Arte em Movimento
Festival de Circo de Londrina mostra alto nível e simpatia
Atores, músicos e dançarinos, os palhaços e outros artistas circenses desenvolvem diversas atividades no VIII Festival de Circo de Londrina, incluindo espetáculos. Todos os eventos são gratuitos.
“O teatro, a música e a dança ocupam um lugar importante em Londrina. A gente entende que a arte circense também”, declara Sérgio Oliveira, um dos organizadores do festival, que reclama da falta de apoio da administração pública.
O evento é realizado pela Associação Londrinense de Circo, em parceria com a Escola de Circo de Londrina, no Paraná. O festival promove oficinas e palestras que tratam, por exemplo, da segurança no circo, além de debater sobre aspectos estéticos e pedagógicos das artes circenses.
As oficinas abordam técnicas circenses específicas (báscula, petit volant, adágio, icarius, arame, “banquine”, entre outras).
O festival promove o intercâmbio de artistas profissionais de Londrina e de todo o Brasil e Mercosul, contribuindo com a evolução estética e educativa no picadeiro e nas artes circenses. Estimula também o censo crítico do público e dos participantes ao colocar em circulação valores estéticos de nossos produtos e bens culturais populares.
Contribui ainda para pensar sobre o circo no Brasil e produz conhecimentos sobre esse segmento. Há intensa troca entre os artistas, gestores e coordenadores de projetos e escolas de circo participantes.
Oficinas de números aéreos, diabolô, minitrampolim e perna de pau
O primeiro dia do VIII Festival de Circo (14/08) começou com oficinas de diabolô com Aires Coutinho, de Curitiba, e também com a trupe Anamã, do Rio de Janeiro, que realizou o primeiro show da noite na Escola de Circo de Londrina.
Os artistas demonstraram muita habilidade, o que animou a abertura do festival. Apresentaram acrobacias aéreas em números de faixa e tecido.
O cubano Alexis Reyes Gonzales é diretor e professor da trupe na Escola Nacional de Circo no Rio de Janeiro.
As oficinas com técnicas circenses tiveram continuidade por todo o dia no festival. Aires Coutinho no diabolô e a Trupe Anamã (RJ) no minitrampolim e na acrobacia de solo.
O grupo AKrobatus, de Campinas, ofereceu oficinas de adágio. As claves ficaram por conta de Fernando Segantin, de Londrina.
Eduardo Mantovani e Carola Costa (SP) deram oficina de adágio. A Trupe Luz da Lua, de Foz do Iguaçu, ministrou oficina de percha.
O grupo Shambala (ARG) realizou oficinas de constilha e parada de mão.
O Circo Lahêto, de Goiânia, mostrou técnicas de perna de pau.
O palhaço Thesco, do Rio de Janeiro, demonstrou números cômicos.
Foi construída uma pirâmide humana com crianças do grupo Sou Arte de Campo Mourão.
Cabarés animaram as noites
A noite era dos cabarés, com casa cheia, muitos artistas de circo e crianças de montão! Londrinenses também compareceram e vibravam, principalmente com as apresentações dos artistas locais.
A trupe local Tangará abriu o cabaré do dia 15/08 com uma performance cheia de graça e figurinos típicos de cabaré. Xupetin e Pepito apresentaram a palhaçada com o chicote, aquela que acerta o canudo de papel.
A Troupe Aerocircus, o grupo do Clac (Centro Londrinense de Arte Circense) e a ECL (Escola de Circo de Londrina) mostraram que o circo é forte na cidade, tem muita cor e beleza nos movimentos sincronizados na lira, no trapézio triplo, na performance em tecido.
O som de batida forte embalou os números aéreos, que traziam emoção e coreografias. A plateia acompanhou e fez barulho.
A magia do festival contagiou com a aparição de borboletas feitas de papel, que voavam como se fossem de verdade.
Os malabares foram jogados em duplas. Um dos integrantes foi o palhaço Ritalino.
