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Arte em Movimento

As estripulias aéreas de Luciana Menin

Lu Menin em corda maromba/ Foto Divulgação

 

A trapezista  Luciana Menin, que também faz corda marinha e corda em balanço no ar, abre a oficina de sua arte

Com vários projetos para 2013 e atualmente em cartaz como atriz de “Jucazécaju”, sucesso de público e crítica na capital paulista, no Teatro Alfa, a mineira Luciana Menin é acrobata e trapezista do Circo Zanni e do Circo Amarrillo e já rodou mundo para aprender e apresentar sua arte circense.

No espetáculo, Luciana contracena com Manoela Rangel e as duas representam duas jacarés fêmeas. Elas imitam os movimentos dos bichos com saltos, cambalhotas e correrias, com graça e delicadeza. A peça conta a história de Jeca, Jaca e o amigo Jucazécaju, um filhote de dragão (Cafi Otta, do grupo Namakaca). O trio é perseguido por dois caçadores. Nos papéis deles estão de novo Luciana e Manoela. Versáteis, formam uma dupla de palhaços politicamente incorretos que pretendem transformar os jacarés em bolsas, cintos e sapatos.

No ano passado, no espetáculo de 2012, Lu Menin, como é mais conhecida, apresentou dois números novos no Circo Zanni: “Alfonsina”, solo de parada de mão que tem como base uma cadeira, e trapézio fixo, em interação com Erica Stoppel, também do Zanni, e Cassia Theobaldo, atriz convidada da temporada do picadeiro.

Acrobata de primeira linha, Lu faz estripulias e contorcionismos na cadeira, desde plantar bananeira até saltar atravessando o encosto vazado da cadeira, ao som de um tango que narra uma história trágica, mas que Lu transforma em piada de cabaré e ironia, que comenta em metalinguagem a própria atuação. O trapézio triplo é lento e ritmado ao som da canção “Rain Drops Keep Falling on My Head”. As três acrobatas dançam cambalhotas  e outras coreografias aéreas.

O Circo Zanni, que em 2013 já tem espetáculo previsto em Sorocaba (SP) e promete apresentações no teatro com números clássicos, é uma associação de nove artistas, entre eles, Domingos Montagner, palhaço e ator, da cia. La Mínima e da TV Globo, e Marcelo Lujan, diretor musical do Zanni e integrante do Circo Amarillo, em parceria com Pablo Nordio, com quem Luciana é casada e tem o filho Gael, de quase três anos.

Nesta entrevista, Lu Menin comenta sua participação no Circo Amarillo, que prepara o espetáculo “Na Estrada”, e relata sua formação em Belo Horizonte, Barcelona e na França e Inglaterra, em teatro, dança e nas artes aéreas do circo. Em Londres, foi discípula de Desmond Jones, com quem aprendeu mímica e teatro físico.

Lu Menin ainda explica como chegou a São Paulo e de onde vem a inspiração dos números que inventa. Desse modo, a acrobata e atriz revela um pouco como funciona a oficina do artista.

 

PINGUE-PONGUE

 

Peça "Jucazécaju"/ Fotos Divulgação/ Paulo Barbuto (esta e a da capa)

 

“Jucazécaju”

Panis & Circus – Como é fazer “Jucazécaju”, peça dirigida pela Carla Candiotto?

Luciana Menin – Incrível, eu me realizei. Sempre quis voltar ao teatro. Faço três personagens: um caçador, uma jacaré e um pássaro. A gente fez uma temporada bem-sucedida no Alfa em 2012, ganhamos seis indicações ao Prêmio Coca-Cola de Teatro Infantil e voltamos para esse teatro em janeiro 2013. Ganhamos o Proac de Circulação para a peça [incentivo financeiro para apresentar o espetáculo]. Adoro trabalhar com Carla.

 

 

Circo Zanni

Circus – Fale de seus números novos no espetáculo do Zanni de 2012.

