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Abertas inscrições para Bolsa do Circo
Estudantes de todo país podem se candidatar para receber a Bolsa Funarte para Formação de Artes Circenses até 24 de maio
Bell Bacampos
colaborou Antônio Marcello, de Brasília
A Funarte (Fundação Nacional de Artes) está com inscrições abertas para a Bolsa Funarte para Formação em Artes Circenses 2013. Até 24 de maio, estudantes de todo o Brasil podem se candidatar a uma das 50 bolsas, no valor de R$ 20 mil cada uma.
Os selecionados farão o Curso Básico de Artes Circenses da Escola Nacional de Circo no Rio de Janeiro.
Com duração de dez meses, o curso terá início em 5 de agosto de 2013. A portaria que institui o edital foi publicada no “Diário Oficial da União”, na terça-feira, 9 de abril. (Ver edital aqui).
Marcos Teixeira, da Coordenadoria de Circo da Funarte (Fundação Nacional das Artes), afirma que com este edital pretende-se ampliar o quadro de alunos da Escola Nacional de Circo com jovens das diferentes regiões do país.
Verba de R$ 6 milhões: olho no edital na página da Funarte
Teixeira explica que a Coordenadoria de Circo vai elaborar edital para a aplicação da verba de R$ 6 milhões – liberada recentemente após a aprovação do Orçamento da União – destinados a programas que visam atender às necessidades dos pequenos circos itinerantes no Brasil.
Apesar de reconhecer que a verba para o circo é escassa, Marcos Teixeira diz que ela subiu de R$ 300 mil, em 2003, para R$ 6 milhões neste ano.
O edital para a destinação da verba deverá ser publicado antes do fim deste semestre e os interessados precisam acompanhar a página da Funarte na internet clicando aqui.
A Funarte tem programas de incentivo à produção e à capacitação dos artistas circenses com oficinas, apoios financeiros à criação de espetáculos, renovação de equipamentos (como troca de lona), desenvolvimento de pesquisa, preservação da memória e formação de público, diz Marcos Teixeira.
Sensibilizar prefeitos para a causa do circo
Apesar de ficar a cargo das prefeituras o oferecimento de condições atraentes para os circos, a Funarte tem uma campanha nacional para sensibilizar os prefeitos para que eles resguardem terrenos adequados onde um circo possa se instalar. “Mostramos que o circo é uma atividade cultural. Muitos prefeitos acham que o circo chega a sua cidade para levar o dinheiro embora. Nosso papel é demonstrar que o circo é uma atividade cultural que traz benefícios à população, que tem o direito de recebê-la”.
Para Marcos Teixeira, falta boa vontade das prefeituras com o circo. Exemplos não faltam. Enquanto a reportagem do Panis & Circus conversava com o coordenador, na sede da Funarte, no Rio de Janeiro, em 21 de março, uma quinta-feira, seu celular tocou. Era o representante do circo Stankowich, instalado à Praça 11, no Rio de Janeiro, que já foi um local tradicional do circo, às voltas com a Administração da RioTur. A estatal do turismo exigia que o circo fechasse buracos no local da instalação da lona a um custo nada módico de 46 mil reais.
Defesa dos animais no circo
Teixeira destaca que existe um projeto de lei na Câmara Federal em Brasília que quer proibir os animais no circo. Trata-se de mais um preconceito contra o circo.
O circo é considerado um patrimônio cultural, que deve ser respeitado, valorizado, preservado como uma importante manifestação artística, em países como Estados Unidos, Canadá, Chile, Colômbia e a maioria dos países membros da Comunidade Europeia. “Esses países não proíbem ou restrigem a participação de qualquer animal, mas regulamentam, de forma adequada, a guarda, o adestramento e sua participação nos números.”
A princesa Stephanie, de Mônaco, já se dispôs a vir ao Brasil discutir esse assunto, afirma Teixeira. (Leia aqui sobre o 2º New Generation, coordenado pela princesa Stephanie, e que traz animais em cenas).
