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Arte em Movimento

Fábricas de Cultura dão certo em São Paulo

 

 

Público presente à apresentação de circo na Fábrica de Cultura do Parque Belém / Foto Asa Campos

 

Circo faz sucesso com modalidades como malabares, trapézio, tecido, lira e a arte da palhaçaria 

Bruna Galvão*

Você sabia que a cultura pode ser produzida em  fábricas? Apesar do capitalismo vigente há mais de 100 anos, aqui, não há referência alguma com o termo “indústria cultural” dos pensadores Theodor Adorno (1903- 1969) e Max Horkheimer (1895- 1973) – eles discutem a função da arte na era capitalista-industrial —, mas sim, com as Fábricas de Cultura espalhadas pela cidade de São Paulo.

Com o objetivo de facilitar o acesso de jovens da periferia ao universo artístico, as Fábricas, ao mesmo tempo, produzem e levam cultura às pessoas.

Ao todo, são nove unidades: Capão Redondo, Jaçanã, Jardim São Luís, Itaim Paulista, Parque do Belém, Sapopemba, Vila Curuçá, Vila Nova Cachoeirinha, e a recém-inaugurada Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital. Em breve, os moradores de Brasilândia, na zona norte, poderão usufruir dos benefícios desta nova unidade.

 

Platéia assiste número de trapézio na Fábrica de Cultura do Parque do Belém (FCPB) / Foto Asa Campos

 

Circo nas Fábricas

O circo faz sucesso nas Fábricas de Cultura. É uma das oficinas mais populares, onde as turmas permanecem cheias, com poucas desistências e poucas faltas dos alunos. As aulas abrangem diversas modalidades como acrobacias de solo, malabares, trapézio, lira, tecido, palhaço, pirâmide e rola-rola.

 

Malabares em cima do triciclo (FCPB) / Foto Asa Campo

 

A unidade Parque do Belém é a maior em termos de aprendizes de circo: são mais de 200. Mas em geral, o número de estudantes das oficinas circenses fica entre 50 e 120 alunos. Devido à força do circo na sede Parque do Belém, além dos ateliês, o local conta com a produção de um espetáculo, que no final do curso, é apresentando em várias Fábricas.

Hoje tem espetáculo!

Desafio no número de barra entre quatro jovens (FCPB) / Foto Asa Campos

 

No sábado 23/11, os aprendizes das oficinas circenses apresentaram-se na Fábrica de Cultura do Belém, das 14h até às 17h, com números de malabares, tecidos, acrobacias, trapézio e palhaçaria. O Panis & Circus acompanhou a apresentação que ganhou aplausos entusiasmados da plateia composta de familiares e convidados.

“A Fábrica Cultural do Parque Belém tem o foco no circo, principalmente, no circo contemporâneo”, afirma Olga Arruda, supervisora da área de formação Cultural do Catavento Cultural, que cuida das fábricas da Zona Leste. Fabiana Lima, subgerente de formação cultural, segue na mesma linha: “a unidade do Parque de Belém é do circo e hoje tem espetáculo!”

 

As duplas do trapézio (FCPB) / Foto Asa Campos

 

Mayara Santos Lopes, 18 anos, e Jacqueline Pereira Macedo, 15 anos, uma vestida de preto e outra de branco, apresentaram em dupla o  número de tecido e lira no espetáculo de final de curso. Elas disseram ao Panis & Circus que gostaram muito de fazer a oficina circense. Aliás, Mayara decidiu seguir a carreira circense.

 

Mayara Santos Lopes e o número de tecido / Foto Asa Campos

 

Jacqueline Pereira Macedo e o número de lira / Foto Asa Campos

 

Apesar de as Fábricas de Cultura não terem como objetivo a profissionalização de seus aprendizes, seus responsáveis acreditam que as oficinas podem despertar em muitos alunos uma vontade de seguir na carreira artística. “Nós incentivamos os jovens interessados a procurar por escolas especializadas. Na área de circo, percebemos alguns coletivos de aprendizes que têm se reunido de forma independente para treinar e ensaiar. Na unidade do Jardim São Luís, alunos formaram um grupo circense e começaram a se apresentar em espaços culturais do bairro”, conta Abrão Lopes, assistente de coordenação da Unidade de Formação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura.

 

Número de tecido na apresentação de final de curso / Foto Asa Campos

 

 

Circo Zanni nos boletins

Os aprendizes das Fábricas de Cultura do Parque de Belém, do Itaim Paulista, da Cidade Tiradentes foram ver o Circo Zanni, no Memorial da América Latina, destacam os boletins informativos dessas três fábricas. Esses boletins afirmam ainda que os aprendizes ficaram encantados com o espetáculo circense que fez parte da 7ª Semana Ticket de Cultura & Esporte.

 

Cultura da Liberdade  

Salas equipadas na Fábrica de Cultura (Belém) para aprendizes da arte do circo / Foto Asa Campos

 

Na Fábrica de Cultura do Parque de Belém existem duas grandes salas bem equipadas voltadas as atividades circenses desde tecido, malabares até o trapézio. De terça a sábado, os aprendizes têm aulas de circo de manhã e a tarde.