Luciana Menin – Apresentei o número “Alfonsina”, que é um solo de parada de mão com uma cadeira e fiz uma apresentação de trapézio triplo com a Erica e a Cássia. Domingos Montagner dirigiu as atrações, que teve música de Marcelo Lujan e figurinos de Daniela Garcia.

Criei a personagem Alfonsina inspirada no tango “El Pañuelito Blanco” [1920; Juan de Dios Filiberto e Gabino Coria], sobre uma mulher que foi abandonada pelo amor da vida dela. Alfonsina achou o lencinho que o cara esqueceu e relembra toda a história daquele cara.

O tango representa uma tragédia, mas fiz do número uma atração divertida, é como se eu tivesse sempre de ponta-cabeça. Usei a técnica de parada de mão, que eu já queria explorar, e escolhi um estilo para contar a história, fazendo um truque atrás do outro. É quase como se eu achasse graça do drama, a ideia é essa.

Conheci essa música como “Lencinho Branco” ao ouvir Marisa Monte e vi que era a tradução de um tango argentino e resolvi fazer em espanhol. Comprei o microfone e fiz uma cantora, mesclando a interpretação com a técnica da parada de mão.

Circus – Defina o Circo Zanni: é contemporâneo ou tradicional?

Luciana Menin – É contemporâneo e é uma releitura do circo tradicional. A concepção do novo vem do fato de as pessoas serem novas. O novo e o contemporâneo se referem ao ano em que estamos. Ninguém do Zanni nasceu em família circense, o que faz dele um circo diferente daquele picadeiro de quem nasce no circo. As referências de quem faz escola e escolhe fazer circo são diferentes e daí começa meu ponto de vista. Mas o Zanni respeita, admira e retoma o que os artistas tradicionais fazem. Há um apresentador, que é diferente do mestre de cerimônia tradicional, e a apresentação dos números.

Circus – Há previsão do que o Zanni fará em 2013?

Luciana Menin – Se ganhar incentivos de Proac e ICMS, o Zanni fará uma circulação pequena, em Sorocaba, e vamos tentar outra circulação pequena, de clássicos do Zanni, números antigos.

 

 

Circo Amarillo

Circus – O que você faz no Circo Amarillo?

Luciana Menin – O Circo Amarillo é onde tenho mais trabalho na vida porque a gente faz muitos espetáculos – uma temporada atrás da outra. Em 2012, tivemos o Proac Circulação e foi um fim de semana em cada cidade no interior de São Paulo.

Circus – O que destaca no Amarillo?

Luciana Menin – O Circo Amarillo é uma escola de circo de rua. Pablo e Marcelo [os dois integrantes fundadores] são muito descolados em circo de rua e são uma dupla há muito tempo. Entrei no meio dos dois, parecia que eu estava com meus dois irmãos. Minha presença deu suavidade ao grupo.

Aprendo muito com eles, em especial, entrosamento e respeito ao trabalhar juntos e a experiência da rua. Eles não deixam passar um mosquito sem fazer piada e sempre estão a fim de treinar. São dispostos, sérios e criativos, foi um encontro incrível.

Em Paraty fiz um número de tecido que eu amarrei numa árvore e mão a mão com Pablo. Eu participava das esquetes de palhaço, tocava caixa enquanto eles faziam malabarismos, ou maracá. A Maíra Campos [também associada do Zanni] entrou cerca de oito meses depois, em 2004, e viramos um quarteto. Foi demais: duas brasileiras e dois argentinos deram mais um número técnico para o espetáculo.

Circus – Descreva o espetáculo do Circo Amarillo do qual você participa.

Luciana Menin – A primeira atração, charivari, é a abertura com acrobacias coletivas. Criei um número de double trapézio com Pablo na volta de Parati, com o tango “Caminito” [1926; Juan de Dios Filiberto e Gabino Coria].

Há mais um número em que Marcelo toca ao vivo e eu e Pablo fazemos piadas no trapézio.

Continuo no Amarillo no “Experimento Circo”. Só estou nesse espetáculo. Temos nove anos com esse espetáculo. Eles têm “Sem Concerto” e agora montaram “Clake” e já estrearam no interior, pois há um incentivo para Circulação no interior de São Paulo.

