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Circo na roda da política
Abracirco comemora 35 anos com projetos para o picadeiro
Artistas circenses se reuniram na Câmara Municipal de São Paulo na sessão de 14 de maio para comemorar os 35 anos da Associação Brasileira do Circo (Abracirco). A ideia da homenagem partiu dos políticos organizadores e convidados do evento com a finalidade de destacar os problemas do circo.
“O escritório do Ministério da Cultura, em São Paulo, está de portas abertas para apoiar o circo”, afirmou Mônica Severo, assessora do Ministério da Cultura. Severo falou em nome da ministra Ana de Hollanda e de Antonio Grassi, presidente da Fundação Nacional das Artes, que não compareceram ao evento.
O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL/SP) falou que esse gênero estético está desaparecendo por falta de iniciativa governamental. “Chamamos a atenção, em conjunto com o vereador Toninho Paiva e artistas, para projetos de incentivo ao circo na Assembleia Legislativa de São Paulo”, disse Giannazi.
Deputado estadual Carlos Giannazi
A assessora do deputado federal Tiririca (PR) enfatizou a valorização do circo pelo político Francisco Everardo Oliveira Silva, que tem esse apelido como artista do circo e da televisão.
“Quem acompanhou e conhece a história do deputado Tiririca sabe da importância do circo na vida dele e o quanto ele valoriza essa arte. Como o deputado Carlos Giannazi falou, são poucos parlamentares que sabem da importância da atividade circense. Entre eles, estão o deputado Tiririca e o vereador Toninho Paiva”, disse a assessora, Daniela da Silva Rocha.
Toninho Paiva (PR/SP)
A certo momento, o palhaço Chuchu, de 73 anos, e que foi dupla de Piolin, tomou a palavra para dizer que é neto e bisneto do circo e que, desde que nasceu, vive sob a lona.
O prefeito de Lucélia, João Pedro, destacou o trabalho em defesa do circo, realizado por Giannazi e pelo vereador Toninho Paiva, e acrescentou: “Eu também estou ao lado deles”.
O prefeito João Pedro da cidade de Lucélia
Pedro contou que colocou em votação na Câmara Municipal de sua cidade, ao lado da Abracirco e do deputado Tiririca, a Lei de Proteção ao Circo. Ela foi aprovada e responde a várias reinvindicações pedidas pela Abracirco, como isenção de taxas e disponibilidade de terreno para o circo.
A seguir, leia outros depoimentos dos artistas e políticos que apoiam o circo e que estiveram presentes na sessão.
Circo faz cultura circular no Brasil
“O Brasil tem uma dívida com o circo e por isso precisa financiá-lo com o dinheiro público. Ele faz parte do imaginário da população, de nossa memória afetiva. É importante que a gente organize um grande movimento no Brasil em defesa do circo”, disse Giannazi.
“Assisti pela primeira vez a um show ao vivo dentro de um circo, quando eu morava no Jardim Primavera, na zona sul de São Paulo. Lá não tinha Casa da Cultura, biblioteca, não tinha nada. O único acesso à cultura era no circo que armava a lona no bairro. Eu via pela TV. Fiquei impressionado quando estive no circo pela primeira vez. Tocavam bateria, contrabaixo e guitarra. O espetáculo carregava também o teatro. Meu primeiro contato com a cultura foi por meio da arte circense.”
Deputado Carlos Giannazi (PSOL/SP)
Prefeito disse que incluirá outros prefeitos na defesa do circo
“Sou do município de Lucélia, interior do Estado de São Paulo, perto do rio Paraná, nas proximidades do Mato Grosso do Sul. Agora, depois da Lei de Proteção ao Circo, queremos reunir a Abracirco com a Associação dos Municípios da Nova Alta Paulista, que são 31 municípios, e com o Ministério da Cultura para fazer com que outros prefeitos defendam o circo.”