Folheto da Funarte que fala sobre “Os Animais no Circo”
Programação do “Ano do Brasil em Portugal” e de “Portugal no Brasil” não valoriza o circo
O “Ano do Brasil em Portugal” e o “Ano de Portugal no Brasil” começou em junho de 2012 e vai até junho de 2013. Entre as programações previstas e que estão acontecendo, Marcos Teixeira cita as circenses. Mas não sabe enumerá-las.
Em 2011, aconteceu a “Europália” e o circo também não teve o espaço merecido, conforme destacou Bel Toledo, da Cooperativa Nacional do Circo, em entrevista ao Panis & Circus.
Perseguição política no governo Collor tirou Teixeira da Cultura
Sempre ligado à Cultura, Marcos Teixeira afirma que deixou a área com a subida à presidência de Fernando Collor, em março de 1990. “Ele demitiu muita gente. Eu, entre eles.” Teixeira voltou, em 1994, anistiado, após o reconhecimento que as demissões tiveram cunho político.
Leia abaixo a entrevista de Marcos Teixeira concedida ao Panis & Circus
Panis & Circus: Qual a política da Funarte para o circo brasileiro?
Marcos Teixeira – O fato é que os circos de lona precisam ter uma estrutura empresarial para circular por praças melhores. A Funarte está interessada em oferecer oficinas de direção, de figurino, de expressão corporal, de criação, de capacitação artística para que o circo apresente um bom espetáculo. Caso contrário, ninguém vai assistir.
Agora é preciso que prefeitos e secretários de cultura das cidades recebam os circos. Deem a eles um tratamento adequado. Não tenham preconceito contra os circenses – que são representantes de uma manifestação artística milenar.
A Praça 11, no Rio, um dos mais tradicionais locais de circo no país, quase foi fechada para a atividade circense. E hoje, para entrar na Praça, o circo — que carrega sua casa de espetáculos –, precisa ter autorização, alvarás, licenças sem fim. Criam-se dificuldades a toda hora.
Circus – A Funarte apoia pesquisas circenses?
Marcos Teixeira – A transmissão de conhecimento no circo é a da oralidade. São poucos os livros que falam sobre o circo. A Funarte quer apoiar pesquisas que falem da produção e do conhecimento circense.
É preciso despertar alunos e universidades para teses de mestrado e doutorado sobre o circo. (É relatado a Marcos Ferreira que alunos da Universidade Anhembi Morumbi, de Publicidade e Propaganda, escolheram o Centro de Memória do Circo, em São Paulo, para o seu Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. Leia aqui nota do Panis & Circus sobre o assunto).
Circus – Você sempre esteve ligado à cultura?
Marcos Teixeira – Em minha carreira sempre estive ligado à Cultura. Saí na época do Collor: ele demitiu muitos funcionários da Cultura e, eu, entre eles. (Ao assumir a presidência, em 1990, Fernando Collor extinguiu o Ministério da Cultura e surgiu em seu lugar a Secretaria da Cultura, sob o comando do secretário Ipojuca Pontes).
O Ipojuca Pontes colocou alguns secretários na pasta que estraçalharam a cultura no país. Jogaram na lata do lixo o trabalho de muita gente.
Circus – Quando você voltou a atuar na área da cultura?
Marcos Teixeira – Em 1994. E nessa época ficou provado que houve intenção política nas demissões da Cultura no governo Collor e fui anistiado. Voltei para a Funarte e assumi como diretor do departamento de Artes Cênicas. Em 2009, começou a ser feito um diagnóstico do setor circense.
Circus – Qual é a situação do circo?
Marcos Teixeira – O diagnóstico do circo mostra que as famílias tradicionais deixaram de transmitir a cultura de picadeiro. Ou seja, os filhos de circenses começaram a buscar outros caminhos. Por isso, foi criada, há 30 anos, uma escola para formação de novos circenses que é a Escola Nacional de Circo. Mas o ensino do circo nas escolas não ficou restrito ao Rio. Surgiram escolas no país todo.
E mais, vários grupos e trupes circenses não estão ligadas mais à itinerância, da lona. Criaram-se nas metrópoles, nas cidades. Um desses grupos, que têm um circo de pequeno porte e belíssima criação artística, é o Zanni.
Circus – Por que acabou a itinerância?
