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E com Vocês...

Verônica Tamaoki pesquisa a história do circo

A jornalista contou de que modo escreveu o livro “Circo Nerino” em parceria com Roger Avanzi, o palhaço Picolino. Foi o primeiro passo para  a criação do Centro de Memória do Circo, que ela dirige hoje.

Verônica Tamaoki disse que tudo começou quando ela foi aprender as artes do picadeiro. “Eu fazia jornalismo e surgiu a primeira escola de circo no Brasil: a Academia Piolin de Artes Circenses, que funcionava embaixo das arquibancadas do estádio Pacaembu. Entrei em contato com o mundo do circo aos 20 anos, em 1979. Caí meio de paraquedas na Academia.”


Academia Piolin no Pacaembu (SP)

 

Tamaoki afirmou que a Piolin era uma escola pobre, com poucos recursos, mas tinha um grupo de professores que eram os maiores artistas de circo de sua época.


“Nós, os alunos da Piolin, tivemos o privilégio de conhecer a história do circo brasileiro por meio das histórias contadas pelos nossos professores sobre a sua vida e a de seus antepassados no circo. Os professores ilustravam o que contavam com o álbum de fotografia de suas famílias”, disse Verônica.

O livro Circo Nerino relata que “Jorge Amado, no romance ‘Jubiabá’, sabiamente, mostra o velho circense Giusepe acariciando seu álbum com a mesma delicadeza com que Balduíno acaricia as coxas das mulatas. O amor de um circense pelo seu álbum de fotografias é um amor quase carnal”.


Roger Avanzi torna-se professor da Academia Piolin

Roger Avanzi em papel de galã na peça “Honrarás Tua Mãe”

 

Tamaoki disse que, em 1979, Roger Avanzi era seu professor de ciclismo na Academia Piolin. Isso mesmo: Roger Avanzi, o galã do Circo Nerino, o moço que se equilibrava sobre as ancas dos cavalos e que se tornou o palhaço Picolino II.

Em sua opinião, Avanzi sempre teve talento para contar histórias. Entre malabarismos, acrobacias, passes de mágica e equilibrismo, ele falou a Verônica do Circo Nerino.

Em 1995, Tamaoki e Avanzi tomaram a decisão de escrever o livro sobre o Nerino, que foi editado em 2004, pela Pindorama Circus.

A artista circense e jornalista criou antes uma escola de circo na Bahia. “Em 1985, em Salvador, dei o nome de ‘Picolino’ à escola de circo que fundei com Anselmo Serrat, em homenagem ao seu Roger. Isso fez com que nossos laços se estreitassem. Sempre que eu vinha a São Paulo, ou o seu Roger ia lá em Salvador, a gente se comunicava.”

 

Casal Bardi, do Masp, investe no livro do circo

Pietro e Lina Bo Bardi

 

Dois anos depois da decisão de escrever o livro sobre o Circo Nerino, em 1997, Verônica Tamaoki conseguiu apoio do Instituto Pietro Maria (P.M.) e Lina Bo Bardi, que promovia a cultura e a arte brasileira aqui e no exterior, e teve a colaboração do público para registrar a história do Circo Nerino.

“O instituto foi nosso primeiro investidor, e, com o apoio dele e do FNC (Fundo Nacional de Cultura), consegui a verba para viajar pelo Brasil todo, consultando acervos públicos e privados, entrevistando historiadores, artistas, jornalistas e aquele sem o qual o circo não existiria: o público.”

“Se você for ver, o livro tem um narrador-guia, que é seu Roger, e há vários outros narradores: o público do circo. A cada lugar que a gente chegava eu queria ouvir a voz do público. Eu ia para as mídias, jornais e rádios, por exemplo, e convocava as pessoas que já tinham visto o Circo Nerino a dar seus depoimentos. O público respondeu a meu chamado e isso foi muito importante para a feitura do livro. Foi o que me deu gás. A hora em que a coisa ficou difícil foi o que me deu força para continuar.”

Verônica disse que vivenciou histórias emocionantes e a principal delas é a história do próprio livro. “Eu e o seu Roger buscando viabilizar o livro do Circo Nerino. O nascimento do livro, o apoio do Instituto P.M. e Lina Bo Bardi para viajar e refazer a trilha do Circo Nerino.”