A gente acabou de ganhar para o Amarillo novo incentivo para realizar o espetáculo “Na Estrada”, que conta a história de uma família cigana nômade dos anos 30. Marcelo Lujan dirige e eu e Pablo atuamos. “Na Estrada” é o meu segundo trabalho com o Circo Amarillo.

 

Lu Menin/ Foto Divulgação

 

Formação profissional

Circus – Quais as lembranças do circo da infância?

Luciana Menin – Não tenho lembrança de circo ou de palhaços na infância, mas de trapezistas, que sempre chamaram minha atenção, os acrobatas do alto.

Circus – Como começou a vida artística?

Luciana Menin – Comecei dançando balé, com três anos, depois passei para a capoeira, com 15 anos, então fiz jazz contemporâneo, passei para aeróbica de competição e cheguei ao teatro. Primeiro achei que seria bailarina e depois, atriz. Fiz teatro clássico e estudei William Shakespeare (1564-1616), Constantin Stanislavski (1863-1938), Anton Tchekhov (1860-1904). Fiz um curso clássico em Belo Horizonte e cursos livres. Em todo final de ano a gente montava algum espetáculo.

Em um deles fiz o papel da viúva Popova, personagem de Tchekhov, aos 21 anos. Eu começava chorando. Vi que eu gostava daquilo e pedi a meu pai para morar fora do país para estudar. Paralelamente ao teatro eu sempre trabalhava com as artes do corpo: capoeira, jazz, balé contemporâneo.

 

Desmond Jones/ Foto Divulgação

 

Londres com Desmond Jones

Circus – Você morou em Londres?

Luciana Menin – Sim, com amigos. Convenci meu pai e fui trabalhar com um grupo de dançarinas brasileiras. Fui também faxineira, garçonete, mas consegui manter meu lado artístico. Com esse grupo, fiquei sabendo de uma escola de teatro físico, de mímica, com Desmond Jones.

Circus – Conte sobre o trabalho com Desmond Jones.

Luciana Menin – Eu bati à porta do Desmond Jones e expliquei minha história. Fui à casa dele fazer uma entrevista e ele me aceitou na escola. Em 1996, fiz um curso intensivo de três meses com ele e depois mergulhei oito horas por dia no teatro físico e no exercício da mímica.

No final ele pediu para eu prometer que ia viver de arte. Isso mudou minha vida. Antes eu fazia colar, ganhava dinheiro de outra forma. Fiz o espetáculo de término do curso, uma montagem de esquetes do próprio curso com temas do teatro físico e da mímica.

A gente criou um número a partir de um clássico com um pássaro chamado Chicken Licken, ele saía para avisar aos amigos que o céu ia cair.

Fiz também uma esquete em que a gente era policial dentro de uma delegacia de polícia.

Em ainda outra esquete, eu contava uma história que se duplicava: tudo o que a menina contava com texto a gente fazia com o corpo, foi uma delícia. Houve tanto público que a gente teve de fazer sessão extra, mesmo sendo espetáculo de final de curso.

O trabalho com Desmond Jones foi tão legal que deu para ver como seria trabalhar com arte e pôr em prática aquilo. No final de 1996 saí de Londres, voltei para Belo Horizonte.

 

Spasso/ Foto Divulgação

 

Belo Horizonte na Escola de Circo Spasso

Circus – Voltar à terrinha foi bom?

Luciana Menin – Procurei outros cursos. Havia uma francesa que dava aulas de clown e eu fiz curso de clown, na Spasso Escola de Circo, que era de circo e educação física, acrobacia e dança. Fiz o curso para atriz e aulas de dança.

Circus – E a formação circense?

Luciana Menin – Em 97 comecei o curso de três anos de formação profissionalizante circense na Spasso, fui da primeira turma. A gente aquecia com tai chi chuan, tinha aula de capoeira, malabarismo, equilíbrio na perna de pau ou monociclo, aula de números aéreos, de dança e teatro.

