baixo e sopro.
Em uma cena de balada aparece um bêbado equilibrista e Leilah em primeiro plano a cantar a romântica “What a Wonderful World” vestida de contas e plumas e leques esvoaçantes nas mãos.
O ilusionista é o personagem mais à vontade e executa números com rapidez, como trocas de roupa em frações de segundos ou faz e desfaz nós em corda que diminuem e se multiplicam enquanto Dimy coloca o público em suspenso, admirado, ao mostrar efeitos mirabolantes e histórias curiosas.
Os números mais fortes do artista são aqueles de levitação e de aparecimento e desaparecimento de pessoas de caixas ou gaiolas ou armários – aparelhos circenses reinventados para números de ilusão.
Sophie viaja elo mundo encantado entre equilíbrio em aéreos que deixam a artista de ponta-cabeça no ar ou um globo azul que a transporta para o centro do salão acima do público – uma apoteose.
É a mesma cena interpretada pela atriz australiana Nicole Kidman no filme “Moulin Rouge” (2001), sobre o mesmo tema e época de “Tour du Monde”, em que se equilibra no trapézio voando sobre o público do cabaré.
Em “Tour du Monde” os quadros de variedades se sobrepõem ao enredo. Há atrações como ginástica no mastro chinês, contorcionismo com bailarina e com homem-borracha.
Cada atração é ambientada em um país. Na Rússia, dois dançarinos realizam performances vestidos com as indumentárias tradicionais. Na África, aparecem adornados com pele de caça e dentes de tigre.
A Espanha se destaca com número de ilusionismo em que uma bailarina está num lugar e aparece em outro. A visita à Itália não podia deixar de ser cômica, com mestre-cuca e mágica de multiplicação de tomates. Michael Jackson é a estrela do número norte-americano e, no Brasil, Carmen Miranda surge deslumbrante. Em Portugal não podia falta um fado.
O relógio londrino é ambiente para um número de guarda-chuvas. Há ainda bailarinas que se arriscam em números como giros penduradas pelo pescoço e a apoteose final com “Despacito”, canção que virou febre no mundo. Conforme a Wikipédia, a autoria é dos porto-riquenhos Luis Fonsi, Erika Ender e Daddy Yankee.
Serviço
Burlesque Paris 6 By Night – “Tour du Monde” – rua Augusta, 2.809, Jardins, tel. 11 3086-0009. 2/2, 3/2 e 4/2; sex. e sáb.: 21h. Dom.: 18h. 14 anos. Capacidade: 232 lugares. 150 min. Ingressos. (show + jantar): a partir de R$ 240 (setor premium), a partir de R$ 120 (setor gold). p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. Informações Complementares:
O espaço abre 1 hora antes do horário do show para entrada do público, serviço inicial de bebidas e entrada do jantar. Não será permitada a entrada após início do espetáculo. Bebidas são cobradas à parte.
Ficha técnica
Elenco: Leilah Moreno (cantora), Dimy (ilusionista) Carol (ajudante magico), Thaina Feroldi (contorção), Lana Borges (tango de ponta-cabeça), Maria Celeste Mendozi (Sophie), Renas (pole dance), Julio Nascimento (patins), Ciro Italo (faixa e guarda-chuva), Barbara Francesquine (tango de ponta-cabeça e bambolê), Tarik Henrique (bailarino 1), Alan Melo(bailarino 2)
Músicos: Thiago Saul, Wellington Sancho, Jhonny Mantelato e Paulo Camelo
Produção e direção geral: Sandro Chaim. Diretor associado: Beto Marden. Direção artística: Monica Alla. Direção musical: Thiago Gimenes. Coreografia e assistente de direção: Weidy Barbosa Leite. Figurino: Lu Castro. Caracterização: Dicko Lorenzo. Adereços: Clau Carmo. Luz: Marcelo Sacramento. Realização: Chaim Produções