Capa do livro “Circo Nerino”

 

 

Terezinha Avanzi

 

As meninas do circo: espíritos da luz

Durante as viagens, Verônica recebia cartas e encontrava muitas pessoas que lhe relatavam o que conheciam do picadeiro.

“Quando eu e o senhor Roger chegamos a João Pessoa, na Paraíba, encontramos com Ednaldo do Egypto, ator e diretor teatral. Ele era fã do Circo Nerino e nos levou para visitar o cemitério onde tem um túmulo das meninas do circo que morreram em João Pessoa, em 1941.”

O depoimento sobre o acidente da menina Therezinha é contado pela atriz Criselide de Barros, em 1997, e está no livro “Circo Nerino”, às páginas 141 e 142.

O acidente começou quando Ivone, a mãe das meninas Vitória e Therezinha, preparava o banho para a Terezinha, a mais velha.

“Ao preparar o banho despejou água fervente numa bacia e foi para a cozinha buscar água fria. O berço de Vitória estava em frente. Therezinha tentou escalar o móvel para brincar com a irmã, mas uma ripa se soltou e ela caiu de costas dentro da bacia de água fervente. Therezinha devia estar com uns quatro anos… Depois de medicada, ela voltou para a casa. Foi colocada numa caminha forrada de folhas de bananeira, num quarto com porta para a rua, que ficava aberta para o ar circular. E sempre havia pessoas para abanar a bichinha. À noite, o pessoal, mesmo chorando, teve que fazer o espetáculo.”

“Therezinha piorou e teve de ser internada no São Vicente de Paula… Em maio, ela morreu. Morreu no hospital, mas foi velada na casa deles. Foi um enterro belíssimo, vieram muitas crianças, tinha muitas flores. Mas foi muito doloroso, a mãe ficou louca, louca. Pouco tempo depois, a família Nerino retornou a João Pessoa para enterrar mais uma criança: Vitória, a irmãzinha de Therezinha. Desde então, as pessoas pedem graças para as duas irmãs, as meninas do circo, e são atendidas, porque elas são anjinhos, espíritos da luz.”

A pesquisadora prossegue: “Em 1997, a gente descobre, seu Roger também não sabia disso, que aquele túmulo das meninas do Circo Nerino era muito visitado em Finados. Virou um ponto de peregrinação. O povo deixa flores no túmulo, elas viraram uma espécie de lenda. Tem muita gente que faz pedidos e acredita que as meninas fazem milagres. O acidente aconteceu em 1941 e estavámos em 1997, ou seja, cinquenta e seis anos depois, a memória delas ainda era reverenciada”.

 

Pivô da revolução de 30 é enterrada com meninas do circo

Anayde Beiriz

 

Anayde Beiriz foi um dos pivôs da revolução de 30. O filme “Parahyba, Mulher Macho Sim Senhor” (1983), protagonizado por Tânia Alves e dirigido por Tizuka Yamasaki, com Cláudio Marzo, Walmor Chagas e Grande Otelo, retrata o caso.

Anayde Beiriz era professora e poeta. Escandalizava a sociedade com seu vanguardismo: usava pintura, cabelos curtos, saía à rua sozinha, escrevia para jornais e redigia versos que causavam impacto.

Em 1928, com 23 anos, Anayde iniciou um romance com o deputado João Dantas, que era aliado do Partido Republicano e combatia a Aliança Liberal, representada por João Pessoa.

A ligação amorosa entre João Dantas e Anayde Beiriz não era aceita pela sociedade porque eles não eram casados. Prato feito para os inimigos políticos de João Dantas.

Suspeita-se que, sob as ordens de João Pessoa, a polícia invadiu a casa de Dantas, apropriou-se da correspondência erótica do casal e a publicou nos jornais da cidade. João Dantas, furioso com a publicação, matou com três tiros João Pessoa e logo em seguida foi preso. 

A morte de João Pessoa teria sido o estopim de uma convulsão nacional que mudou o rumo das decisões políticas do Brasil. Esse seria um dos motivos que deu origem à Revolução de 30.

João Pessoa era famoso, à época, por ter concorrido à presidência como vice de Getúlio Vargas. A partir daí, Anayde passou a ser perseguida e a ser chamada de prostituta.

João Dantas morreu na prisão, oficialmente, um caso de suicídio, versão até hoje contestada por historiadores. Anayde, perseguida, foi obrigada a sair da capital paraibana, abrigou-se no Recife, onde acabou se matando. Sua imagem só se tornou emblemática quando foi eleita como uma das personagens míticas do Brasil pelo movimento feminista.

