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Arte em Movimento

Papai Noel salva soldadinho e bailarina

 

 

 

O maestro João Galindo deseja a todos um Feliz Natal!

Bell Bacampos, da Redação

Um Papai Noel que salva o soldadinho de chumbo e a bailarina de morrerem queimados no fogo da lareira, uma cozinheira baiana com turbante na cabeça que vai ao mercado, em busca de peixe, e cumprimenta a todos com “bom dia, meu rei” e uma ratazana que cobra pedágio para permitir a circulação pelo esgoto fizeram parte de “O Soldadinho de Chumbo”, último espetáculo de 2015, da série “Aprendiz de Maestro”, na Sala São Paulo, em 19/12.

E tudo isso ao som de Tchaikovsky, um clássico da música, e que se inspirou no conto de fadas “Soldadinho de Chumbo”, escrito por Hans Christian Andersen, para criar o famoso balé “Quatro Nozes”.

 

 

A versão bem-humorada e criativa de “O Soldadinho de Chumbo”, da série “Aprendiz de Maestro”, é do diretor Paulo Rogério Lopes. Quem conta essa versão para as crianças é o talentoso maestro João Maurício Galindo. Sob seu compasso, as composições de Tchaikovsky, do “Quebra Nozes”, tocadas pela Sinfonietta Tucca, acompanham os passos do balé da escola de dança Gisele Bellot. Mais: João Maurício contracena com os personagens e, de quebra, subverte o final da história de Andersen.  

 

O maestro João Rogério Galindo que conta a história de “O Soldadinho de Chumbo”/ Foto Asa Campos

 

O maestro conta para as crianças, na Sala São Paulo, que, numa noite de Natal, um menino (interpretado pelo ator Rubens Caribé), ganhou um presente típico de menino – uma caixa com soldadinhos de chumbo – e uma menina (papel da bailarina Thaís Diniz), um presente típico de menina, uma bailarina dentro de uma caixinha de música.

 

A menina ganha uma bailarina; o menino, coleção de soldadinhos / Fotos Asa Campos

 

Os dois não queriam brincar juntos porque os adultos diziam que um tipo de brincadeira era de menino e outro, de menina. Por causa dessa divisão – eles ficaram puxando os brinquedos – e o soldadinho (interpretado por Daniel Warren) acabou por ter sua perna quebrada.

Perto dele, estava a bailarina, que se equilibrava em uma perna, com os braços levantados – pose clássica de balé. O “soldadinho de uma perna acredita que a bailarina também tinha só uma perna e fica perdido de amor por ela”, afirma o maestro.

 

O soldadinho de chumbo (Daniel Warren) apaixona-se pela bailarina (Thaís Dinis) / Foto Asa Campos

 

À noite, quando todos dormem, acrescenta, os brinquedos ganham vida. E, de repente, um deles, um vilão, um gênio do mal, aparece em uma caixa: o “Jekyll in the Box”. Risos. E o malvado acaba por empurrar o soldadinho da janela, que cai lá do alto e fica deitado na calçada numa noite fria e chuvosa.

 

O vilão (Rubens Caribé), o “Jekyll in the Box” / “Jekyll in the Box” e o soldadinho / Fotos Asa Campos

 

Duas crianças que passavam pelo local o encontram jogado no chão e o colocam dentro de um barco de papel – que é levado para longe por uma enxurrada. Enquanto isso, em cena, o ator Daniel Warren, que interpreta o soldadinho, desce do palco e passeia pela plateia. As crianças gritam e batem pé: “ei, é o soldadinho”.

 

O soldadinho navega no barco de papel / Foto Asa Campos

 

Navegar próximo à plateia / Foto Asa Campos

 

O barco de papel com o soldadinho, levado pela enxurrada, cai no esgoto. Lá, ele dá de cara com um bicho grande e peludo (papel de Rubens Caribé), que diz: “Alto lá, quem vem aí? Eu sou a Ratazana e quem manda nesse esgoto sou eu. Para passar por aqui tem que pagar pedágio”. Na sequência, morde o soldadinho para ver do que ele é feito e constata decepcionada que é de chumbo: “cada um que me aparece por aqui”.

 

O soldadinho e a Ratazana, dona do esgoto / Foto Asa Campos

 

A Ratazana morde o soldadinho para ver do que ele é feito / Foto Asa Campos

 

O soldadinho diz que não tem dinheiro e, no meio da confusão do ‘paga’, ‘não paga’, é arrastado por uma correnteza, cai no fundo do rio e é engolido por um peixão.

