Arte em Movimento
“TrixMix”: o cabaré que mistura bem as artes
Parada de mão, stripchic, mímica, números na barra fixa e na corda indiana, manipulação de bonecos e balé fazem parte do do “TrixMix”, cabaré de variedades que está em cartaz, às quintas-feiras alternadas, no Estúdio Emme, na capital paulista.
Raquel Rosmaninho e Emiliano Pedro, diretores artísticos e idealizadores do projeto, definem o “TrixMix” como um cabaré que mistura linguagens artísticas: de circo, dança, humor, teatro, ilusionismo e bonecos.
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Há cinco anos acontecia o primeiro “TrixMix Cabaret” em São Paulo. O espetáculo utiliza o conceito do autêntico cabaré europeu dos anos 40, mas privilegia a cultura e os talentos brasileiros. “São de sete a oito números por noite, com um mestre de cerimônia que costura as apresentações. A cada edição o ‘TrixMix’ traz convidados novos”, afirma Emiliano Pedro.
A ideia surgiu após estadia de cinco anos da dupla idealizadora em Londres. “Lá, eu e o Emiliano estávamos envolvidos com a cena do cabaré e, quando voltamos para São Paulo, resolvemos montar nosso próprio cabaré”, diz Raquel Rosmaninho.
Deu certo.
Leia a seguir as entrevistas de Raquel e Emiliano para o Panis & Circus.
Panis & Circus: Como você define o “TrixMix”?
Emiliano Pedro – O “TrixMix” é um show de variedades: apresenta números que misturam várias linguagens artísticas. São provenientes da dança, dos espetáculos de humor, do circo, da comédia física, do burlesco, do teatro de bonecos, da mímica e de outras artes inusitadas. Às vezes tem um artista viajando pelo mundo que passa por São Paulo. É um artista e quer se apresentar. A gente tem espaço para esse artista. O conceito é fazer um cabaré de variedades aqui em São Paulo. Até então um evento como o “TrixMix” não existia.
Circus – Qual é a diferença desse tipo de espetáculo no Brasil, comparado com o do exterior?
Raquel – A grande diferença é que aqui o público ainda não está familizarizado com o cabaré de variedades. Trata-se da formação de um público. Quando você vai para Londres, Paris e Berlim, verifica que há de seis a sete cabarés permanentes, de segunda a segunda, sempre lotados. No Brasil, infelizmente, principalmente na cidade de São Paulo, que é um polo de atração enorme de cultura, ainda é um show novo.
Faz cinco anos que estamos nessa estrada, com o gênero “variété”. As pessoas vêm assistir ao “Cabaret” com um pouco de receio. Mas, superada a barreira, elas gostam, e muito.
Emiliano Pedro – O “TrixMix Cabaret” não atinge tanto o público como lá fora porque as pessoas ainda não conhecem muito o conceito. Quem vem gosta, tanto é que o projeto está vivo e crescendo.
Circus – Qual é o formato do “TrixMix”?
Emiliano – O “TrixMix” tem características brasileiras já que a gente trabalha principalmente com artistas locais. Está em sintonia com a realidade paulistana urbana, porque aceitamos outros tipos de arte, como grafite e ioiô, que são bem inusitadas.
O “TrixMix Cabaret” já foi ao festival de circo de Belo Horizonte. Apresentamos o espetáculo em cidades como Mogi Guaçu e São João da Boa Vista (interior de São Paulo). Participamos também da Virada Cultural Paulista, no interior e litoral de São Paulo, e esperamos viajar ainda mais.
Circus – O “TrixMix Cabaret” é um espaço que atrai os artistas locais e estrangeiros. Por quê?
Raquel – Para os artistas é um espaço interessante. No geral, o artista tem números curtos e, se ele não tem o “Cabaret” para se apresentar, fica sem condições de mostrar seu trabalho. Ou o artista vai se apresentar em um bar ou em um show. Caso contrário, precisa ter um espetáculo de 40 a 50 minutos e vendê-lo para alguma empresa, instituição ou festival. O “Cabaret” abre muitas portas porque dá ao artista a chance de apresentar sua arte.
Circus – Como são feitas as escolhas das casas de espetáculos para o “Cabaret Variété” se apresentar?
Raquel – A gente busca espaços pouco convencionais, que não sejam teatros. O espetáculo tem um formato para fazer com que as pessoas fiquem mais relaxadas, que possam beber e comer durante o show, em um clima descontraído. O teatro limita mais. A ambientação somos nós que produzimos para criar uma atmosfera intimista.
Circus – Por que o nome “TrixMix Cabaret”?
Raquel – Quando morávamos em Londres, pensávamos em um nome. Veio “trix”, de “truque”, e “mix”, de “mistura”. Uma mistura de truques porque nós, eu e o Emiliano, tínhamos três números para vender e, quando pensamos num nome, queríamos algo que fosse sonoro e universal, que pudesse ser falado em qualquer língua. Surgiu “TrixMix”, nome que cola, é fácil de guardar; começamos a usá-lo, e pegou.
À meia-luz, Cheesecake se despe na banheira
Quinta-feira, 19 de abril. Quem entra no local se depara com uma atmosfera típica de cabaré, com mesas enfeitadas com uma rosa e uma vela. Ao fundo e na lateral, dois bares à meia-luz e um cardápio que vai de mix de castanhas até saladas e torradas. A escolha do Panis & Circus foi a “Torrada TrixMix”, com cobertura de queijo camembert, calda de framboesa e lascas de castanhas torradas.
A primeira apresentação é das “MixGirls”, três dançarinas, em três cadeiras. Elas misturam poses sensuais com passos quase acrobáticos.
Depois delas, entra em cena o peruano Percy Cordova, que mostra um número de parada de mão, resultado de técnica apurada, circense, com grande dose de humor. Ele surpreende ao tirar peças de roupas equilibrado em uma mão.