Marcos Teixeira – Vários fatores atrapalharam a itinerância circense. Cito dois deles: 1) falta de terrenos nas grandes cidades decorrente da especulação imobiliária; 2) governos municipais e estaduais pouco receptivos aos circos.
As consequências: os circos passaram a andar nas periferias das cidades, em busca de terrenos, e tiveram uma redução na renda que foi traduzida em queda na qualidade desde a montagem, estrutura até a segurança. E é claro as apresentações ficam sofríveis.
Virou um círculo vicioso: os circos são empurrados cada vez mais para a periferia por causa dos terrenos e enfrentam a burocracia e lentidão das prefeituras na concessão do alvará para seu funcionamento, o que se reflete na queda de qualidade da montagem, iluminação, direção cênica, figurino e segurança. Hoje, os pequenos circos rondam a periferia de pequenas cidades com espetáculos ruins.
Circus – O mapeamento vai mostrar quem os circenses consideram seus mestres?
Marcos Teixeira – A ideia é saber quem são esses mestres, saber mais da vida dessas pessoas. Orlando Orfei é um desses mestres. Ele recebeu a Ordem do Mérito Cultural, em Brasília, entregue pela presidente Dilma Rousseff no dia 5 de novembro.
Circus – Como vê o circo novo e o tradicional?
Marcos Teixeira – Eu sou contrário a essa ideia de que o novo circo substitui o tradicional. Aliás, essa separação prejudica a linguagem circense. Trata-se, na realidade, de opções estéticas diferentes.
Circus – Como vê os debates em torno dos animais no circo?
Marcos Teixeira – Existe um projeto de lei na Câmara Federal em Brasília que quer proibir os animais no circo. Trata-se de mais um preconceito contra o circo.
Os cavalos, por exemplo, participam de corridas e exibições na Sociedade Hípica e não estão proibidos.
Aliás, os animais estão em eventos esportivos e artísticos como Olimpíadas, exposições, aquários, cinema, TV e até no teatro. Mas no circo não pode. Se você diz que “todo circense maltrata os animais está dizendo que todo circense é criminoso”. Consolida-se o preconceito.
Em todas as partes do mundo (Estados Unidos, Canadá, Chile, Colômbia e a maioria dos países membros da Comunidade Europeia) o circo, com sua diversidade e a presença de animais, é considerado um patrimônio cultural que deve ser respeitado, valorizado, preservado como uma importante manifestação artística. Esses países não proíbem ou restringem a participação de qualquer animal, mas regulamentam, de forma adequada, a guarda, o adestramento e sua participação nos números.
A princesa Stephanie, de Mônaco, já se dispôs a vir ao Brasil discutir esse assunto.
Folheto da Funarte em defesa dos animais no circo
Circus – Os recursos para o circo não são escassos?
Marcos Teixeira – Concordo. São escassos. Apesar disso, subiram de R$ 300 mil, em 2003, para R$ 6 milhões, em 2013.
O número de inscritos em um “Prêmio como o Carequinha” subiu de 170, em 2003, para 1091 em 2011.
Oficinas de Circo
A Funarte fala da realização de oficinas especializadas de circo realizadas em diferentes cidades do Brasil com o patrocínio da Caixa Econômica Federal. O encarte “Mergulho no Circo” mostram, em sua 3ª edição, por exemplo, as oficinas de Direção Cênica dada por Fernando Sampaio, Figurino por Elsa Wolf, Postura de Picadeiro, por Paulo Mantuano e Iluminação Cênica, por Felício Mafra. Esse encarte foi produzido à época que Ana de Holanda estava à frente do Ministério da Cultura.
O encarte “Oficinas de Capacitação de Gestores de Empresas Circenses” mostra para o circense como deve ser feita a elaboração de projetos, o planejamento estratégico, a legislação circense e a segurança no circo. Já o encarte das “Oficinas de capacitação de Gestores de Empresas Circenses”, enfoca a exemplo de “O Mergulho no Circo”, oficinas de direção, expressão corporal, roupa do circo e iluminação cênica. Os dois encartes foram editados, à época que Juca Ferreira era o Ministro da Cultura no governo Lula. Hoje, ele é secretário da cultura do Estado de São Paulo, na gestão de Fernando Haddad, e esteve nas comemorações do Dia do Circo no Teatro Municipal. Clique aqui e leia reportagem sobre as comemorações do Dia do Circo.
