Arte em Movimento
Zanni abre festival e conquista público
Mais de 10 mil pessoas assistem a 3ª edição do Festival de Circo do Sesc em Santa Maria, no Rio Grande do Sul; Zanni abre o festival e conquista o público
Marina Felipe Ferreira, especial para Panis & Circus
Mais de 10 mil pessoas assistiram à 3.ª edição do Santa Maria Sesc Circo 2017 realizada de 21 a 26 de novembro em cerca de 15 pontos da cidade gaúcha. O festival, que visa a promoção da linguagem circense, o incentivo à formação de público e de novos artistas, é uma realização da Fecomércio-RS/Sesc, em parceria com a prefeitura municipal de Santa Maria, e conta com patrocínio da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
O evento reuniu companhias circenses de diversos estados, como Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, e atrações internacionais provenientes da Espanha e da Argentina.
O público teve acesso, em diversos locais da cidade, a mais de 40 atrações, como apresentações, oficinas, exposições e sessões de cinema. Os 21 grupos circenses convidados realizaram 38 apresentações.
De acordo com a curadora e coordenadora do festival, Jane Schoninger, que também é coordenadora de artes cênicas no Sesc no Rio Grande do Sul, o número maior de atrações e o avanço na descentralização do festival permitiram um maior intercâmbio entre os participantes.
O público, as parcerias, os agentes desse processo foram se sensibilizando a partir da primeira edição. Aumentou o número de participantes, as atrações e o interesse da comunidade como um todo. Hoje é possível acreditar que haja expectativa da comunidade para que venha logo a próxima edição”, diz Jane.
Entre as atrações do festival o Circo Zanni, Circo Amarillo e a cia. Artinerant’s., que apresentaram os espetáculos Zanni, Experimento Circo e Balbúrdia, respectivamente.
Zanni faz a festa
O Circo Zanni abriu o festival na lona do Largo da Estação Férrea, no dia 21 de novembro às 15 horas, apresentando números aéreos, equilibrismo, palhaços e, é claro, sua marca registrada: a banda ao vivo que acompanha e dá o ritmo e clima aos números do espetáculo. O público, muito participativo, em sua maioria composto por crianças (o festival também recebeu excursões escolares), acompanhou as atrações com risos, comentários, gargalhadas e calorosos aplausos.
O Zanni também se apresentou às 20h30 em sessão com a presença do prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, que deu as boas-vindas aos presentes e pediu a compreensão de todos para a capacidade de público na lona, que estava lotada. As duas sessões foram sucesso de público, para a alegria dos espectadores, dos organizadores do festival e dos artistas.
Festival facilita participação do público
Pozzobom também ressaltou a importância das atividades do festival para além da lona do Gare. O prefeito ressaltou a importância da distribuição do evento por diversos pontos da cidade, permitindo a pessoas de bairros mais distantes ter a oportunidade de ver as atrações.
As atrações do festival foram apresentadas no Largo da Estação Férrea (Gare), onde ficou montada a lona principal, o Calçadão Salvador Isaía, as Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF) Edy Maya Bertóia, Lidovino Fanton, Altina Teixeira, Maria de Lourdes Castro, Lourenço Dalla Corte, Oscar Grau, Fontoura Ilha, Praça Saldanha Marinho, Theatro Treze de Maio, Espaço Cultural Victorio Faccin, e Espaço Sorriso com Arte, Shopping Praça Nova.
Festa do Experimento Circo
O espetáculo Experimento Circo, do Circo Amarillo, foi apresentado no Gare no dia seguinte, 22 de novembro, às 10 horas da manhã. O público, também composto, em sua maioria, por crianças, lotou a arquibancada e acompanhou com atenção os truques de mágica, equilibrismo, diabolô, bambolê, acrobacia em dupla, além, é claro, das piadas e trapalhadas dos artistas. Muito riso e alegria.
Balbúrdia, de Artinerant’s: criativo e bem-humorado
O espetáculo Barbúrdia, da cia. Artinerant´s, teve duas sessões no dia 22, no mesmo local, às 15 horas e às 20h30. A mais nova atração da dupla Maíra Campos e Daniel Pedro, que atuam sob a direção de Lu Lopes, a Palhaça Rubra, é a segunda de uma trilogia em construção (o primeiro é Vizinhos).
Em Vizinhos, um homem e uma mulher dialogam utilizando suas habilidades circenses e os objetos do cotidiano assumem novas funções. Há um flerte bem-humorado com o surrealismo.
Em Balbúrdia, o aprofundamento do convívio e das técnicas circenses ganham tom movimentado ao som de objetos barulhentos. Apesar da Balbúrdia, a habilidade e a harmonia dos artistas dão leveza à atração, com cenas arriscadas e carregadas de humor que conquistaram o público.
A seguir, a entrevista concedida ao Panis & Circus com Jane Schöninger, coordenadora de Artes Cênicas no Sesc RS e curadora do Festival.
Panis & Circus: Qual o público estimado que compareceu ao festival?
Jane Schoninger: Estimamos em 10 mil o número de pessoas alcançadas na programação e pode ser superior porque teve aumento no número de apresentações. O fato é que cresceram as apresentações e as oficinas descentralizadas, potencializando apresentações em escolas da periferia da cidade. Ocupamos novos espaços, como o Centro Cultural Victorio Faccim – que é de um coletivo artístico da cidade. Tivemos mais coletivos de fora do estado e de fora do País, possibilitando um intercâmbio maior.
Panis & Circus – Como surgiu a ideia de promover o Santa Maria Sesc Circo? O objetivo de formar novas plateias e novos artistas e grupos está sendo alcançado?
Jane Schoninger – O festival de circo no Rio Grande do Sul é um projeto antigo. Em pequenas mostras em outras cidades e nas agendas dos teatros, a programação de circo sempre esteve presente. E num determinado momento os esforços e vontades andaram juntos e se encontraram com a vontade da cidade de Santa Maria de ter mais apresentações de circo. Assim nasceu o festival. E agora temos o compromisso de sistematizar apresentações e ações durante o ano e entendemos que o público se forma com a continuidade.
Panis & Circus: Como evoluiu o festival desde a sua primeira edição?
Jane Schoninger – O público, as parcerias, os agentes desse processo foram se sensibilizando a partir da primeira edição. Aumentou o público, as atrações e o interesse da comunidade como um todo. Hoje, sabemos que a comunidade já vive a expectativa para que venha logo a próxima edição.
Panis & Circus- Como é feita a seleção dos grupos nacionais e internacionais?
Jane Schoninger – A partir do acompanhamento da produção existente e trocas com parceiros dos diversos estados do País. Há uma produção imensa. O recorte é feito a partir dos objetivos do projeto, que é apresentar uma programação com diversidade de locais, de formatos e de propostas. Buscamos um panorama amplo da linguagem e seus desdobramentos. Apresentamos as possibilidades e propostas diversas.
Panis & Circus: O Santa Maria Sesc Circo inspirou a criação do Festival Sesc de Circo de MS (Mato Grosso do Sul)?
Jane Schoninger – Sim. Existe uma articulação entre os curadores do Sesc. Trabalhamos em rede e buscamos formatar ações conjuntas. Neste momento já estamos nos organizando para a curadoria do festival MS de 2018. Estaremos juntos em breve para discutirmos possibilidades, estratégias e o fortalecimento das nossas mostras de circo do próximo ano. A ideia é que o Santa Maria Sesc Circo seja um campo de laboratório para os gestores e programadores da rede de artes cênicas do Sesc.
Foto da capa da Trupe do Zanni/Márcia Nunes