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HumAnimal cria animais em cena
- Mônica Rodrigues da Costa, especial para Panis & Circus*
O respetáculo “HumAnimal”, da companhia Circo da Silva, do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, apresentou-se na quarta edição de Circos – Festival Internacional Sesc de Circo no Sesc Ipiranga, na capital paulista em junho de 2017, e agradou a crianças e adultos, em teatro lotado.
Dirigida por Paula Press, a peça tem plasticidade e parece que trabalha com esculturas vivas. É dirigida a crianças menores, em especial, e tem linguagem própria para a faixa etária. Consiste em uma mistura de dança coreografada com circo-teatro, mudo, feito de microenredos, como uma série animada sem palavras, aos cuidados de duas bailarinas cômicas que vestem casulos de retalhos e fazem mímica para desenhar vários animais no palco nu.
As performances Fernanda Marques e Isabel Abrantes contornam então, na primeira cena, duas grandes aves, que podem ser avestruzes, com gestos e som instrumental ao fundo, jogos de pés, mãos e braços-asas.
As cabeças ficam nos casulos. As atrizes vestem malhas multifuncionais e, sob iluminação em close, destacam-se a Gestalt dos bichos que inventam com o corpo na caixa preta.
A segunda cena mostra três aves de cabeças e patas dianteiras verdes, uma ciscando e duas de cócoras. Elas aparecem de óculos e risonhas.
Na terceira há o esboço de voz, Ah-á, com duas aves cor-de-abóbora e outra azul. Elas aqui já surgem com cabeças expostas e dão início a quadros de metamorfoses. As aves se transformam em sapo, caracol e elefante orelhudo, com tromba divertida que sopra lantejoulas.
Na sequência, dois tatus-bolas entram rolando e viram pássaros que dançam balé ao som de flauta e violão.
Então surgem após dois pássaros verdes e um gato e em seguida em estranhos galináceos ou mamíferos –os bichos são um pouco abstratos nesse momento.
Depois um pato se transforma em animal de quatro patas, um cavalo que relincha.
O hibridismo continua até que as atrizes jogam todos os objetos de cena e figurinos no palco e se transformam em sereias.
Após isso elas ainda se transformam em macacas, comem bananas e interagem com o público.
O espetáculo evoca os números de picadeiro não só por rememorar a presença expressiva dos animais, mas também porque a coreografia das atrizes evoca números de contorcionismo e equilibrismo, já que também apresenta evoluções dos movimentos.
O resultado dessa curiosa performance do circo contemporâneo é a estimulação das crianças para a expressão corporal e brincadeiras de improviso como o corpo.
O Circo da Silva é um coletivo que pesquisa teatro físico e música. Alyne é preciso colocar aqui o Veja aqui o vídeo de HumAnimal filmado no Centro de Referência da Música Carioca.
Em seus dez anos de existência, o coletivo já apresentou outros espetáculos infantis, como o cortejo-cênico-musical Banda de Muvuca e o show de lançamento do disco {RIANTE!}, de 2011.
Confira aqui o trio que apresenta {RIANTE!}, Paula Press, Arturo Cussen e Reubem Neto:
O disco {RIANTE!} está disponível para download, confirme no blog da companhia:
http://circodasilva.blogspot.com.br/
Ficha técnica
“HumAnimal” (2013)
Direção: Paula Preiss; Performers: Paula Preiss, Fernanda Marques e Isabel Abrantes; Criação Coletiva: Anne Westphal, Juliana Coutinho e Paula Preiss; Músicas: Songoro Cosongo; Trilha sonora: Arturo Cussen e Javier Nasceu; Concepção casulo: Anne Westphal; Figurino: Lino Sales; Adereços: Patrícia Preiss; Iluminação: Arturo Cussen; Desenho: Pedro Pamplona 40 minutos. Para crianças a partir de sete meses.
* A jornalista é poeta, professora e crítica de teatro do “Guia”, da Folha de S. Paulo