 

Lu Menin no trapézio/ Foto Divulgação

 

Trapézio: emoção da primeira vez

Circus – Quando você se tornou trapezista?

Luciana Menin – A primeira vez em que subi no trapézio parecia que eu já tinha feito aquilo, foi louco. Do ponto de vista biodinâmico, sou pequena, carrego menos peso e então deu certo. Por isso fui abandonando o teatro e as outras coisas que eu fazia, fiquei trapezista e acrobata de parada de mão.

 

Lu Menin em apresentação do Circo Zanni em 2012/ Foto Asa Campos

 

Parada de mão

Circus – Você teve um professor cubano?

Luciana Menin – Ele era do espaço Antônio, de Belo Horizonte, e dava aulas de parada de mão. Demorei alguns meses para aprender, mas insisti e ele me chamou para montar um tango acrobático com umas pegadas de mão a mão. Ele dança tango e me ensinou uns passos, chegamos a nos apresentar duas vezes, mas ele desencanou e eu segui adiante.

Em Belo Horizonte, existia o grupo Trampolim e a gente da escola entrou para o grupo e fez o primeiro espetáculo, com direção de Geraldinho Miranda, um dos fundadores da Intrépida Trupe, um profissional importante para Belo Horizonte, pois a cidade sempre foi carente de professores.

Em 1997, no Oraprocircus, fui trapezista e fazia acrobacia de dois, com um menino, e a gente tocava e cantava ao vivo. Esse espetáculo era de rua. Geraldinho levou a gente para a praia de Copacabana e montou o espetáculo na areia. O mar invadiu o espetáculo, mil histórias. Nós nos apresentamos na Fundição Progresso, também no Rio, em festivais de Londrina, e em São Paulo, na primeira Circunferência.

Em 1999 a gente veio com o grupo Oraprocircus e conheceu todo mundo: Erica Stoppel, Fernando Sampaio [também do Circo Zanni e da cia. La Mínima], Pablo Nordio, Rodrigo Matheus [do Circo Mínimo].

Ainda no grupo Trampolim, em Belo Horizonte, a gente produziu outro espetáculo. Chamamos o Rodrigo Matheus para dirigir – “A Ponte” -, mas não deu muito certo, porque a carga de teatro era grande para um grupo circense naquele momento.

Então tive um momento de reavaliação. Saí de “A Ponte”, espetáculo baseado em texto de Tchekhov. Era muito sério para aqueles jovens, foi meio ansiedade, um passo grande demais ao tentar fazer teatro com circo.

Resolvi só trabalhar com circo e avisei a Erica e a Rodrigo. Eles começaram a me convidar para um monte de eventos. Eu vinha a São Paulo e voltava para Belo Horizonte. Trabalhei com eles em “Fantasmas”, que apresentamos em Curitiba na Ópera de Arame, com o pessoal da Central do Circo. Eu era a artista convidada.

 

 

A vez de São Paulo com Erica Stoppel

Circus – Como se deu a aproximação com Erica Stoppel e Fernando Sampaio, que hoje são seus sócios no Circo Zanni?

Luciana Menin – A gente chamou a Erica para dar uma oficina de trapézio lá na Spasso (MG). Nossa escola era baixa para os aparelhos aéreos e não dava para balançar, mas eu queria fazer trapézio em balanço.

Erica então se ofereceu para me ensinar na casa dela em São Paulo. Dali a um mês, construí meu trapézio em balanço aqui em São Paulo, com a orientação dela, e fiz a oficina.

 

Corda marinha no balanço da rede

Circus – Por que decidiu fazer corda marinha?

Luciana Menin – Eu já havia começado a aprender trapézio em balanço e aí a Erica me propôs que eu fizesse o número numa rede de balanço. Gostei muito daquela pegada, pois não tem barra embaixo. Gostei da instabilidade e aí fui treinar a corda marinha, por descobrir que eu gostava mais dos números com esse aparelho do que do trapézio em balanço.

Circus – E o começo em São Paulo?