“Durante 103 anos, funcionou no local o Instituto Disciplinar em Colônia Correcional do Estado de S.Paulo (criado em 10.10.1902), órgão que cuidava de jovens infratores e que mais tarde se transformou na Febem -Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (até 2005).

De 1902 a 2005, este local trancava, hoje, esta Fábrica de Cultura liberta”, diz o texto na parede da Fábrica

 

“Emicida” e “Rael” nas fábricas  

Para atrair o público em seus eventos e manter os alunos nas oficinas, cada Fábrica possui uma equipe responsável por sua promoção. Na prática, funciona assim: estes profissionais levam atividades culturais para escolas e também recebem turmas escolares nas apresentações promovidas nas próprias unidades. Ao mesmo tempo, realizam eventos com artistas conhecidos, como por exemplo, um show com os “rappers” “Emicida” e “Rael” na Vila Cachoeirinha, o qual reuniu mais de 4800 pessoas.

 

Meninas no número de lira na apresentação do final de curso / Foto Asa Campos

 

Nas oficinas de circo, os educadores trabalham de forma dinâmica, o que inclui o ensino de conteúdos como a pesquisa sobre a história do circo, além de interfaces com outras linguagens artísticas.

Produção cultural

 

Cartaz da Fábricas de Cultura no Parque Belém / Foto Asa Campos

 

Cartaz mostra as atividades nas fábricas / Foto Asa Campos

 

Lopes afirma que as Fábricas de Cultura atendem jovens de bairros “com alto índice de vulnerabilidade juvenil, oferecendo atividades e oficinas culturais gratuitas. Dessa forma, utilizamos a cultura como um agente de transformação social e oferecemos novas perspectivas a esses jovens, que hoje são estimulados a produzir e consumir produtos artísticos”.

Segundo ele,  os espaços para a instalação das fábricas foram escolhidos de acordo com uma pesquisa da Fundação Seade [Sistema Estadual de Análise de Dados], que apontou os bairros com maior índice de vulnerabilidade juvenil na cidade de São Paulo”. Ele ainda adianta: “Em virtude dos bons resultados na capital, nós estamos estudando a ampliação do programa Fábricas de Cultura, inicialmente, para a região metropolitana de São Paulo. A Prefeitura de Diadema, inclusive, já demonstrou interesse e ofereceu um terreno para a construção de uma unidade. Esta possibilidade está sendo avaliada pelos técnicos da Secretaria”. 

O programa foi criado em 2004 pelo governo do Estado de São Paulo, porém, devido ao processo moroso de estudos de implantação e realização de obras, a primeira Fábrica de Cultura só foi inaugurada em 2011, na Vila Curuçá. Naquele ano, outras duas unidades surgiram: Sapopemba e Itaim Paulista.   

 

Serviço

Menina no número de trapézio / Foto Asa Campos

 

As unidades oferecem cursos gratuitos nas áreas de música, dança, circo, teatro, artes visuais e multimeios (vídeo e fotografia) para crianças e jovens entre 8 a 19 anos. Cada unidade tem aproximadamente, 1200 aprendizes.

“Há pouco tempo, as Fábricas passaram a atender adultos também, em cursos oferecidos no período noturno e aos sábados. Qualquer pessoa pode se inscrever e as matrículas estão sujeitas à disponibilidade de vagas”, informa Lopes.

 

Apresentação de acrobacias no solo na Fábrica de Cultura do Parque Belém / Foto Asa Campos

 

A responsabilidade de disponibilizar instrutores para os cursos é das ONGs Poiesis e Catavento, que realizam um processo seletivo para os futuros educadores.

As Fábricas também contam com atrações para todas as idades sempre aos finais de semana: são shows, espetáculos de teatro, circo, dança, exibição de filmes, entre outros. Todas as unidades funcionam de terça a sexta, das 9h às 20h, sábado, das 10h às 20h e domingo, das 10h às 17h. Conheça o site geral do programa: Clique aqui e acesse o site da Fábricas de Cultura.

 

Os dois palhaços no espetáculo de final de curso (FCPB) / Foto Asa Campos

 

Meninas de saia branca de tulê no número do tecido / Foto Asa Campos

 

 

Colaborou Bell Bacampos

Postagem: Alyne Albuquerque

 

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4 Responses to "Fábricas de Cultura dão certo em São Paulo"

  1. William Haddad disse:

    eu estive presente ao espetáculos todos estão da parabéns, tenho a honra de ter minha filha Haysha entre os integrantes da trupe. e todos estão de parabéns pelo trab. apresentado pela organização a educação dos monitores da elegância do local….meu forte abraço e continuem sempre.

    william haddad tio will dos blogs

  2. icaro disse:

    Fabrica é vida

  3. MAYARA disse:

    Muito legal a matéria , mas poxa , meu nome é Mayara e não Mayra. rs
    Obrigada

    1. Panis & Circus disse:

      Mayara já foi corrigido o seu nome.

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