Clip Click
Zanni apura técnica e transmite emoção
Circo apresenta números musicais cômicos e atrações aéreas com as artistas femininas Erica Stoppel, Maíra Campos, Bell Mucci e Lu Menin
Mônica Rodrigues da Costa *
O Circo Zanni inaugurou, com seu espetáculo mais recente, de 2012, produzido no capricho e com atrações realizadas com profissionalismo, o Festival Mundial de Circo em Caxambu. Com a lona montada, esteve na cidade mineira de 23 a 26/7, sempre às 19 horas. De lá, veio para São Paulo e encerrou sua temporada de julho, aos sábados e domingos, no Sesc Santo André (SP) no domingo 28/7. Em Caxambu, a fila era imensa e muitos não puderam entrar no picadeiro. Em Santo André, quem deixou para a última hora não conseguiu ingresso.
Seguindo a tradição do picadeiro tradicional, a trupe, de dez artistas, entre eles, três convidados (leia abaixo), apresenta uma sucessão de números cujo tema é a casa de cada um de nós, que recebe uma releitura do circo.
Nada é estável nela, os pratos são lançados para o ar e a poltrona lança o dono como se fosse uma cama elástica. O acrobata realiza números inusitados de equilíbrio, saltos e contorcionismo. O livro recusa-se a ser lido entre truques de ilusionismo, e o abajur brinca de joão-teimoso com Daniel Pedro.
A música é o ponto forte do trabalho porque dá um contorno a esse deslocamento dos objetos domésticos como se tivessem sido pegos de surpresa. Marcelo Lujan e Pablo Nordio se sobressaem nas performances metrificadas com instrumentos e na execução de canções com malabarismo e música que vem do ruído da cidade, tirada de garrafas e instalações sonoras de trecos inusitados, panelas, penicos e muitos instrumentos musicais: sanfona, guitarra, bateria, saxofone, teclados, flauta, trombone.
O som do velocípede sonoro de Pablo se mistura ao barulho do engarrafamento no trânsito paulistano. O jazz e outros ritmos marcam presença, como o rock e a música circense tradicional ao som da bateria de Nereu Ramos e a guitarra de Sandro Fortes (artistas convidados).
Erica Stoppel toca arcodeão e o pequeno Gael, filho de Lu Menin e Nordio, um violão de brinquedo. O garoto Tomás Sampaio ajuda a mãe Erica a equilibrar os pratos, ao lado do Ronaldo Aguiar, que estreou como um dos convidados das temporadas paulista e mineira.
Em substituição ao palhaço Padoca, personagem imbatível do ator e palhaço Fernando Sampaio, na temporada de 2012, o novo palhaço fala menos, mas compensa no gestual, expressivo e que atrai a atenção do público.
Em um dos números aéreos do espetáculo, o tecido vermelho das acrobacias de Bel Mucci parece as asas de um morcego negro, de cabelos esvoaçantes, ao som de “Honky Tonk Woman”, música dos Rolling Stones.
O espetáculo do Zanni, em 2013, também mostra trapézio triplo, caminhada no arame e números de palhaços inseridos nas atrações musicais ao vivo, entre eles, o da canção “Os Sete Músicos Infernais” – atração que parodia quadro histórico do Circo Nerino da primeira metade do século 20 que já é uma releitura cômica da ópera “Aída” (1871), de Verdi.
A direção de Domingos Montagner manteve-se como na formação anterior de 2012 (que tinha Cassia Theobaldo e Fernando Paz como convidados) e pareceu que prioriza os números femininos, mas com sutileza. Bell Mucci, Erica Stoppel e Maíra Campos trocaram passos e passes melódicos, harmônicos entre si, no trapézio triplo. Às vezes as três sobem na corda como bichos de garras e se jogam no ar como pássaros. Têm a marca da leveza e da contenção nas cambalhotas calculadas.
A bailarina no arame atravessa o picadeiro em diferentes ritmos sul-americanos caminhando em equilíbrio e com saltos e passos arriscados, mas é impecável.
