Arte em Movimento
Galpão do Circo tem vagas abertas
Fernanda Araujo, especial para Panis & Circus
Ano letivo
O Galpão do Circo, umas das mais renomadas instituições de ensino circense do Brasil, voltou às aulas em 1º de fevereiro, parou no Carnaval, mas ainda dá tempo de garantir a matrícula desse ano. O local criado por Alex Marinho há 15 anos é especializado no ensino, pesquisa e desenvolvimento pedagógico da arte circense. Além de preparação física, os alunos estudam acrobacias, acrobalance, aéreos, equilíbrios, malabares e palhaço. Há opções para crianças, jovens e adultos, amadores e profissionais.
Localizado na Vila Madalena, o espaço não tem luxo, nem estacionamento, mas prima por segurança e qualidade. Há inúmeros colchões, seis trapézios, nove tecidos e dezenas de aparelhos. Ali ninguém fica parado aguardando a vez para se exercitar.
Os cursos são livres, sendo possível ingressar em qualquer época do ano (exceto no meses de outubro e novembro quando os alunos fazem os ensaios finais). Os valores são cobrados a partir do mês de entrada do aluno, ou seja, os meses anteriores não são cobrados. O preço inclui o curso de férias de julho, entretanto, o aluno pode optar pode não fazê-lo e, neste caso, o referido mês terá um desconto. Os cursos mais concorridos são os aéreos (há seis turmas), mas a procura pelos programas infantis também é grande.
Não há uniforme específico. É recomendado o uso de roupas confortáveis e cabelos presos. As meias são necessárias para o uso da cama elástica e da perna-de-pau. Apenas o abadá da capoeira é adquirido diretamente com o professor.
Ainda há vagas para todos os cursos, mas é bom correr, pois alguns são bem concorrido. A dica e inscrever-se logo!
Alex Marinho, o dono do Galpão
Estudante de engenharia mecatrônica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, nos anos 90, Alex Marinho também tinha aulas de capoeira com o Mestre Brasília, quando ficou sabendo que era possível aprender a arte circense em escola. E lá foi ele bater às portas do Circo Escola Picadeiro, que ficava onde é hoje o Parque do Povo, e deixou de lado a engenharia mecatrônica para ficar com engenheira circense.
Em 1992 ajudou a fundar a Cia. Cênica Nau de Ícaros (grupo que une teatro, dança, música e artes circenses, atualmente sob direção de Marco Vettore). Também com a Nau de Ícaros dirigiu o projeto-escola de 1997 a 2002, ano em que se separou do grupo e fundou o Galpão do Circo, na Vila Madalena.
Ao lado de Rodrigo Matheus (Cia. Circo Mínimo), Marinho criou o CEFAC – Centro de Formação Profissional em Artes Circenses, em 2003. O curso profissionalizante tinha como missão formar alunos com potencial técnico e artístico de alto nível, estimulando criatividade e empreendedorismo. No CEFAC ocupou-se também das aulas de acrobalance e da administração do curso, até 2008.
No Galpão, a didática foi aprimorada transformando-se em um dos espaços mais respeitados no ensino da arte circense na cidade. Já o tino administrativo, Alex confessa que não mudou muito não, como você pode conferir durante o papo com o Panis & Circus:
Panis & Circus – No site está escrito que vocês recomendam chegar no horário e não há reposição das aulas. Em que essa recomendação se parece com disciplina esportiva?
Alex Marinho – Eu sempre acentuo que o circo é uma atividade física, uma arte. Não é esporte. É uma atividade feita para ser apresentada para o outro. E esse é o objetivo da maior parte dos nossos cursos, ou seja, montar um espetáculo. O esporte tem competição. São diferentes.
A disciplina tem a ver com qualquer atividade física intensa e radical. E o circo entra nessa lista de atividades de grande risco, como o esqui, paraquedismo, alpinismo. Como radicalidade, sim, precisa ter disciplina, pois é intensa, exige dedicação. A disciplina é importante também para a evolução, em qualquer que seja o nível.
Ter atenção é importantíssimo. Por conta disso não fazemos aula avulsa, pois um aluno novo tira a atenção dos outros. Além disso, ele próprio não se sente ligado ao grupo. E tudo isso pode gerar um acidente. É uma questão de segurança. O mesmo acontece com a reposição de aula. Não dá para fazer aula com outro professor, outra turma. Temos um trabalho de quase 15 anos de Galpão e a preocupação com segurança faz com que os acidentes diminuam.
Panis & Circus – Ainda cresce a procura por aulas de circo? Você tem alguma estatística? Por exemplo, quantos alunos tiveram em 2014 e quantos em 2015?
Alex Marinho – Sou um péssimo administrador (risos). Prefiro aprofundar o processo artístico e questões de segurança. Essas coisas me preocupam mais do que fazer conta. Sinto que a busca tem sido quase que constante. O que temos conseguido é uma retenção maior de alunos. O ano passado tivemos uns 400 e poucos, incluindo o projeto social (‘Aprendiz de Circo’, programa pré-profissionalizante que surgiu em 2009).
