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Com nariz de palhaço, médicos protestam nas capitais do país
Com cartazes irônicos como o que compara o preço de uma ‘escova progressiva ’ feita no cabeleireiro (R$ 300) com o preço de um parto feito pelo SUS (R$ 150), eles vão à rua.
Da Redação
Manifestações contra a proposta do governo federal de trazer médicos estrangeiros para trabalhar no interior do país sem revalidação do diploma tomaram, na quarta-feira 3/7, as ruas das principais capitais do país.
Em São Paulo, o protesto reuniu cerca de 5 mil médicos, estudantes de Medicina e profissionais da Saúde e interrompeu a Avenida Paulista, em São Paulo, por mais de quatro horas. Os manifestantes caminharam até a sede da Presidência da República, na Avenida Paulista, e foram recebidos por representantes do governo federal.
O médico peruano Raul Micalay, que há dois anos fez o exame de revalidação para fazer residência em cirurgia cardiáca no Brasil, estava entre os apoiadores da manifestação. “No Peru, como no Brasil, existem muitas faculdades fracas. É preciso garantir que o médico que vem de fora tenha formação decente. Um médico que tenha boa formação e estude um pouco consegue passar na prova.”
Mais de 4 mil médicos protestaram em Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Rio, além de Brasília.
Com nariz de palhaço e faixas com dizeres ‘Parto pelo SUS: R$ 150. Escova progressiva: R$ 300’, 200 médicos no Rio fizeram ato na Cinelândia e na Assembleia Legislativa. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo em 4/7.
Leia abaixo o depoimento da médica Juliana Mynssen de Fonseca Cardoso sobre “Médicos de qualidade, hospitais abaixo da qualidade”, citado pelo jornalista Elio Gaspari, em O Globo (30/6) e Folha de S.Paulo.
Clique aqui para ler o comentário da médica.
Queda da popularidade dos governantes
Após os protestos que reuniram mais de 1 milhão de pessoas nas ruas, a popularidade da presidente Dilma Rousseff sofreu uma queda sensível. A avaliação positiva do governo petista caiu 27 pontos em três semanas, segundo Pesquisa DataFolha realizada em 28/6 e que ouviu 4717 pessoas em 196 municípios. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
Na primeira semana de junho, antes da onda de protestos que irradiou pelo país, a aprovação era de 57%. Em março, seu melhor momento, o índice era mais do que o dobro do atual, 65%.
A deteriorização das expectativas em relação a economia também ajuda a explicar a queda da aprovação da presidente. A avaliação positiva da gestão econômica caiu de 49% para 27%.
Alckmin e Haddad
Essa mesma pesquisa Datafolha captou também a queda de populariedade do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e do prefeito Fernando Haddad (PT/SP).
A aprovação de Alckmin caiu 14 pontos no intervalo de três semanas – os 52% de avaliação positiva do tucano em 7 de julho, pouco antes do início dos protestos, foram reduzidos para 38% na pesquisa recente.
Abalo ainda maior foi sentido por Haddad, cuja administração só tem seis meses. Seu índice de aprovação caiu 16 pontos em três semanas, de 34% para 18%. A reprovação do petista (soma dos julgamentos ruim e péssimo) subiu de 21% para 40%.
Cabral e Paes
O governador Sérgio Cabaral despencou 30 pontos na pesquisa. No levantamento de sexta-feira (28/6), ele obteve 25% de ótimo e bom, a menor pontuação da série. A soma de ruim e péssimo é maior, 36%. A imagem do prefeito do Rio, Eduardo Paes, sai igualmente lesada. Desde agosto de 2012, seu índice de aprovação caiu de 50% para 30%. A desaprovação fez a trajetória inversa. Subiu de 12% para 33%. As informações são da Folha de S.Paulo, no sábado 29/6 e na terça 2/7.
Caminhoneiros param estradas; PF é chamada
A expectativa dos governos era de que os movimentos das ruas diminuissem em julho. Não se contava, no entanto, com o surgimento de demandas de categorias fortes como os caminhoneiros, que podem prejudicar a atividade econômica.
O bloqueio de estradas que, em 3 de julho, entrava no seu terceiro dia e é promovido pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC) fez com que a presidente Dilma Rousseff usasse o lema da Bandeira Nacional, ‘Ordem e Progresso’ para criticar o movimento. ‘Ordem significa democracia, mas significa respeito às condições da produção, da circulação e da vida da população brasileira’, afirmou em cerimônia pública no Palácio do Planalto. O ‘progresso’, de acordo com Dilma, podia ser visto naquela cerimônia, com a abertura, pelo governo, dos 50 terminais portuários privados.
Por isso, a Polícia Federal vai investigar a interdição das estradas.
Em São Paulo, cerca de 300 manifestantes atearam fogo a oito cabines de pedágio na Rodovia Zeferino Vaz (SP-332), que liga Campinas a Cosmópolis, na quarta-feira 3/7. Os atos de violência foram repudiados pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), que afirmou que pretende identificar e prender os responsáveis pelo incêndio. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo, de 4/7.
Postagem: Alyne Albuquerque
Tags: Avenida Paulista, Manifestação, Médicos