Lu Menin apresentou o número de contorcionismo e ginástica na cadeira com eficiência, ainda que mais contida – notava-se isso, esta jornalista, em especial, por saber que a atriz está grávida. Sua personagem faz um jogo entre o circo brasileiro e a canção argentina que apresenta, “El Pañuelito” (1921), como se estivesse cantando para uma plateia de cabaré.
A presença do Zanni do Sesc Santo André integra o programa da entidade “Tem Circo no Sesc” e em Caxambu abriu a 13ª edição do Festival Mundial de Circo – que prossegue em sua programação de 30/8 a 8/9 em Belo Horizonte. (Ler mais sobre o Festival de BH nessa edição do Panis & Circus na seção “Arte em Movimento” do Panis & Circus).
Ficha técnica
Concepção e direção artística: Domingos Montagner / Criação dos números: Elenco do Circo Zanni / Direção musical: Marcelo Lujan / Direção técnica: Pablo Nordio / Elenco: Bel Mucci, Daniel Pedro, Erica Stoppel, Luciana Menin, Maíra Campos, Marcelo Lujan, Pablo Nordio / Artistas convidados: Nereu Afonso, Ronaldo Aguiar, Sandro Fontes.
*Colaborou Bell Bacampos, em Caxambu
Público opina sobre o espetáculo do Circo Zanni
Risos, palmas e respiração suspensa marcaram a última sessão do Zanni, na sexta-feira 26/7, em Caxambu. O público lotou a lona e muita gente não conseguiu ver o espetáculo. Foi de “tirar o fôlego”, comentou Isildo Martins, de 22 anos, que esperou quatro horas na fila para entrar. Maria Luiza Rodrigues, 11 anos, Iris Ferreira Garcia 10 anos e Inara da Silva, 14 anos, estavam juntas na plateia e aplaudiram com gosto as atrações. Inara escolheu a corda bamba como seu número “favorito”. Andressa Martins, 12 anos, riu dos palhaços. E o número deles, o dos “Sinos” foi considerado o “máximo” por Caique Augusto, 14 anos.
Lotação esgotada em Santo André para assistir ao Circo Zanni no Sesc Santo André em 20/7. As filas antes da entrada eram grandes. O público aplaudiu e pediu bis.
Massa, consultor de informática, sua mulher, Helena Hamamoto, e seus filhos Vitória, 12 anos, Larissa, 9 anos, e Rafael, 15 anos, consideraram ótimo o espetáculo. “Perfeito”, diz Massa. No que complementa Helena: “Já conhecíamos a qualidade do Zanni, o que foi comprovado mais uma vez”.
Fábio Henrique, mecânico, afirma que eles e os filhos, Lucas, 5 anos, e Larissa, 11 anos, se divertiram muito. “Deixei mais cedo o serviço para trazer as crianças e gostamos de tudo. Valeu a pena”, disse.
“Lindo” foi o adjetivo usado por Isabela Gonçalves, 7 anos, para descrever o espetáculo. Ela pediu para posar ao lado da aramista Maíra Campos. “Me emocionou. Eu não esperava tanto. Muito bom mesmo. O curioso é que todos fazem tudo. A trapezista toca sanfona, a equilibrista e a acrobata cantam, os palhaços tocam”, diz o pai da menina, Carlos Alberto Gonçalvez. A mãe, Camila Sampaio Gonçalvez, usava o seu tablet para tirar fotos da filha com a artista circense.
A família Angelone é fã do Zanni, acompanha o Circo em todos os espetáculos e estava no Sesc Santo André.
Postagem: Alyne Albuquerque
Tags: Bell Mucci, Circo Zanni, daniel pedro, Festival Mundial de Circo de Caxambu, lu menin, Maíra Campos, marcelo lujan, pablo nordio
Ótimo espetáculo… acada apresentação uma nova emoção !!!!!!!!!!!!!!!