Isso é história do Brasil, disse Tamaoki. “Desfilam com o corpo de João Pessoa pelo Brasil inteiro e é aí que Getúlio Vargas vem e assume a presidência do país, em 1932.”

Anayde Beiriz se mata e, como se sabe, não tem direito a ser enterrada em cemitério da religião católica. Em 1987, Edinaldo do Egypto escreve sobre Anayde Beiriz e o túmulo das meninas do Circo Nerino no livro, à página 143.

João Pessoa, Anayde e João Dantas

 

Ele conta que aconteceu um fato inusitado em 1987. “Alguém do movimento feminista, em boa oportunidade, aproveitando-se do túmulo sem dono, e, inteligentemente, usando o adágio — onde comem quatro, comem cinco — arranjou um descanso para Anayde Beiriz junto aos mortos do Circo Nerino, colocando numa lápide ornamentada com flores a seguinte inscrição: ‘Professora Anayde Beiriz pagou com a vida o tributo de um movimento a que não deu causa e do qual nem teve culpa. Um dia os poderes públicos poderão prestar-lhe uma homenagem justa, preparada às outras heroínas.’ Está lá escrito.”

 

Circo Nerino era a rede Globo do NE na década de 40

Montagem do Circo Nerino

 

Verônica Tamaoki disse que tinha consciência da importância do relato de Roger Avanzi e da trajetória do Circo Nerino. “Quando eu saí a campo, o público todo falou: ‘Olha, quando sair esse livro eu quero comprar’. ‘Veja a força do Circo Nerino’ ,  e eu verifiquei mesmo a força da história.”

Tamaoki contou que se dedicou ao projeto do livro durante anos. “Quando eu me propus a fazer o livro, ele estava acima das minhas possibilidades intelectuais, artísticas, econômicas e acima das possibilidades do próprio país. Quando a gente começou a fazer esse livro a gente não conseguia patrocínio. Foi preciso esperar a política cultural do país amadurecer”.

 

Centro de Memória do Circo existe graças ao livro

Centro de Memóra do Circo, no centro de São Paulo

 

O Centro de Memória do Circo, na Galeria Olido, existe graças ao livro “Circo Nerino”, de acordo com Tamaoki.

Galeria Olido, na capital paulista

 

“Consegui reunir um acervo. Parte dele é de seu Roger. Quando estava quase pronto, o Garcia veio e trouxe o seu acervo. Ele disse: ‘Faça um livro como esse, faça um livro do Garcia’. Até hoje não consegui fazer o livro porque estou envolvida no projeto do Centro de Memória. É um local de encontro dos circenses e de suas memórias.”

“O centro é importante para o circo e a formação cultural do povo brasileiro, falei bonito hein?…” Para Verônica, “preservar a história do circo é preservar a história do país, a história da nossa arte. O circo abrange a cultura popular, a erudita e a de massas”.

Para acontecer o Centro de Memória do Circo, Verônica disse que a organização da classe circense disponibilizou sua história. Roger Avanzi organizou o acervo do Circo Nerino e deu acesso ao material histórico. O levantamento do acervo do Circo Garcia foi realizado por dona Carola Garcia.

Segundo Verônica, foi também fundamental o apoio do poder público, obtido na atual gestão do secretário de cultura municipal Carlos Augusto Kalil. “Ele tem respeito pelas artes circenses. Está criando uma política cultural para o circo e sabe da importância dele na cidade de São Paulo.”

O terceiro ponto de acerto foi o Centro de Memória do Circo ter um local como o do Largo do Paissandu, que tem tradição de presença circense. “Esses três elementos determinaram a criação do Centro de Memória do Circo.”

 

Centro de Memória do Circo, em São Paulo

 

A especialista afirma que falta uma escola profissionalizante de circo em São Paulo.

“O Centro de Memória tem sido procurado pela universidade nas áreas de educação física, jornalismo, artes do corpo, visagismo. Tem o interesse demonstrado por graduados, pelos cursos de pós-graduação, doutorado, pós-doutorado. A pesquisa universitária está se debruçando sobre as atividades circenses.”

