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Festival Paulista de Circo reúne cerca de 20 mil pessoas
Erica Stoppel, especial para Panis & Circus
O Festival Paulista de Circo, em sua 12ª edição, reuniu cerca de 20 mil pessoas para ver 300 artistas, em 40 espetáculos, em três lonas, de 16 a 18 de agosto, no Parque do Engenho em Piracicaba, interior de São Paulo.
O Festival começou na sexta-feira 16, com o espetáculo Festa no Picadeiro, que tive o prazer de dirigir, e que contou com a participação de 17 artistas. Foi um belo encontro entre os artistas – comprometidos com o fazer artístico e experientes no fazer coletivo – e a calorosa plateia de Piracicaba que chegou a aplaudir de pé as acrobacias no trapézio.
Durante os três dias do Festival, o público pode ver, entre outros, espetáculos como Mequetrefe, dos Parlapatões, um dos mais importantes do cenário artístico do país até o cortejo da Cumbia Calavera – que saiu do Festival no Parque do Engenho e caminhou até o centro de Piracicaba.
Fora do Engenho Central, trupes circenses realizaram um projeto em Kombis que levaram a palhaçaria e o risco para bairros (quatro) mais periféricos da cidade.
Nos galpões do Engenho, a programação visou a formação com oficinas de acrobacia e técnicas aéreas para profissionais e iniciantes. Alunos de Jundiaí, Sorocaba, Campinas, Limeira, Vinhedo, São José dos Campos, São Paulo e ABC – ainda que contassem com uma estrutura acanhada de hospedagem — participaram dos cursos, oficinas e palestras e usufruíram do intercâmbio artístico tão importante na nossa profissão.
O circo é uma linguagem que tem exigências técnicas específicas e delas depende para seu sucesso. A precisão e a segurança são qualidades indispensáveis para o bom desempenho artístico, e estiveram presentes na 12ª edição.
A 1ª edição do Festival, em 2007, que à época acontecia na cidade de Limeira, anunciava a necessidade de se estruturar a produção, enfatizar o trabalho de equipe e o aprendizado da experiência. De lá para cá, o festival vem se aperfeiçoando ano a ano e posso afirmar que a edição 2019 foi um exemplo de trabalho de qualidade, amor e dedicação para que cada um dos espetáculos pudesse ser atendido em suas necessidades com o mesmo empenho com o que os artistas o fazem. Todos os elogios ficam pequenos para a equipe técnica e a coordenação que realmente demonstram uma atitude profissional e humana extremamente comprometida com o fazer artístico e com o público.
A realização do festival é de responsabilidade da APAA (Associação Paulista dos Amigos da Cultura), que conta com a parceria da Secretaria da Cultura do Estado e a Prefeitura de Piracicaba. Apesar do sucesso de público e da importância do Festival Paulista de Circo, o governo estadual diminuiu a verba para a realização desta edição e reduziu de cinco para três dias a duração do evento.
Cultura cerceada e redução de verbas
No momento político que vivemos em que a cultura é fortemente cerceada não podemos deixar de criticar o governo estadual, que, em início da sua gestão, permite cortes na verba destinada ao circo — uma das áreas mais carentes de incentivo – mesmo diante de sua importância como patrimônio cultural e do fato de as pesquisas de opinião demonstrarem que o circo atrai expressivas parcelas do público em comparação com outras linguagens.
O circo tem incentivos insuficientes para o tamanho da produção de linguagem que existe tanto na oferta quanto na demanda, sofre de orçamentos inferiores aos necessários pelas suas próprias características. É preciso fomentar o crescimento do festival de modo dinâmico em relação à produção contemporânea e permitir o alcance do evento a maiores e diversos públicos.
Desejamos que as autoridades vejam o circo brasileiro com o olhar de quem reconhece a importância que merece.
Viva o circo brasileiro e aos amantes do picadeiro!
Vejam mais fotos feitas do 12º Festival de Circo em Piracicaba feitas por Marcelo Justo, da Apaa
Legenda – Foto de Capa – Público no Festival Paulista de Circo em Piracicaba / Marcelo Justo-Apaa