 

O soldadinho dentro da barriga do peixão / Foto Asa Campos

 

Esse peixão é fisgado por um pescador e vendido no mercado – local a que vai a cozinheira baiana com turbante na cabeça, à “La Carmem Miranda” (papel de Rubens Caribé) e que cumprimenta a todos com “bom dia, meu rei”. Ela compra o peixe para fazer uma moqueca – que é do gosto do menino e da menina que ganharam como presentes de Natal um soldadinho e uma bailarina. “Muita coincidência, não é mesmo?”, afirma o maestro. 

 

Cozinheira baiana (Rubens Caribé) compra o peixão no mercado / Foto Asa Campos

 

Soldadinho é retirado da barriga do peixão pela cozinheira / Foto Asa Campos

 

E quando a cozinheira abre o peixão, encontra o soldadinho de chumbo. A bailarina, ao saber que ele estava na cozinha, são e salvo, resolve fazer uma festa para comemorar sua volta à casa.  Por causa do forte cheiro de peixe do soldadinho de chumbo, a bailarina passa perfume nele e os dois trocam juras de amor.    

De repente, conta o maestro, como quer o conto original de Andersen, um acidente: o soldadinho cai na lareira acesa e a bailarina de papel também. O fogo consome a bailarina, num piscar de olhos, e resta dela apenas seu coração de pedra azul. E o soldadinho de chumbo se derrete por inteiro e se prende ao coração da bailarina.

 

Soldadinho e bailarina dentro da lareira com o fogo / Foto Asa Campos

 

O menino (papel de Rubens Caribé) fala para o maestro que não gostou do final da história:  “é muito triste”. E o maestro concorda: “vamos mudar”. E nesse ponto acontece o inenarrável, o extraordinário, que é demais: “quem entra pela chaminé da lareira e cai dentro dela, apaga o fogo e salva a bailarina e o soldadinho”? pergunta o maestro. A criançada responde: “Papai Noel”. E Noel rouba a cena.   

 

Papai Noel aparece para salvar o soldadinho e a bailarina / Foto Asa Campos

 

Diante da algazarra das crianças, o maestro João Maurício pergunta candidamente: “quem foi que disse que não se pode inventar um final feliz?” E, ao lado do Papai Noel, aproveita para desejar que cada um invente um final feliz para sua história e para todos um Feliz Natal!

 

Maestro afirma que é possível inventar um final feliz para a história / Foto Asa Campos

 

 

Ficha técnica: “O Soldadinho de Chumbo”

 

Realização Associação Tucca, Governo do Estado de São Paulo e Secretaria da Cultura  

Texto e direção artística: Paulo Rogério Lopes

Com maestro João Maurício Galindo, Daniel Warren, Rubens Caribé e Sinfonietta Tucca Fortíssima

Participação especial: Escola de Dança Gisele Bellot

Direção musical e regência: João Maurício Galindo

Direção Geral de Produção: Ângela Dória

Produção executiva: Bruna Veratti

Assistente de direção e figurinos: Suzana Rebelov

 

Claudia e Sidnei Epelman, idealizadores da Tucca / Foto Asa Campos

 

 

Turma do bem

Os espetáculos do “Aprendiz de Maestro”, da Tucca, não dispõem de recursos técnicos especiais mas contam com a criatividade de uma dupla afinada imbátivel: Paulo Rogério e João Maurício.

É a única série que mostra os clássicos da música com orquestra, teatro, circo e balé, aos sábados, às 11 horas, na Sala São Paulo. É o Aprendiz colocando a música a favor da cura de crianças e adolescentes com câncer.

Fundada em 1998, a Tucca é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que oferece tratamento integral, sem custos. Já assistiu mais de 2.500 crianças e adolescentes atingindo taxas de cura próximas a 80%, igualadas somente as da Europa e Estados Unidos. Desde sua fundação é presidida pelo oncologista pediatra Sinei Epelman e por sua esposa, a psicanalista Claudia Epelman. Para mais informações acesse WWW.tucca.org.br

Panis & Circus apoia a Tucca.  

 

 

Veja os espetáculos infantis para a temporada 2016

O Forrobodó da Chiquinha – março (Chiquinha Gonzaga)

Espetáculo com Balé – maio

O Fabuloso Sr. Noé – junho – (Camille Saint-Saëns – compositor que entende a língua dos bichos)

O Chapéu do Nino Rota – agosto (compositor de músicas de filmes como os de Federico Fellini)

O Mundo de Ludovico – setembro (Beethoven)

A Volta ao Mundo em 80 Compassos – outubro

O Pequeno Mozart – novembro

Joãozinho e Maria à procura de Papai Noel – dezembro 

 

 

Postagem – Alyne Albuquerque

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