“Em abril, tivemos a presença do Circo do Rapadura em Lucélia. Fizemos um acordo com ele e [levamos] 1.250 alunos da rede fundamental para participar do circo. Quando a banda da Polícia Militar tocou músicas do circo, lembrei-me da minha infância. Meu pai era músico e participava da banda da cidade, que tocava sempre que um circo chegava à cidade.”
João Pedro Morandi, prefeito de Lucélia (PT/SP)
Pai de Bozo, palhaço Chuchu lembra suas famílias circenses
“Faço parte de duas famílias tradicionais de circo: da família Alves e da Monteiro. Alves foi um dos melhores trapezistas do Brasil e viajou pelo mundo todo. Estou aqui representando essas famílias, junto com meu irmão e com minha sobrinha, que é do Circo Mágico Moscou.”
“Sou pai de um artista que coloquei na televisão, o palhaço Bozo, que fazia programa no SBT, que é o Luiz Ricardo. De coração aberto digo a vocês que o circo é alegria, é fantasia, é beleza, é cultura, é educação. Sou professor de arte circense, dou aula em Barueri para 186 crianças para que elas façam com que o espetáculo não pare.”
Palhaço Chuchu
Espaço para armar a lona e projeto nas subprefeituras
“Quem não conhece os palhaços Piolin (Abelardo Pinto, 1897-1973), Torresmo, Casquinha, Arrelia e Pimentinha? Por eles e por nós também – apreciadores da arte circense – é que está sendo feito o trabalho de resgate do circo. As apresentações do palhaço Bambolê e o número de equilibrismo com as taças fizeram a gente se lembrar das artes circenses.”
“Antes, havia espaço para armar um circo em cada bairro. Agora, lutamos com alguma dificuldade para que o Circo Spacial ocupe uma área nobre no bairro Anália Franco. A conquista de espaço para o Stancowich, que está hoje na Radial Leste e ficará lá até quando for benéfico a ele, teve nossa participação.”
“Estamos com projeto para que cada subprefeitura tenha a obrigação de reservar um espaço para instalação de circo – que traz na bagagem longa história.”
“O começo é na China, cinco mil anos atrás. Lá, foram encontradas pinturas com figuras de acrobatas, contorcionistas e equilibristas. Há também registros de pinturas de malabaristas no Egito e na Índia. Na Grécia, o contorcionismo era modalidade olímpica.”
Crianças fazem a festa na Câmara Municipal de SP
“O circo atual, com o picadeiro, foi criado por um oficial inglês. Era o circo de Philip Astley [inaugurado 1768, em Londres], onde eram apresentados espetáculos de montaria. Mas ele percebeu que para entreter o público precisava de outras atrações e por isso juntou saltimbancos, equilibristas e palhaços.”
Toninho Paiva, vereador, e Camilo Torres, presidente da Abracirco
“Quero deixar aqui o compromisso de continuar trabalhando para que o circo tenha o espaço merecido.”
Toninho Paiva, vereador (PR/SP)
Projetos em andamento para as cidades paulistas
“Está em andamento a emenda que trata da implantação do circo escola da Abracirco na cidade de Lucélia. Há estudo sobre como recuperar um espaço que era do circo localizado no Anhembi. Há também projeto de lei, que já passou por todos os trâmites… Outra ação nossa é o projeto para que todas as cidades de São Paulo dediquem um espaço físico estruturado (com água, luz e toda a infraestrutura básica) para receber o circo e que inclui o teatro de rua. Esse projeto deve ir à votação em breve e precisamos que todos os circenses se unam em torno dele.”
Camilo Torres, diretor-presidente da Abracirco
Crédito das fotos: Asa Campos
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5 Responses to "Circo na roda da política"
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Se mais políticos apoiassem o circo, teríamos o reconhecimento merecido.
Poxa, muito boa a iniciativa. Fico feliz em saber que existem políticos preocupados com o circo.
circo é arte.
Não podemos abandonar o circo, circo é cultura, é arte é educação para as crianças.
Mais incentivo por favor