Há uma rotatividade anual. As mães me procuram para dizer que os filhos querem dar um tempo, fazer natação, balé, teatro, outras coisas. Eu digo que tem que variar mesmo. Quanto mais referência a criança tiver, melhor. Algumas pessoas saem e voltam, acho que pela proposta, pela qualidade, mas não está tanto mais na moda.
Eu costumo dizer que eu vivo em uma caverna mesmo, dentro do Galpão, e não acompanho o mundo lá fora. Gostaria de saber mais sobre as outras escolas e acompanhar os trabalhos realizados pelos meus colegas. É uma pena.
Panis & Circus – Qual é o perfil do público atualmente?
Alex Marinho – Em geral são mais amadores. O público de criança é grande também. Acho que é mais ou menos meio a meio.
O curso ‘Aprendiz de Circo’ é pré-profissionalizante, com 18 horas semanais. Um profissionalizante mesmo teria mais horas, claro. Bailarinos e atores procuram como lazer e complemento de suas atividades.
Panis & Circus – O que os alunos mais procuram?
Alex Marinho – Aéreos tem uma busca muito grande, pois o trabalho é intenso, exige concentração, expressão corporal e a sensação de leveza do voo é muito interessante. Temos seis turmas de adulto do aéreo. Para crianças oferecemos o ‘Arte Circense’, pois criança tem que vivenciar um pouco de tudo mesmo para depois optar. O resultado de ambos é bem diferente.
Panis & Circus – Como é o curso de palhaço da Val de Carvalho?
Alex Marinho – Olha, tem advogados que procuram o curso para perder a timidez, gente de marketing que deseja algo diferente. É só uma vez por semana, então não tem como ser profissionalizante, mas tem muitos que buscam pela qualidade.
Panis & Circus – Qual o segredo do concorrido curso de férias?
Alex Marinho – Em São Paulo, cada bairro é uma cidade, um trânsito tão caótico. É natural que as pessoas busquem atrações próximas de casa. Nas férias, porém, há mais flexibilidade de tempo e as pessoas podem se deslocar mais.
Além disso, o curso ‘Aventuras Acrobáticas do Baú Encantado’, por exemplo, é muito dinâmico, tem história. É um curso bacana que eu ajudei a criar. Temos vários aparelhos, não há fila de espera como outros lugares, cada minuto é bem aproveitado e de maneira segura. As crianças adoram.
Panis & Circus – No mesmo bairro, o Brincante teve problemas como o crescimento imobiliário. Vocês já pensaram em buscar outro espaço para o Galpão do Circo?
Alex Marinho – O espaço não é o ideal. Carece de altura, carece de estacionamento e nossa secretaria fica no segundo andar, diferentemente de outros lugares nos quais a administração fica logo na entrada. O aluguel é caro, mas dá para pagar. Por enquanto está tudo certo, mas pode ser que um dia queiram nos tirar aqui. Por isso estou sempre olhando e atento às oportunidades.
Panis & Circus – Quais as novidades para 2016?
Alex Marinho – A novidade é uma nova turma do projeto ‘Aprendiz de Circo’, de iniciação, de quatro horas por semana. Fizemos uma seleção de pessoas que gostam muito da atividade, mas não podiam pagar. Claro que tem que ter comprometimento, justificar faltas se for o caso. Mas queremos aumentar nossa atuação na esfera social, pois sabemos que não é um curso acessível para todos. O aluguel é caro, tem a equipe, os materiais. É tudo caro. Mas é muito gratificante ver a satisfação daqueles que se interessam pela arte.
Cinco motivos para matricular-se em uma escola de circo
1 – Participar de uma atividade artística
2 – Exercitar o corpo de forma lúdica
3 – Desenvolver atenção e concentração
4 – Superar obstáculos, em vários os sentidos
5 – Encarar um constante friozinho na barriga
A história do Galpão do Circo
O Galpão do Circo foi fundado em 2002. Entretanto, a pedagogia empregada no local começou a ser desenvolvida em 1997, no início do projeto-escola Galpão Nau de Ícaros, que Alex Marinho dirigiu. Hoje, o espaço visa o ensino e a pesquisa da arte circense por meio de cursos para crianças, jovens e adultos, sejam amadores ou profissionais.
Além dos cursos regulares, que acontecem ao longo do ano, a escola oferece oficinas específicas para profissionais, aulas-festas para adultos e crianças, eventos corporativos e os concorridos cursos de férias – nos meses de julho e janeiro.
Os números desenvolvidos nas aulas são exibidos pelos alunos em espetáculos no formato de cabarés. A atividade normalmente é aberta ao público em geral e não há cobrança de ingresso. No término de cada sessão, passe-se o chapéu solicitando qualquer tipo de contribuição em prol do projeto ‘Aprendiz de Circo’.