Luciana Menin – Em São Paulo, Marcelo Milan me treinou todos os dias, por três meses, na corda marinha, e ele fazia minha lonja. Milan tem o grupo de circo Nosotros. Apareceu então em Cotia um bando de malabaristas. Milan me falou para eu estrear com eles, aí conheci o Pablo Nordio. Estamos juntos há dez anos e o Gael nasceu vai fazer três anos.

Eu e Pablo começamos a treinar juntos equilíbrio de mão a mão, parada de mão e saídas na mão dele. Pablo é argentino, mas resolveu ficar no Brasil e me convidou para ir a Paraty fazer espetáculo de rua em 2002, com o Marcelo Lujan junto. Fiz o espetáculo em 2003 com eles, que já eram do Circo Amarillo. Daí para a frente não paramos mais de trabalhar juntos.

 

Aventura em Barcelona: parada de mão e double trapézio

Circus – Você se mudou nessa época para São Paulo?

Luciana Menin – Erica me convidou para eu morar na casa dela e fiquei lá por cinco meses. Ela e Fernando [que são casados] me adotaram. Juntei uma grana e fui para Barcelona porque tinha um professor cubano lá e eu queria fazer um curso de parada de mão com ele.

Em Barcelona treinei parada de mão, conheci a chilena Sol e comecei a treinar um número com ela no double trapézio na escola do Ateneu, uma escola de circo. Eu fazia um número de tecido por semana para ganhar a vida e praticava parada de mão até que fui para a França. Depois voltei para Barcelona mais uma vez e só então me estabeleci em São Paulo, em 2002.

 

Corda marinha em balanço na França

Circus – E depois de Barcelona?

Luciana Menin – Fiquei três meses em Barcelona e três meses na França. Morei com cirqueiros num trailer em Marselha, com o Pierrot Bidon (1954-2010). Eu liguei para Pierrot Bidon e disse a ele que eu queria aprender a fazer corda marinha em balanço. Eu sabia que o grupo dele tinha um aparelho desses e Bidon me chamou e disse que tinha um trailer para mim.

Pierrot Bidon foi um mestre. Foi o fundador do grupo Archaos, de circo contemporâneo, na França. Ele fez um projeto aqui que foi o Circo da Madrugada, no Rio de Janeiro. Bidon juntava artistas franceses e brasileiros.

Em Marselha, foi maravilhoso, aprendi muita coisa também com o professor Pierre Dumur, que era um fenômeno na França. Ele me deu dicas específicas. A corda marinha é um aparelho parecido com o trapézio, só que sem barra, instável, aberto.

Dumur dizia que, quando eu parasse de escutar o vento, estava na hora de fazer os truques. Eu tinha aulas ao ar livre. Em caso de chuva a gente não cancelava a aula, só em casos de vento, e eu rezava para não chover.

Ele é um cara rutz daquele aparelho. Foi comigo comprar minha corda.

Eu também tive aulas com Guga Carvalho.

 

Circo da Madrugada/ Foto Divulgação

 

Vida no trailer

Circus – Como foi morar no trailer?

Luciana Menin – Incrível. A gente morava num antigo abatedouro de animais. Estava abandonado e os cirqueiros o invadiram. Cada um colocou seu trailer numa rua. Havia dois galpões onde se podia treinar.

No Circo da Madrugada treinávamos ao ar livre, eles tinham uma megaestrutura para teatro de rua.

 

Cia. Linhas Aéreas/ Foto Divulgação

 

Cia. Linhas Aéreas

Circus – Você integrou a cia. Linhas Aéreas?

Luciana Menin – Foi uma paquera enorme já em Belo Horizonte. Fizemos “As Linhas de Lina”, baseado no trabalho de Lina Bo Bardi, com figurino da Dani Garcia. Fiquei cinco meses com o grupo, que só tem mulheres e explora circo e dança. A trilha desse espetáculo tinha Villa-Lobos. Ziza Brisola tem um repertório lindo e o espetáculo é singelo. Ela e Erica Stoppel eram as donas da companhia. O elenco era composto por mim, Bel Mucci [do Circo Zanni] e Luciana.

