Arte em Movimento
Circo entra em campo no Canadá
Circo à beira do rio, em lugar paradisíaco, encantou população das pequenas vilas próximas à Cap-Saint-Ignace
Bell Bacampos, de Cap-Saint-Ignace*
“Aconteceu um encontro mágico entre os artistas e a população das pequenas vilas da região, no Cirque en Fleuve (Circo no Rio)”, afirma Marie-Claude Bouillon. “No segundo dia das apresentações (o da Residência Artística), a lona estava cheia. Não tinha mais nenhuma cadeira vaga”, acrescenta Alain Veilleux.
Ele e Marie-Claude organizaram a 4ª edição do Cirque en Fleuve, que aconteceu à beira do rio Saint Laurent, ao lado do moinho histórico Vincelotte, próximo à cidade de Cap-Saint-Ignace, no Canadá, de 20 a 23 de agosto. Alain respondeu pela direção artística, e Marie-Claude, pela direção geral e coordenação.
Em entrevista ao Panis & Circus, eles afirmaram que foi surpreendente a afluência e receptividade do público – ainda mais porque parte dele, espalhado por vilas e fazendas próximas à Cap-Saint-Ignace (cidade de 8 mil habitantes, distante 100 km de Quebec) não está acostumado a sair em busca de atividades culturais.
Mais: o Cirque en Fleuve está longe de ser um evento “comercial” e não está focado na recreação mas na recriação. “Buscamos a experimentação artística e o público reagiu muito bem à proposta”, afirma Marie-Claude. (Leia mais sobre a entrevista de Marie-Claude e Alain na seção E com vocês).
Os artistas brasileiros Daniel Pedro, Maíra Campos (do Artinerant´s) e Luu Li participaram da Residência Artística do Cirque en Fleuve – que durou cerca de 25 dias. Eles foram destaque – ao lado de Marie-Claude e Alain – da edição do jornal L´Oie Blanche – conforme mostra a capa dessa edição do site. Os canadenses Anouk Charest e Laurence Tremblay também participaram da Residência Artística.
Parada Artística
Para convocar o público a ir ver as apresentações do “Cirque en Fleuve”, no Moinho Vincellote, às margens do rio, de 20 a 23 de agosto, foi feita uma Parada de Abertura do evento, “Ode ao Rio”, em 13 de agosto, em Cap-Saint-Ignace.
Veja Galeria de fotos da Parada.
Residência Artística
Antes das três apresentações da Residência Artística, na noite de 22/8, Alain Veilleux reuniu o público em frente à lona e descreveu um pouco do que iria ser mostrado, em síntese, do que eles iriam ver.
A primeira apresentação foi a do circo-multimídia, “Dans l’oeil”, criado pelos artistas Anaouk Vallé e Eric Gagnono, do Quebec. Vallé fez acrobacias em um trapézio em que era projetado um vídeo ao som de músicas eletrônicas.
O segundo espetáculo da Residência Artística tinha como título “O resto é ruído”, apresentado pela cia. brasileira Artinerant’s, de Maíra Campos e Daniel Pedro, e contou com a participação da artista também brasileira Luu Li. Inspirado no livro “O circo do dr. Lao”, de Charles G. Finney, foi muito bem recebido pelo público.
Maíra Campos gostou da solução encontrada por Alain Veilleux na divisão em três tempos do número do arame e não se sentiu impedida, por estar grávida de quatro meses, de equilibrar-se no fio.
O terceiro espetáculo, “Equilibrium”, foi apresentado pelos artistas Laurence Tremblay, de Quebec, Luu Li, do Brasil, e Marie-Claude e seu cavalo Ophéo.
Marie-Claude explicou que “Equilibrium” esteve centrado na disputa entre a vida e a morte. A vida, representada pelo aramista canadense Tremblay-Vu, e a morte, pela acrobata brasileira Luu Li, na corda lisa suspensa. A vida por um fio e a morte suspensa na corda lisa, sob os olhares e comando de Marie-Claude, montada em seu cavalo branco.
Jornada Campestre
O último dia do Cirque en Fleuve começou com música tocada por Nadine Boucher em frente ao Moinho Vincelotte – local onde foi instalado um bar para venda de bebidas, salgados e doces.
Depois teve a apresentação do artista canadense Guillaume Doin que por estar participando de um evento apresentado por La Centaurée, laboratório de circo equestre, veio vestido a caráter: de jóquei. E trouxe seu cavalo, ou melhor, sua bicicleta com direito a um rabo azul na garupa.
Como jóquei-ciclista, fez volteios com a bicicleta/cavalo, deixou-a em duas patas, ou melhor, em duas rodas, a dirigiu com um cabresto preto e subiu em cima do guidón. Impossível não rir e deixar de aplaudir a criatividade e técnica do jóquei/ciclista Guillaume.
*Colaborou Antonio Gaspar
Capa: jornal L´Oie Blanche que fala da arte do Cirque en Fleuve. Fotos da capa: à esq. Marie-Claude, e seu cavalo; Luu Li, Maíra Campos (sentadas à mesa) Daniel Pedro e Alain Veilleux; à dir. cena de acrobacia de Maíra Campos e Daniel Pedro, Luu Li (na corda lisa) e ao fundo Marie-Claude.
Postagem – Alyne Albuquerque