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“Canção dos Direitos da Criança” é a dica do Estadão
A responsabilidade de fazer essa transposição para o teatro ficou a cargo da diretora Carla Candiotto, que não se limitou a ouvir as canções, mas foi a fundo para conhecer esse importante documento que é a Declaração dos Direitos das Crianças.
“Quando topei fazer o projeto, fui saber o que era exatamente a Declaração”, conta Carla. E foi aí que ela descobriu o trabalho de Eglantyne Jebb. “Foi essa senhora, que era de família rica, quem escreveu a primeira versão dos direitos da criança. Ela passou a vida cuidando de órfãos e seu trabalho ecoou 30 anos depois de sua morte com a ONU homologando sua carta.”
Foi o que norteou a história. “Queria mostrar às crianças que, algum dia, alguém fez algo para mudar a situação de humilhação e abuso infantil, mas, como o tema é difícil, teria de encontrar uma forma leve e divertida de fazer isso.” Surgiu, então, a ideia de contar a história de uma rainha má (Carol Badra), sob o comando de um primeiro-ministro ganancioso (Igor Miranda), que faz de tudo para ter o poder, e as Coisinhas (Fabiano Medeiros, Bernardo Berro, Carolina Rocha, Lucas Cândido, Rennata Airoldi e Thiago Ledier), quer dizer, as crianças que são chamadas assim por não terem nome. Tudo embalado pelas canções de Toquinho e Elifas.
“As músicas são atualíssimas e o tema cai como uma luva nos dias de hoje. Nelas já falávamos de bullying quando ninguém sabia o que era isso”, conta Toquinho, que diz estar lisonjeado por esse trabalho, que classifica como bem infantil e, ao mesmo tempo, com conteúdo. “Está emocionante”, enfatiza o compositor, que classifica ser a emoção uma das formas de saber se a arte é bem-sucedida ou não. “Tudo que se faz em arte tem de emocionar, isso é fundamental.”
Mas como fazer um espetáculo para crianças sem incluir a música Aquarela? Apesar de não integrar o trabalho, a canção marca presença no espetáculo. “Aquarela ficou assim como um símbolo infantil, já não tenho mais domínio sobre ele, mesmo após 35 anos de vida”, afirma Toquinho. E a diretora questionou o compositor sobre isso: “O que você colocou nessa música que não tem como não gostar?”. E a resposta: “É verdade, essa canção tem alguma coisa que faz com que as pessoas sejam levadas para outro lugar. É atemporal, emociona”.