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Veja os bastidores de Minha Vida é Um Circo
Cafi Otta, especial para o Panis
Em junho de 2018 foi ao ar o primeiro episódio da série documental Minha Vida é um Circo, no canal Cinemax, da HBO. O programa mostrou um pouco do estilo de vida dos artistas circenses do mundo todo, a partir do ponto de vista dos três integrantes do Grupo Namakaca (eu, Montanha e Du) e mais o Guga Carvalho, artista brasileiro que vive na Espanha.
Escrevi um texto sobre a experiência de participar dessa empreitada maravilhosa para o Panis & Circus. Esse material acabou dando origem a esta série de matérias para o site que começa agora. Tentarei contar um pouco dos bastidores das gravações e algumas histórias vividas pela equipe, sem spoillers, eu espero.
No destino da jornada, no primeiro episódio, é a maior convenção de malabaristas do mundo, na Holanda.
Do Brasil para a Holanda
Começamos as gravações em São Paulo. Logo de cara percebi que daríamos sangue, suor e lágrimas ao projeto. Parte da minha rotina incluía alguns treinos para as maratonas de monociclo. A direção queria colocar isso no programa.
Partimos então para a região do Parque Villa Lobos, em São Paulo, onde eu normalmente treino com meu monociclo de roda grande. Mas acharam que só pedalar numa reta não tinha emoção suficiente. Sim, me colocaram pra subir uma ladeira enorme, com meu mono de aro 20, usando uma daquelas roupas de ciclista, num calor infernal. A cena era essa: a van da equipe de porta aberta, o câmera sentado bem na beirada do assento, e eu subindo a ladeira com todas as minhas forças. O resultado na tela ficou incrível, mas foi bem puxado.
Já na Holanda, tivemos a árdua missão – brincadeirinha – de gravar a convenção europeia de malabares. Foi sensacional. Só de estar numa convenção daquele tamanho já era um evento em si. Mais de 6 mil pessoas, lonas lindas de 4, 8 e até uma de 10 mastros.
Mas, no meio de tantas coisas incríveis, aconteceram alguns infortúnios. Fomos pegos por uma típica tempestade holandesa. Uma não, algumas. Por lá costumam cair uns temporais muito rápidos, e bem fortes, que duram cerca de 20 minutos. Na primeira delas, estávamos gravando uma cena em frente da nossa barraca. Olhei pro horizonte e vi o céu fechar completamente, ficando cinza escuro, com cara de chuva. Falei pra equipe: olha, não quero ser chato, mas acho que vai chover. A resposta geral foi: já, já a gente vai pro lugar coberto. E a chuva chegando. E eu avisando. Enfim, em cinco minutos ela chegou, com tudo. Montanha e Du saíram correndo com o resto da equipe. Eu fiquei pra trás fechando a barraca e carregando um case enorme e pesado cheio de claves e figurinos, que seriam usados por todos mais tarde. Fiquei ensopado, e puto! Em 15 minutos a tormenta passou e ficou tudo bem.
Outro episódio molhado aconteceu quando fomos filmar a noite do fogo. Ela ocorreu num lugar um pouco afastado do complexo esportivo onde era a convenção, uns dois quilômetros de distância. Fomos andando com um monte de gente. E, obviamente, choveu. Mas nessa noite não foi uma mega tempestade, mas uma garoa gelada, constante, acompanhada de um ventinho chato. Terminamos a noite molhados e mortos de frio. Só que as imagens…, nossa!, …ficaram maravilhosas.
Aventuras etílicas
Durante toda a série conhecemos muitas pessoas incríveis. Uma delas foi Lee Hayes. O cara esteve na organização das primeiras convenções europeias de malabares, há mais de 30 anos.
Hayes está por trás do espírito maravilhoso que sentimos nas convenções, onde todos se ajudam, trocam conhecimento e passam um tempo juntos simplesmente fazendo aquilo que amam em comum. Pudemos conhecer a intimidade da casa desse cara. Foi uma experiência inesquecível.
Estávamos lá, entrevistando Hayes, enquanto ele mostrava truques dos seus espetáculos, contava histórias maravilhosas dessa trajetória com a qual nós, que já organizamos e participamos de inúmeras convenções, nos identificamos tanto. De repente ele nos ofereceu um brinde com um lindo copinho de uísque.
O relógio marcava meio-dia, ou algo assim. Aceitamos, logicamente e brindamos. Sorrimos, nos abraçamos. Brindamos de novo. E sorrimos, e nos abraçamos sorrindo e brindando sem parar. Hahahahahaha. Eu e Montanha ficamos completamente bêbados. Tivemos uma crise de riso, a ponto de termos que sair do apartamento pra não atrapalhar o resto da entrevista. No fim, fomos embora com o tal copinho na mochila. Ele deu de presente um copinho pra cada um, com seu nome. Ainda uso ele, brindando, sorrindo e abraçando pessoas queridas.
Episódio 1:
A trupe formada por Montanha, Cafi e Du Circo e mais Guga Carvalho embarcam em uma viagem para conhecer circos e artistas do mundo inteiro. O primeiro destino da jornada é a maior convenção de malabaristas do mundo, na Holanda, onde o grupo se conecta e compartilha experiências com outros talentos.
Minha Vida é um Circo é produzida por Roberto Rios, Paula Belchior e Patricia Carvalho, da HBO Latin America Originals, e Gilberto Topczewski, Felipe Briso e Deborah Osborn, da bigBonsai, com recursos da Condecine – Artigo 39. O roteiro é de Felipe Briso e Henrique Melhado e a direção é de Felipe Briso.
Fotos: Divulgação