Pé na Estrada
Maíra Campos: rumo a Lima para temporada no La Tarumba
Clássicos, novo espetáculo do circo peruano, estreia em 22 de junho
A aramista e equilibrista brasileira Maíra Campos é uma das artistas do elenco desse espetáculo, do Circo La Tarumba. Ela vai contar para os leitores do Panis & Circus, em próximas edições, os momentos de surpresa, emoção e poesia de Clássicos e também as atrações da cidade.
No ano passado, Maíra e a francesa Julia Figuiere participaram, como artistas convidadas, de Quijote, espetáculo do La Tarumba que foi apresentado de 23 de julho a 18 de setembro.
“Un Quijote a las maneras de La Tarumba”, foi essa a descrição feita por seu diretor, Fernando Zevallos. Ele interpretou também o Quixote e disse que, mesmo quando adapta obra literária, “a linguagem circense permite criar um mundo de fantasia que coincide com o mundo interior de Don Alonjo Quijano, O Cavaleiro da Triste Figura”.
A dupla Quixote-Sancho é equivalente à dupla clássica de palhaços, segundo Fernando Zevallos. “Um é culto, o outro, ignorante; um é esperto, o outro, ingênuo; um é rico, o outro, pobre; um é bom, o outro, nem tanto.” Mas ambos representam características humanas.
A adaptação de Dom Quixote de La Mancha para o circo foi sucesso de público e de crítica em Lima.
No foyer do La Tarumba, na temporada de 2011, artistas plásticos apresentaram em quadros sua versão do Quijote.
O discreto charme de Lima
Machu Picchu, Cusco, Arequipa, Lago Titicaca, Linhas Nazca são as atrações turísticas mais comentadas do Peru, país que foi sede do antigo Império Inca. Mas Lima, a capital do país, com cerca de 8 milhões de habitantes, banhada pelo Oceano Pacífico, também tem seu charme.
Em junho e julho, o clima é típico de deserto, com nevoeiro persistente. Como nas grandes cidades brasileiras, o trânsito lá também é caótico.
Não tem metrô em Lima e os táxis não possuem taxímetro. É preciso combinar com o motorista o preço da corrida antes de entrar no táxi. Você diz o lugar aonde quer ir e ele dá o preço. É possível pechinchar. Para isso é necessário falar um pouco de espanhol.
A água da torneira não é aconselhável para beber, dizem os guias turísticos, em nenhuma cidade do Peru. Por isso, ande sempre com sua garrafa de água mineral.
Nos bairros Barranco e Miraflores se concentram os bons hotéis, bares, feiras de produtos típicos do Peru, restaurantes e lojas.
O que ver em Lima
Na Praça Kennedy há uma placa que mostra um trecho de Conversa na Catedral, livro escrito pelo peruano Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura em 2010.
É possível fazer um percurso por Lima acompanhando os lugares que os personagens de Vargas Llosa frequentaram.
Panis & Circus transcreve o texto inicial de Conversa na Catedral, escrito em 1969, que cita ruas e bairros de Lima.
Da porta de La Crónica Santiago olha a Avenida Tacna sem amor: automóveis, edifícios irregulares e desbotados, esqueletos de anúncios luminosos flutuando na neblina, o meio-dia cinzento. Em que momento o Peru tinha se fodido? Os pequenos jornaleiros circulam entre os carros parados pelo sinal da Avenida Wilson anunciando os jornais da tarde e ele começa a andar, lentamente, em direção à Colmena. As mãos nos bolsos, cabisbaixo, vai escoltado por transeuntes que avançam, também em direção à Plaza San Martín. Zavalita era como o Peru: tinha se fodido num certo momento. Pensa: em qual? Diante do Hotel Crillón um cachorro vem lamber-lhe os pés: tomara que não esteja raivoso, fora daqui. O Peru fodido, pensa, Carlitos fodido, todos fodidos. Pensa: não há solução. Vê uma longa fila no ponto dos táxis-lotações para Miraflores, atravessa a praça e lá está Norwin, olá irmão, num mesa do Bar Zela, sente aqui, Zalita, segurando um chilcano (coquetel de pisco – aguardente peruana) e esperando que lhe lustrem os sapatos, convidava-o para um drinque. Não parece bêbado ainda e Santiago senta-se, manda o engraxate lustrar-lhe os sapatos também. É pra já, chefe, agorinha mesmo, chefe, vão ficar como espelhos, chefe).
Na mesma Praça Kennedy uma placa informa que é “Proibido abandonar gatos na via pública”. Ao andar mais dois metros se entende o motivo da placa – os gatos estão por todas as partes.
O centro da cidade apresenta ao visitante a face europeizada da cidade, com arquitetura barroca do século 16.
Ali fica a catedral, considerada um dos edifícios mais importantes de Lima. Ela tem duas torres gêmeas. O conquistador e fundador de Lima, Francisco Pizzarro, trouxe a primeira torre para a construção da catedral em 1535. Nessa catedral se realizam muitos casamentos.
Vizinha da catedral está a sede do Palácio Arzobispal – casa do arcebispo. Sua fachada tem sacadas em estilo mourisco, feita com entalhes na madeira.
Próximo à catedral fica o complexo colonial amarelo-e-branco de San Francisco, que abrange a igreja, o convento, as capelas La Soledad e El Milagro e as catacumbas.
A fachada da igreja de San Francisco é um dos grandes exemplos da arquitetura barroca. A igreja original, de barro e madeira, foi destruída no terremoto de 1656 e teve sua reconstrução concluída em 1672, segundo guias da cidade.
Essa fachada está cheia de pombas, em qualquer época do ano, o que faz com visitantes se lembrem do filme Os Passáros, do diretor Alfred Hitchcock.
Dentro da igreja de San Francisco está a imagem da Madre Dolorosa, em luto pela morte de seu filho Jesus. A população do Peru é, em sua grande maioria, católica.
O Palácio do Governo está também na Praça das Armas.
Dá para ver a cidade de Lima de cima no El Mirador del Cerro San Cristobal, inaugurado no governo do presidente Fujimori – que acabou cercado de denúncias de corrupção. Lá, um quiosque traz objetos com o símbolo do nazismo, que convive com os que estampam a figura de Che Guevara. Questionada se sabia o que representava o símbolo do nazismo, a vendedora de um quiosque respondeu que não.
Scena – restaurante de arte e cozinha
Em Miraflores, na rua Francisco de Paula Camino, 280, está o restaurante Scena, que tem cozinha diferenciada, deliciosa e traz atrações de artistas circenses.
Mais detalhes em www.scena.com.pe e pelos telefones (511 4459688).
Prateleiras vazias
Quem visitou a 16ª Feira Internacional do Livro em Lima, em 2011, deparou-se, no estande do Brasil, com prateleiras vazias, uma mesa de pebolim e uma montagem com dois jogadores de futebol destinados a tirar fotos: um do Brasil e outro do Peru. Decepcionante.
Créditos das fotos: ASA Campos e Agatha Tibiriçá
Tags: Agatha Tibiriçá, ASA Campos, Carlos Olivera, Julia Figuiere, la tarumba, Lima, Maíra Campos, Pé na estrada, Peru, Soledad Ortiz
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la tarumba es increibleeeee, peor en peru no hay nazis!
Adorei a matéria, vou acompanhar por aqui a viagem pelo Peru. =)
meninas adorei a materia bem completa. vou dando noticias!!!! bjos maíra
Me parece uma cidade encantadora