“Eu me orgulho de contribuir com o grupo Aries, eles montaram os espetáculos ‘Piolin’ e ‘Benjamin de Oliveira’ (compositor, ator e palhaço de circo). O Centro não está voltado apenas para o passado. Serve para inspirar o presente e para jogar para o futuro. No mundo globalizado de hoje é muito importante falar de sua aldeia. Nós temos uma história muito rica, peculiar, particular e que o mundo ainda não conhece. Você não fica como filho de proveta, que não sabe de onde veio, não sabe suas raízes. Temos uma história forte.”

O Centro de Memória do Circo mostra os artistas que fizeram história, segundo Tamaoki.

“É só olhar, por exemplo, aquele cinturão. É um cinturão que pertencia à mulher de cintura mais fina do mundo: Joanita Pereira. Com esse cinturão, de ouro e prata, ela ganhou, em 1868, um concurso de acrobacias de trapézio em Londres. Ela era casada com Albano Pereira, que foi quem montou o pavilhão mais luxuoso do século 19, em Porto Alegre, e que marcou a história do circo brasileiro. Joanita Pereira era mãe do Fuzarca, que fez o primeiro programa de televisão junto com o Torresmo, os dois malucos na TV.”

“É difícil falar dos artistas que marcaram o circo porque a história do circo no Brasil ainda está sendo levantada. Assim, não dá para apontar todos os heróis que tivemos. Os anônimos certamente são muito importantes.”

 

Largo do Paissandu em 1929

 

“Vamos Comer Piolin”

Piolin ficou na década de 20 no Paissandu. Ali os modernistas descobrem o palhaço Piolin e em 1929, sob a liderança do escritor, ensaísta e dramaturgo Oswald de Andrade, “eles fazem o almoço, que a Maíra lembrou bem, o Festim Antropofágico, no restaurante mais chique de São Paulo, que era o Mappin Store, na praça do Patriarca”, afirma Verônica Tamaoki.

Considerando que os antropófagos comiam o inimigo para adquirir suas qualidades, o ato simbólico de “comer Piolim” constituiu-se numa consagração ao palhaço.

Piolin e Oswald de Andrade, 1940

Verônica Tamaoki contou que Piolin foi reconhecido em São Paulo, em 1972, mas disse que é preciso, antes de relatar a consagração, rememorar momentos infelizes da história recente, como o episódio do despejo do palhaço, em 1961.

“Durante mais de 30 anos Piolin teve o seu circo armado no Paissandu e depois nos bairros do Brás, Marechal Deodoro e por fim na avenida General Osório da Silveira, onde permaneceu por 18 anos até ser despejado, no final de 1961, pelo IAPC, antigo INPS. O motivo alegado na época foi a construção de um hospital no local, mas nada foi erguido ali até o início da década de 80.”

“O despejo de Piolin tornou-se símbolo do descaso dos poderes públicos com o circo. Em 1961, Piolin foi despejado dali, às vésperas do Natal. A partir disso, aparecem imagens suas como palhaço triste.”

“Em 1972, em comemoração aos 50 anos da Semana de Arte Moderna, Lina Bo Bardi, arquiteta do Masp, casada com Pietro, fundador do Masp, assumem um artista da cidade de São Paulo: o Piolin. O circo é instalado embaixo do Masp.”

Circo Piolin, montado no Masp

 

“Pietro fala: ‘Fiz questão de colocar Piolin aqui’, apesar de a vizinhança da Paulista não querer o circo ali. A instalação do circo Piolin, em 1972, no melhor ponto da cidade, na avenida Paulista, se deve ao casal Pietro e Lina Bardi.

O Palhaço- Di Cavalcanti 1920

 

Em 1929, Piolin é homenageado pelos artistas mais importantes do país. Em 1961, seu circo é despejado. Em 1972, volta a ser homenageado.Verônica Tamaoki contou que a USP reuniu o material de dramaturgia do circo-teatro da primeira metade do século 20.

“Estou trabalhando sobre o circo-teatro em um projeto com o professor Miroel Silveira, que é ligado à Escola de Comunicação e Arte da USP. Miroel Silveira é um estudioso, um homem de teatro. Foi ele quem descobriu Cacilda Becker. As peças que se apresentavam, em São Paulo, de 1928 a 1960 e poucos, tinham que apresentar uma cópia para a censura. Quando a censura ficou muito forte, ficou um grande material guardado. Em 1980, ao acabar a censura, eles iam jogar tudo fora e o Miroel não deixou. Salvou essa documentação.”