Tiago Marques, o palhaço Ritalino, foi uma grata surpresa. Da Trupe Gato e Sapato, Trio Olé Cultural e Plantão Sorriso, foi o mestre de cerimônias da quarta-feira, 15/08. Com muito humor conduziu a noite à sua moda, no improviso e com comentários de arrancar gargalhadas.
Palhaço Ritalino costurou muito bem os espetáculos. Quanto mais a noite passava, mais reveleva seu talento. Estudante de artes cênicas na UEL, disse que busca a união do teatro com a arte do palhaço.
No final, houve show imitando Amy Winehouse com a cover Thaís Caroline.
No cabaré de quinta (16/08), apresentou-se a dupla Carola Costa e Eduardo Mantovani, de São Paulo.
Sou Arte de Campo Mourão trouxe números temáticos, como uma esquete baseada no filme “Crepúsculo no Bambu”. Realizou quadros com outros filmes do cinema brasileiro e sobre a vida cultural dos anos de 1960, do tempo da brilhantina, com performance, dança e números de acrobacia, equilíbrio, pirâmide humana e corda indiana em dupla.
As meninas da Trupe Luz da Lua, de Foz do Iguaçu, mostraram suas habilidades mesmo com pouca idade.
Akrobatus, de Campinas, mostrou porque vieram.
Aires Coutinho apresentou diabolô no número “Com a Corda no Pescoço”, utilizando de um a três diabolôs.
Anamã, da Escola Nacional de Circo, do Rio, apresentou corda indiana em dupla.
O Circo Shambala (ARG) fechou a noite de apresentações.
Sexta foi o dia dos artistas saltimbancos
Na sexta feira (17/08), às 10h00, ocorreu o show da Trip Circo, de Curitiba, na escola municipal Norman Prochet. O grupo Shambala, da Argentina, apresentou-se na mesma escola às 16h00.
À noite, na ECL, o grupo Rosa dos Ventos se apresentou. De Presidente Prudente, seus seis integrantes tinham banda ao vivo e proporcionaram muita diversão, com o espetáculo “Saltimbembe Mambembancos”.
Palhaços demonstraram suas habilidades com música, malabarismo, acrobacias de solo e números em pernas de pau.
A intenção foi levar o público ao passado dos circos itinerantes, com o circo mambembe feito por artistas saltimbancos.
A linguagem desenvolvida pela cia. Rosa dos Ventos inclui improvisos, interação com o público, teatro, números de palhaço. Tudo com alma de circo de rua.
Concha Acústica
Na quinta feira (16/08), apresentaram-se na Concha Acústica de Londrina vários grupos locais e de fora.
Artistas se arrumaram e se maquiaram na praça e isso atraiu olhares e mais público. A roupa colorida dos figurinos e a música a todo vapor guiaram aos poucos as pessoas para o espetáculo, que já tinha começado.
A Escola de Circo de Londrina abriu o show com os palhaços Vareta (Juarez Junior), Boquinha (Paulo Líbano) e Stimilic (Sérgio Oliveira).
Eduardo Mantovani e Carola Costa representaram São Paulo com o número de disputa do chapéu, com acrobacias aéreas em dupla e no mão a mão. O número é divertido especialmente devido às caras e bocas da dupla: de felicidade ao roubar o chapéu e de raiva quando o parceiro o tomava.
Akrobatus, dupla acrobática de Campinas, formada por Andrei Parmezan e Leticia Marcondes Castiglia, veio na sequência com música instrumental lenta. A habilidade e a presença de palco foram de impressionar.
A Trupe Anamã fez bonito com acrobacias no colchão humano, feito numa lona segura pela trupe.
Palhaçadas costuraram as apresentações dos grupos.
A habilidosa Trupe AeroCircus, com nove integrantes, da Escola de Circo de Londrina, fechou a noite com a parada de mão de Nicole Rodrigues, o mastro chinês, com Luis Gustavo Moreira, além de pirofagias e acrobacias.