Desde 2009, o Galpão mantém o projeto social ‘Aprendiz de Circo’, com patrocínio da Octante Capital. O curso, com duração de um ano, é destinado a jovens e adultos entre 18 e 28 anos, de baixa renda e que tenham cursado (ou estejam cursando) o ensino médio. Em 2016 o projeto oferece duas modalidades de cursos: o pré-profissionalizante (para quem deseja trabalhar na área) e o módulo de iniciação às artes circenses (com noções básicas da arte e da técnica utilizada no circo). Aos alunos é cobrado apenas uma taxa no valor de R$ 395,00 ao ano referente a taxa de produção do espetáculo de encerramento, no fim do ano.
Principais cursos
Aéreos
É focado na preparação física e na utilização da técnica artística em aparelhos aéreos, como o trapézio e o tecido (base para exploração dos demais aparelhos: lira, double lira, double trapézio, corda lisa e corda indiana, tecido marinho, trapézio triplo e outros aparelhos especialmente desenvolvidos e criados pela equipe local.
Idade: a partir de 13 anos
Horário/professor: segunda e quarta, das 16h10 às 18h10, com Mari Duarte; segunda e quarta, das 18h20 às 20h20, com Mari Duarte e Florência Reeves; terça e quinta, das 10h15 às 12h15, com Bel Mucci e Luara Bolandini; segunda e quarta e também terça e quinta, das 20h30 às 22h30, com Natália Presser e Florência Reeves; terça e quinta, das 18h20 às 20h20, com Veronica Piccini e Thais Pontes.
Valor: R$ 4.765,00, por ano, relativo ao curso de fevereiro a dezembro.
Dividido em:
01 x R$ 220,00 – taxa de adesão
11 x R$ 395,00 – parcelas mensais
01 x R$ 200,00 – taxa de produção (cobrada em junho e com parcelamento possível em 4x iguais mediante solicitação)
* No ato da inscrição não serão cobrados, do valor da anuidade, os meses não cursados.
Aventuras Acrobáticas do Baú Encantado
Bastante lúdico, apresenta a arte por meio de histórias e brincadeiras
Idade/horário: turmas de 4 a 6 anos, terça, das 8h30 às 11h ou das 14h às 16h30.
Idade/horário: turmas de 6 a 9 anos, quarta, das 8h30 às 11h ou das 14h às 16h30.
Professor: Cooperativa Criativa, por Carlos Escher, Eric Ito, Fernanda Igliori Gonsales, Lucia Tateishi e Isadora Faro
Valor: R$ 4.455,00, por ano, relativo ao curso de fevereiro a dezembro.
Dividido em:
11 x R$ 385,00 – Parcelas mensais
01 x R$ 220,00 – Taxa de adesão
* No ato da inscrição não serão cobrados, do valor da anuidade, os meses não cursados.
Artes Circenses
Oferece várias modalidades, como acrobacias, aéreos, equilíbrios e palhaço.
Horário/professor: segunda e quarta, das 9h às 11h, com Rebeca Rodrigues; terça e quinta, das 9h às 11h, com Alex Marinho e Rebeca Rodrigues; terça e quinta, das 16h10 às 18h10, com Alex Marinho, Thais Pontes e Maria Druck; segunda e quarta, das 14h10 às 18h10 ou das 18h20 às 20h20.
Valor: R$ 4.965,00, por ano, relativo ao curso de fevereiro a dezembro.
Dividido em:
01 x R$ 220,00 – Taxa de adesão
11 x R$ 395,00 – Parcelas mensais
01 x R$ 400,00 – Taxa de produção (cobrada em junho e com parcelamento possível em 4x iguais mediante solicitação)
* No ato da inscrição não serão cobrados, do valor da anuidade, os meses não cursados.
Palhaço
Procurado por profissionais de diversas área, o curso utiliza técnicas de claques e cascatas (tapas e tombos falsos), gagues, jogos de improvisação, maquiagem e montagem de esquetes tradicionais do circo.
Idade: maiores de 18 anos.
Horário: terça, das 20h às 22h30.
Com quem: Val de Carvalho
Valor: R$ 2.700,00, por ano, relativo ao curso de fevereiro a dezembro.
Dividido em:
10 x R$ 250,00 – R$ 2.500,00
01 x R$ 200,00 – taxa de produção (cobrada em junho e com parcelamento possível em 4x iguais mediante solicitação)
* No ato da inscrição não serão cobrados, do valor da anuidade, os meses não cursados.
Capoeira
Os alunos são ‘batizados’ no mês de novembro, em evento aberto ao público, e recebem um novo cordão.
Idade: a partir de 13 anos.
Horário: terça e quarta, das 19h às 22h
Com quem: Mestre Brasília
Valor: R$ 120,00, uma vez por semana, por mês;
R$ 180,00, duas vezes por semana, por mês.
Serviço
R. Girassol, 323, V. Madalena, 3815-6147, 3812-1676, 99264-5818.
www.galpaodocirco.com.br
Foto da capa: crédito Ana Carolina Donatelli