São 6.000 e poucas peças e 1.080 são de circo-teatro, com 600 delas do Piolin. 

“Quando colocam o circo dele na Paulista, em 1972, Piolin se anima de novo, mas já está mais velho e morre um ano depois. Ele está enterrado na Quarta Parada.”

As fotos do dia da morte dele, 4 de setembro de 1973, são impressionantes. Crianças e todo mundo olhando. “O povo não esqueceu dele, de sua importância. Estavam todos ali no seu funeral.”

“Foi muito difícil para ele ter sido expulso do Paissandu. O palhaço Piolin que Di Cavalcanti pinta é um Piolin sacana, não é um Piolin triste, a figura triste vem mais tarde, quando ele é despejado.”

“Hugo Possolo tem um manifesto lindo. Piolin diz: ‘Devolva o meu Paissandu, devolva minha General Osório, oh, São Paulo, me devolva isso’.”

“Piolin foi o cara que mais batalhou pela escola de circo. Ele fala que muitos velhos poderiam passar sua arte para os mais novos.”

 

Pingue-pongue com Verônica Tamaoki

Panis & Circus – Prato de culinária predileto?

Verônica Tamaoki– São as comidas de circo: pirulitos, maçã do amor, pipoca e algodão-doce.

Circus – Qual espetáculo de circo você recomenda como um bom programa?

Verônica – O do Circo Zanni, em São Paulo.

Circus – Qual é o livro que não deve faltar para um artista circense?

Verônica – O “Circo Nerino” (risos).

Circus – Qual o filme que deve ser visto por um artista de circo?

Verônica – “Santa Sangre”, dirigido por Alejandro Jodorowsky.

Circus – Qual o melhor momento que você vivenciou com a atividade circense? E o pior?

Verônica – Os melhores foram o lançamento do livro “Circo Nerino” e a abertura do Centro de Memória do Circo. O pior foi quando senti o preconceito grande, refletido em campanha contra animais no circo.

Circus – Qual é o artista que você admira?

Verônica – Bruno Edson. Ele é equilibrista, malabarista e se apresenta em um número com pratos bailarinos e como o homem foca.

Circus – Qual foi o melhor espetáculo em 2011?

Verônica – Eu vi moças aéreas da “Cia Luana Serrat”, de que gostei muito. E o espetáculo de teatro “Macumba Antropofágica” .

Circus – Como o paulista vê o circo?

Verônica – O paulista gosta. São Paulo já foi a capital do circo. Eu acho que gosta mesmo, ainda que tenha poucas lonas na cidade.

Circus – O que você faz nas horas de lazer?

Verônica – Estou sem horas de lazer (risos).

Circus – Qual é sua opinião sobre o circo hoje?

Verônica – O circo vai bem. Está forte. Eu boto muita fé nessa nova geração, nos novos artistas que estão misturando tudo e deixando cada vez mais o que a gente chama de circo tradicional como circo moderno.

Circus – E o circo ontem?

Verônica – O maior espetáculo das terras do Brasil.

Circus– O que acha do Cirque du Soleil?

Verônica – São vários espetáculos. Alguns eu gosto. Mas torço muito para que a gente consiga parar de exportar só a matéria-prima, a matéria bruta. Torço para a gente consiga criar nossos espetáculos e companhias internacionais também.

Mas tem coisas de que não gosto. Por exemplo, no “Varekai”, a primeira parte é sofrível, o pior do teatro infantil.

O último número é tudo de bom do circo.

Circus – E o incentivo público ao circo?

Verônica – Melhorou. Já tem alguma coisa, mas precisa ter muito mais. Por enquanto o circo tem lei de incentivo, mas é tão pouco.

Não se equipara ao teatro e precisaria se equiparar ao cinema. O circo precisa ter a verba que o cinema tem.

Circus – Você tem projetos em 2012?

Verônica – Não. Meu foco agora é esse Centro. Vou visitar o Museu do World Circus porque tudo o que foi feito até agora foi feito no Centro sem referência. Estou em busca de referências, quero ver o que foi feito lá fora.

Estamos com esse espaço, que aumentou 700 metros quadrados, e iniciando um grande projeto de pesquisa que vai envolver mestres circenses. Vamos elaborar uma exposição mais definitiva e mais completa do circo brasileiro.

 

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