“Palhasseata”
No sábado (18/08), às 10h00, todos os artistas se reuniram em frente à Escola de Circo para dar início à palhasseata, que seguiu até o calçadão de Londrina. Pernas de pau, música ao vivo, acrobacias, palhaços, malabares, desfilaram pelas ruas.
O público compareceu saindo nos portões de suas casas e interagindo com as brincadeiras. No comércio todos corriam para as portas para ver aquele mundo de cor, fantasia e alegria.
No calçadão fizeram a roda e vários artistas se apresentaram, entre eles, o palhaço Thesco.
Na parte da tarde, ocorreram as oficinas com o palhaço Thesco e o grupo Shambala. Às 18h00, o grupo Rosa dos Ventos apresentou espetáculo no Centro Cultural Lupércio Luppi. À noite, o Trip Circo realizou show.
Shows e vôlei de claves no encerramento
No domingo (19/08), às 10h00, Shambala, Trupe Tangará e os palhaços Xupetin e Pepito deram shows no Centro Cultural Luopercio Luppi, além do vôlei de clave com Zerão.
Às 16h00, o festival se encerrou com o espetáculo do Circo Lahêto, de Goiânia, na escola Norman Prochet.
Vox pop
“Gostei. Foi muito legal. O final foi movimentado, eu gosto mais. A gente precisa de cultura, quanto mais variada, melhor.”
Alcinéia Lima
“Eu já conhecia e fico orgulhosa que ele seja da minha cidade. Acho importante o festival para conhecermos os talentos dos artistas da cidade e de fora. O circo desperta nas crianças vontade de aprender, eles saem daqui pulando, tentando imitar o que viram, é bacana.”
Helena Melo de Lima
“Divertido, uma programação diferente para a cidade só tem a acrescentar. Uma boa opção para trazer as crianças, uma diversão para elas.”
Roberto Moreira
“Um evento importante para a cidade. Os artistas são muito bons, fiquei impressionada. É algo diferente e bem alegre, me diverti muito.”
Nilza Rodrigues Campos
Escola de Circo de Londrina
Fundada em 2001 por professores universitários, artistas e familiares de jovens que participavam das oficinas, a ALC (Associação Londrinense de Circo) surge para legitimar o trabalho político e pedagógico de artistas do município.
A partir da sua criação, incorporou oficinas de circo social que vinham sendo desenvolvidas pela Troupe Aerocircus.
Atualmente a Escola de Circo de Londrina realiza diversos projetos que usam o circo como instrumento de educação, entre outras ações.
Em 2003, a escola produziu uma primeira mostra de circo, com diversas companhias de novo circo e apresentações de projetos sociais que utilizam a linguagem circense.
Em 2004, a Escola de Circo de Londrina tinha duas principais linhas de atuação: profissionalização do artista circense e oferecimento de curso livre, aberto a todo tipo de público.
A ALC participa de ações de inserção do segmento e prioriza o processo de criação e desenvolvimento de políticas públicas especificas para o circo.
Está presente na Rede Circo do Mundo-BR, na Rede Cultural Mercosul e no programa da Rede da Cidadania, além de marcar presença em fóruns e discussões na área cultural no Brasil e nos países do Mercosul.
O circo detém diversos conceitos culturais que hoje estão perdidos no núcleo familiar.
A intenção da escola é incluir nas oficinas crianças e jovens em situação de risco e colocá-los em contato com a arte e o mundo do circo para estimular a formação de consciência crítica e tomada de atitudes transformadoras.
A escola quer possibilitar aos jovens a descoberta de outros caminhos, outras possibilidades.
(Raquel Benozzatti)
Website:
Crédito da foto da capa: Felipe R. Santos
Belíssimo trabalho de cobertura do Festival!!!!
Abraços aos amigos do Panis e Circus
Obrigada, Sérgio!!! Ficamos felizes de poder participar de projetos como este. Parabéns pela iniciativa.
Nossa, fantástico, que saudades de ir ao circo!
🙂