A ilusionista Diny faz um número surpreendente, com trocas de roupas em segundos.
A quarta apresentação é de Virgílio Zago, manipulador de bonecos. Os personagens dão um show de música e dança, comandados por fios e perícia.
Os irmãos Sabatini são do circo. Sua apresentação é feita na barra fixa e há momentos em que rodam tanto que parecem hélices humanas.
Hora de rir com Stefany di Bourbon, que imita a cantora Whitney Houston e abusa, no bom sentido, da sua performance de caras e bocas.
Cheesecake, que já se apresenta há três anos no “TrixMix”, é a penúltima atração da noite. Ela faz um striptease quase completo, encena gestos sensuais no seu despir de roupa e toma banho de champanhe na banheira.
No final, há um número aéreo de corda marinha, extremamente plástico, apresentado pelas artistas circenses Bel Mucci e Natalia Presser.
Artistas comentam o “TrixMix”
A seguir, Cheesecake, Natalia Presser e Mark Bromilow, entre outros artistas, contam como é trabalhar no “TrixMix Cabaret”.
Cheesecake – “Hoje eu espero muita diversão, como sempre, das duas partes, tanto dos artistas como da plateia. Adoro trabalhar para o ‘TrixMix’. Sou suspeita para falar. Vou com o espetáculo até a China se precisar.”
Natalia Presser – “Trabalhar no ‘TrixMix’ é muito bom. Em São Paulo, que tem tantos espetáculos, não há um cabaré contemporâneo como o ‘TrixMix’.”
Natalia apresenta com Bel Mucci o número “O Pássaro”. Ela foi entrevistada pelo Panis & Circus na primeira edição do site, quando estava no “Varekai”, espetáculo do Cirque du Soleil (que deixou no começo de abril). Ela se apresentou “TrixMix” em 19/04.
Mark Bromilow – diretor teatral da Austrália. Ele disse que vê com entusiasmo a ideia do cabaré de variedades do “TrixMix”. Bromilow foi diretor artístico do espetáculo “Varekai”. Conheceu Natalia Presser no Cirque du Soleil e hoje eles são casados. Ele está no Brasil há um ano e meio e vai dirigir um espetáculo que narra a trajetória de uma artista circense. A peça tem participações de Bel Mucci e Natalia Presser.
Virgílio Zago – “Sou arquiteto, mas estou nessa área artística há muitos anos e é muito bacana. Trabalho com cinema, televisão, festivais, aqui e fora do país. Vou apresentar dois números hoje (19/04), explorando técnicas de manipulação de bonecos e marionete, que é uma boneca com fios, que dança. Comecei uma oficina, em 1994, de manipulação de bonecos, e depois fui aprender a manipular com fios em outra oficina que fiz.
Já trabalhei com o ‘TrixMix’ em alguns eventos, fora de São Paulo também, em cidades praianas. Emiliano e Raquel, que fazem o ‘TrixMix’ acontecer, são pessoas que nos deixam absolutamente à vontade. São lutadores. Sou espectador também e acompanho o trabalho deles. Eles colocam a mão na massa e se dedicam ao que fazem. Dão oportunidades para artistas quem vêm de fora também e que são talentosos. O retorno é imediato.”
Letícia Leão – Bailarina de profissão, diz que gosta muito de trabalhar no “TrixMix”. Ela, Paula Miessa e Livia Delgado apresentam um número burlesco de três bailarinas, intitulado “MixGirls Express”, que é divertido e brinca com a sensualidade.
Percy Cordova – Esse artista peruano diz que já conhecia o “TrixMix” de “ouvir falar”. “Fui convidado para fazer o número de parada de mão no cabaré de variedades de 19/04 por indicação da aramista Maíra Campos, que trabalhou comigo no Circo La Tarumba, em Lima (Peru), em 2010. A ideia do ‘TrixMix’ é diferente. Gostei muito do convite.”
Evento permanente
O “TrixMix Cabaret” ocorreu na quinta-feira, em 19/04, às 21h30, no Estúdio Emme (av. Pedroso de Morais, 1.360, Pinheiros, zona oeste de São Paulo). O grupo vai permanecer no Estúdio Emme em quintas-feiras alternadas. Confira.
Ficha técnica
Mestre de cerimônias – Gloriete Luz.
Elenco de 19/04 – Percy Cordova (parada de mão); Diny (ilusionismo); Cheesecake (stripchic); Leticia Leão, Paula Miessa e Livia Delgado (“MixGirls Express”); Vírgilio Zago (cia. de Títeres); Bel Mucci e Natalia Presser (número aéreo “O Pássaro”); Irmãos Sabatino (barra fixa); Stefany di Bourbon (performance).
Direção artística – Emiliano Pedro e Raquel Rosmaninho.
Montagem, operação de luz e contrarregragem – Wagner Lopes, Lula Ianchity e Rafael Presto.
Apoio institucional – Proac (governo de São Paulo).
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Anote
Cachimônia, espetáculo de circo contemporâneo, inovador e irônico, vai estar nesse sábado, 27/9, no Teatro Flávio Império, às 16h, av. Professor Alves Pedroso, 600, Cangaiba.
Entre aqui na Agenda.
sensacional o TrixMix, sou fã.
Fotos excelentes. Parabéns
Cabaré mais bonito da cidade
Fotos MARAVILHOSAS! Eu amei!
Adorei o nome, sim! PEGA MESMO!
LINDAS FOTOS!!!
Espetáculo especialíssimo!!!!
O espetáculo de ontem foi incrível
Adorei a matéria
as fotos estão geniais, parabens ao fotógrafo e à equipe pela matéria
esse trixmix é fantastico, sempre que posso vou.