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Mágico é morto na série de TV do Porta dos Fundos
Do palhaço trambiqueiro à madrasta ninfo, todos são suspeitos no seriado, que estreia em novembro, na Fox
Luiza Franco, do Rio (Folha)
“Uma piscina de bolas típica de festa infantil sacode de um lado para o outro. De repente, para. Do mar de bolinhas coloridas emerge a cabeça de Clarice Falcão e, em seguida, a de Fábio Porchat.
“Tem alguma coisa errada”, diz Clarice. “Deve ser outro casal transando”, responde Porchat. “São as crianças”, emenda Clarice. “Então tá errado”, conclui Porchat.
“Corta!”, grita Ian SBF de uma tenda, a uns dez metros de distância. “Vamos só mais uma vez porque eu estou achando engraçado!”
Estamos no set de filmagem de “O Grande Gonzalez”, primeira série do grupo de humor Porta dos Fundos escrita especialmente para a televisão. Estreia em novembro na Fox, canal pago que já sedia o programa de esquetes.
O que está “errado” é que o mágico da festa, Gonzalez (Luis Lobianco), acaba de cair morto no meio de uma apresentação para os convidados. Ilusionista mequetrefe, Gonzalez resolve fazer um truque arriscado, mas não consegue sair da armadilha a tempo.
Para o policial (Antonio Tabet), não se trata apenas da morte de um mágico medíocre, mas de um homicídio. A série é um policial noir aplicado aos bastidores das festas infantis de classe média alta.
Jogo de tabuleiro
Como no jogo de tabuleiro “Detetive”, o seriado, criado e dirigido por SBF, investiga, em dez episódios de meia hora, a eventual culpa de cada personagem –todos na festa têm rabo preso.
Clarice vive a madrasta ninfomaníaca do dono da festa (“transa com todos, menos com o marido”, ela comenta). Porchat é o palhaço que extorque os colegas: se quiser ser indicado para festas, é preciso pagá-lo (“quer mais fazer esquemas do que fazer as crianças rirem”, diz Porchat).
Gregório Duvivier, colunista da Folha, interpreta Gerardi, o grande rival do Grande Gonzalez. Seu visual –cabelos loiros penteados para trás com mullets, peito cabeludo pulando para fora do collant azul royal– é inspirado em mágicos da vida real.
“O que mais me atraiu no universo de festa infantil foi a chance de falar de personagens tão estranhos. Só uma festa infantil reúne esses tipos tão engraçados”, diz SBF.
“Cada episódio conta não o que aconteceu, mas a versão de alguém”, diz Duvivier, que assina o roteiro com SBF e Gabriel Esteves. “Tanto que a gente faz a mesma cena de formas diferentes”, completa Lobianco, que fez um workshop com um mágico de verdade para entrar no papel.
A trupe afirma que a série não será uma extensão dos esquetes que lhes deram fama na internet. Mas o humor impiedoso do Porta certamente continua lá: em outra cena na mesma piscina de bolas, o palhaço brocha ao tentar transar com a madrasta.
“Isso nunca me aconteceu”, lamenta Porchat. “É normal, é o sobrepeso”, diz Clarice, visivelmente impaciente. “Tá bem”, diz o palhaço, humilhado. “Vou só procurar meu nariz aqui.”
O GRANDE GONZALEZ
QUANDO segundas, às 22h, na Fox; estreia em 2/11