 

Ilha deserta com Disney

Circus – Quais dramaturgos ou circenses você levaria para uma ilha deserta?

Luciana Menin – Sou louca pelos desenhos animados do Walt Disney. Eu me inspirei muito para trabalhar no “Jucazécaju” em desenhos como o do Buzz Lightyear e do Woody. Eu gostaria de ter saído do desenho “Bernardo e Bianca”.

 

Chaplin, Buster Keaton e o teatro físico

Circus – Outras inspirações?

Luciana Menin – Chaplin e Buster Keaton e os caras que sabem falar com o corpo. O neto do Charles Chaplin é novo, chama-se James Thiérrée e tem a minha idade. Eu me inspiro no teatro físico, linguagem de que gosto muito.

 

Japão, Bogotá e Canadá

Circus – Como foram suas experiências no Japão e no Canadá?

Luciana Menin – No Japão fiz um contrato com uma companhia inglesa num parque temático, a Universal Studios de Osaka. Eu fazia corda marinha ao ar livre a uma altura de 14 metros do solo. Eram quatro cordas ao mesmo tempo em um show de Halloween para um público japonês de 2.000 pessoas por dia. Essa mesma cia. inglesa me chamou para ir para Bogotá logo em seguida, então, eu saí de Osaka e fui para Bogotá com o mesmo número, mas em outro espetáculo. Não cheguei a trabalhar no Canadá, fiz dois cursos intensivos lá, com um professor russo que tem um estúdio nesse país.

 

Pablo Nordio, Tomas (filho de Fernando Sampaio e Erica Stoppel) e Gael, no colo de Maíra Campos, em espetáculo do Circo Zanni em 2012/ Foto Asa Campos

 

Família

Circus – Fale do Gael, seu filho. Como ele encara o circo?

Luciana Menin – Gael diz sempre que quer trabalhar – ele faz um número chamado terceira altura, com Fernando Sampaio em cima do Pablo e ele em cima do Fernando. Gael também toca música com a gente com uma guitarra de brinquedo. Ele começou a trabalhar muito cedo, dentro da minha barriga, trabalhei grávida até o começo do nono mês, então, ele já entendeu o ritmo da mãe dentro da barriga.

Voltei a fazer um espetáculo quando ele tinha 35 dias. Acho que ele nem sabe o que é não ser de circo, apesar de não sermos nascidos no circo. Nessa rotina de a mãe fazer espetáculos, ele fala que dia de semana é dia de escolinha e os fins de semana são dias de espetáculos. Ele não sofre nem um pouco, adora, é da primeira geração de uma família circense. 

 

 

“Jucazécaju” em cartaz

Peça inspirada em “As Asas de Crocodilo”, livro de Gilles Eduar, adaptada por Rodrigo Matheus (Circo Mínimo) e Carla Candiotto (cia. La Plat Du Jour), que assina a direção. A também atriz Candiotto é ganhadora dos prêmios FEMSA 2011 pela direção de “Histórias por Telefone” e APCA 2011 por “Histórias por Telefone”, “A Volta ao Mundo em 80 Dias” e “Sem Concerto” (Circo Amarillo) na categoria de Melhor Direção. Coreografia: Adriana Telg. Figurino e cenário: Marco Lima. Iluminação: Wagner Freire. Trilha sonora: Hélio Ziskind e Ivan Rocha.

 

Cartaz do espetáculo "Jucazécaju"

 

Serviço

Teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro. Tel.: 0 xx 11 5693.4000). Duração: 50 minutos. Sábados e domingos, às 16h00. Até 31/03. Ingressos: R$15,00 (crianças até 12 anos) e R$30,00 (adultos). 

Teatro Alfa

Comentário sobre o “Jucazécaju”

 

 

Artistas do Circo Zanni e convidados na temporada de 2012/ Foto Asa Campos

 

Links para o pessoal do Circo Zanni

Pablo Nordio e Marcelo Lujan

Erica Stoppel

Fernando Sampaio

Maíra Campos

Domingos Montagner

 

(Ana Cristina Benozatti e Mônica Rodrigues da Costa)

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