Orlando Orfei ganha o Prêmio Ordem do Mérito Cultural em 2012
Orlando Orfei, do Circo Orlando Orfei, recebeu a condecoração, Grã-Cruz da Ordem do Mérito Cultural, em cerimônia realizada no palácio do Planalto, em Brasília, dia 5 de novembro, segunda-feira, às 11h, entregue pela presidente Dilma Rousseff, com a presença da ministra da cultura Marta Suplicy.
“Ao condecorar Orlando Orfei prestamos um tributo às nossas raízes” – disse Dilma em seu discurso.
Orlando Orfei nasceu em 8 de julho de 1920, em Riva Del Garda, na Itália.
Em suas primeiras apresentações como palhacinho, aos 6 anos, era retirado da calça bufante do irmão como se fosse um boneco.
Decidiu vir ao Brasil fazer uma temporada no Maracanãzinho em 1969. Apaixonou-se pelo país e sua gente e decidiu ficar. Com a ajuda dos amigos, monta o Circo Nazionale D’Itália Orlando Orfei.
Estreia na Praça Princesa Isabel, centro de São Paulo, em junho de 1969. Foi um sucesso total. Em 1972, decide importar brinquedos de última geração e funda o Tivoli Park, num terreno cedido pelo governador do Estado da Guanabara, Chagas Freitas. Ainda nesse ano decide procurar uma base para a implantação da sede latino-americana para as duas empresas. E escolheu Nova Iguaçu, por estar no eixo Rio São Paulo e perto do Tivoli Park.
Vítima de um AVC em Guayaquil, Equador, conseguiu recuperar-se e continuou a trabalhar com seus leões. Em 2002, passa a morar em Nova Iguaçu.
O circo encerrou suas atividades, em 2008, depois de uma turnê de 16 anos pela América Latina. O principal motivo: uma lei que proibia animais no circo. O tradicional circo Orlando Orfei tinha 7 dos 12 números, com animais que eram sua principal atração, junto com as Águas Dançantes. (Texto retirado do site de Orlando Orfei que fala sobre o prêmio).
O prêmio Ordem do Mérito é distribuído em 5 de novembro, Dia da Cultura Nacional. É o maior prêmio cultural do país e foi criado, em 1995, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
A cultura nos governos
Sarney cria Ministério da Cultura; Collor fecha o Ministério e cria a Secretaria de Cultura; Itamar Franco reverte a situação; Fernando Henrique amplia os recursos; Lula reestrutura o ministério que ganha representações regionais e secretarias; Dilma mantém essa formatação.
O Ministério da Cultura (MinC) foi criado em 15 de março de 1985, no governo de José Sarney. Antes as atribuições desta pasta eram de autoridade do Ministério da Educação, conhecido como Ministério da Educação e Cultura (MEC) de 1953 a 1985. O MinC é responsável pelas letras, artes, folclore, formas de expressão da cultura nacional e pelo patrimônio histórico, arqueológico, artístico e cultural do Brasil.
Em 12 de abril de 1990, no governo de Fernando Collor de Mello, o Ministério da Cultura foi transformado em Secretaria da Cultura, diretamente vinculada à Presidência da República.
Essa situação foi revertida pouco mais de dois anos depois em 19 de novembro de 1992, já no governo do presidente Itamar Franco.
Em 1999, no governo Fernando Henrique Cardoso, foram ampliados os recursos e a estrutura do Ministério da Cultura.
Em 2003, o Ministério da Cultura foi reestruturado e passou a ter a uma Secretaria Executiva com três diretorias: Gestão Estratégica, Gestão Interna e Relações Internacionais subordinados ao ministro.
São seis Representações Regionais, nos estados de Minas Gerais Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. E seis Secretarias: Fomento e Incentivo à Cultura, Políticas Culturais, Cidadania Cultural, Audiovisual, Identidade e Diversidade Cultural e Articulação Institucional.
Tags: Bolsa Funarte para Formação de Artes Circenses, funarte, inscrições, Marcos Teixeira