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De marimbondo a urso

 

Marimbondo, à esquerda e Urso, à direita / Fotos Divulgação e Asa Campos

 

Em entrevista bem-humorada, Fernando Sampaio, Fernando Paz, Marcelo Castro e Filipe Bregantim falam de “Classificados” – considerada uma das cinco melhores peças infantis, em cartaz, segundo a Veja/SP

Bell Bacampos

De segunda a sexta, o ator e palhaço Fernando Sampaio grava a novela global, das seis horas, “Meu pedacinho de chão”, no Rio de Janeiro. Ele interpreta “Marimbondo”, um tipo engraçado da Vila Santa Fé. Seu filho, Tomás Sampaio, interpreta o menino “Serelepe”, na mesma novela.

Nos finais de semana, Fernando deixa de ser “Marimbondo” e se transforma num urso na peça infantil “Classificados”, no Sesc Pompéia, em São Paulo, sábados e domingos. Ele contracena com Marcelo Castro, que faz um leão, Fernando Paz, um rato de laboratório, um macaco, uma portuguesa, um manda-chuva de ONG, um chinês, entre outros personagens.

As gravações da novela no Rio impediram Fernando Sampaio de ensaiar a peça, durante a semana, em São Paulo. Para fazer o Urso, seu personagem, como ‘stand in’, ou seja, substituto, ele escolheu Filipe Bregantim, do “Circo de Borracha”.

Filipe incorporou tanto o papel que, no dia da estreia de “Classificados”, quando Fernando Sampaio estava no palco, na pele do Urso, ele ficou com as mãos geladas, como se estivesse em cena.

“Classificados” está entre as cinco melhores peças para crianças, em cartaz na cidade, segundo a revista Veja SP.

 

A seguir, os principais pontos da entrevista de Fernando Sampaio, Fernando Paz, Marcelo Carvalho, Filipe Bregantim, ao Panis & Circus, no camarim do Sesc Pompeia, em 30/4.

 

Esq. para dir.: Marcelo Castro, Fernando Sampaio, Filipe Bregantim, Fernando Paz no camarim / Foto Asa Campos

 

Panis & Circus: Como está sendo contracenar com Tomás, seu filho, em “Meu pedacinho de chão”?

Fernando Sampaio: Na realidade, eu não contraceno com o Tomás. A trama que ele participa na novela, o mundo da infância de duas crianças  – Serelepe (Tomás Sampaio) e Pituca (Geytsa Garcia) – não é a mesma de que eu participo. Mas é um presente estarmos juntos nas gravações desse folhetim. 

 

 

Circus: Por que “Classificados”?

Fernando Sampaio: a sugestão do nome é do Domingos [Montagner, diretor da peça]. Quando fiz “Athletis” era clara a inspiração buscada no personagem “Pateta nas Olimpíadas”. Saquei depois da estreia de “Classificados” – que o espetáculo lembra um pouco “Madagascar”, ou seja, também tem influência do desenho animado.

E a ideia de “Classificados” era entender um pouco da história dos bichos no circo. Por que, de repente, os animais não trabalham mais no circo? Afinal, um monte de famílias tem uma tradição ligada a apresentações com animais.

Circus: A peça faz defesa da volta dos bichos ao picadeiro?

Fernando Sampaio: A peça também não é uma defesa do bicho no circo. Mas trata de colocar o assunto em pauta. É uma levantada de bola.

E a gente, no circo, sempre fala isso: proprietário de circo que maltrata os animais maltrata, provavelmente, também os artistas.

Quando uma pessoa está disposta a maltratar não é só o bicho que sofre.

Circus: Como é fazer o leão?

Marcelo Castro: As crianças adoram o Leão. Eu alcanço o imaginário da criança mesmo com uma roupa que não é de pelúcia e que não chega nem de longe a ser uma caracterização realista de um leão. As crianças são apaixonadas pela fantasia dos animais falantes e se identificam com a movimentação física no palco. Os bichos da peça não apenas falam como dão cambalhotas, giram e isso faz parte do cotidiano infantil. É como desenho animado que torna possível o impossível.

Ontem (29/3) um menininho de três anos saiu da peça fazendo gestos do leão como eu faço (arranhando o ar).

 

Manda-chuva da ONG (Fernando Paz), Urso (Fernando Sampaio) e Leão (Marcelo Castro) / Foto Asa Campos

 

Circus: Você faz uma série de personagens – o rato de laboratório, o macaco, a portuguesa, o manda-chuva da ONG, entre outros. Qual deles prefere?

Fernando Paz: É difícil falar de um predileto. O que acontece é que os pequenos (até 4 anos) embarcam muito na fantasia de que o que estão vendo é verdade. O legal é fazer os personagens que elas acreditam mais… Em cena, eu sinto qual deles é o que parece ser o mais verdadeiro, qual elas acreditam que seja real… o rato é um rato mesmo, a portuguesa é uma portuguesa mesmo e assim por diante. Os personagens que eu faço melhor, são os que eu mais gosto de fazer. Mas não vou falar quais são para os outros não ficarem com ciúmes. 

 

 

Circus: Como foi fazer o “stand in” (substituição) de Fernando Sampaio nos ensaios de “Classificados”?

Filipe Bregantim: Foi uma honra substituir o Fernando. Eu tenho falado para eles que tenho uma relação de aprendiz-ídolo com o La Mínima [Domingos Montagner e Fernando Sampaio] e também com o Fê Paz e o Marcelo Castro.

Quando o Fê me ligou [perguntando se eu podia fazer o ‘stand in’] eu disse: “‘Pare de zoar, Fê. Não brinca com o coração do moleque aqui’”.

Foi muito bom. Eu nunca tinha feito ‘stand in’ e procurei levantar dados interessantes para o personagem, mas que não fugisse muito da característica do trabalho do Fê – que acompanho há bastante tempo. A cabeça do Fê é privilegiada e ele, quando vinha do Rio para os ensaios [uma vez por semana] trazia ideias novas e surpreendentes que foram se encaixando no personagem.

No dia da estreia de “Classificados’, eu fiquei com as mãos geladas e vibrava a cada coisa ensaiada e que dava certo em cena.

 

Postagem: Alyne Albuquerque

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