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Festival de Mirabilia se reinventa e encanta
Ivy Fernandes, de Roma
O sucesso do Festival de Mirabilia, realizado tradicionalmente na cidade de Fossano, na Itália, reside na capacidade que demonstra de se reinventar a cada edição. Neste ano, o público pôde assistir ou participar de 238 eventos, muitos dos quais gratuitos, e apreciar artistas provenientes de países como Austrália, Japão, Irlanda, França, Brasil, Argentina e México.
Sem esquecer os valores do passado, Mirabilia é uma porta de entrada do mundo circense para a apresentação de novas experiências dessa arte e talentos. De 19 de junho a 1.º de julho, o público apreciou espetáculos como Espaços da Alma, shows em avant-première e participou de laboratórios e seminários.
No seu 12.º aniversário, sob a direção de Fabrizio Gavosto, Mirabilia ocupou não só o seu tradicional ‘picadeiro’, a cidade de Fossano, mas também as comunidades de Savigliano e Busca, na Região de Piemonte, quase na fronteira com a França. Praças públicas, ruas, castelos, escolas e quatro lonas de circo receberam as atrações e incendiaram de alegria a região.
A abertura do festival foi realizada na praça principal de Fossano. Um show inesquecível. O artista Manuel Benyacar, suspenso no ar, realizou movimentos de dança e tocou as teclas de um piano gigante. (Veja vídeo na capa).
Os queridinhos
O quarteto de artistas japoneses do Grupo CruCruCirque ganhou o coração do público com apresentações que misturaram teatro clássico, danças típicas, malabarismo, equilibrismo, ginástica oriental, filmes sobre a yakuza e comicidade.
O CruCruCirque mostrou como o circo e a arte cômica se harmonizam e são capazes de superar as barreiras linguísticas. O grupo japonês foi um dos maiores sucessos desta edição do festival.
Outro ponto alto do festival foi a apresentação de acrobacias do grupo Le Chute, liderado pela equilibrista francesa Léa Legrand.
Destaque também para Veronica Capozzoli, artista e diretora italiana, e uma das fundadoras do Kolektiv Lapso Circus, ao lado de Léa LeGrand. Criado em 2016, o Kolektiv está voltado à linguagem contemporânea.
Veronica mostrou que circo é geometria com o equilíbrio em cadeiras, e mais – que é preciso desvendar as engrenagens da máquina que nos move cotidianamente.
Atenção especial às crianças
Neste ano, o Festival de Mirabilia dedicou atenção especial às crianças de 3 a 12 anos. Wanda Circus e o seu Circo Mignon apresentaram o espetáculo Princesas num novo ‘formato’. Uma lona em uma estrutura em miniatura de circo, com míni-cadeiras recebeu mais de 80 crianças, encantadas com a novidade.
O espetáculo do grupo francês Les Commandos Percu, esperado pelo público, acabou cancelado por ter sido avaliado pela prefeitura que seu sistema segurança não era sólido, uma vez que faria uso de fogos de artifício.
O festival contou ainda com a apresentação de artistas como Stefan Sing e sua companhia Critical Mess, formada por oito malabaristas que estão entre os melhores do mundo. Sing inventou o malabarismo coreográfico e contemporâneo.
Antony Weiss, especialista em números aéreos, e sua companhia francesa Unati, atraíram o público durante o festival.
A premiada companhia Loosysmokes apresentou o espetáculo Behind the Dark (Atrás da Escuridão). Numa fusão de acrobacia aérea e dança, os artistas pendurados em árvores, suspensos na floresta escura, usam a paisagem para mostrar a força da natureza.
O eclético artista escocês Tom Campbell trouxe para o Festival de Mirabilia os 100 Cães feitos em papel crepom.
Especialista em arte múltipla – é pintor e escultor, ele também conquistou o público com um espetáculo visual, The Clayhead Show, em que construiu uma máscara com quilos de argila— que em dado momento, se transforma em uma alegoria sobre a classe política que forja sua imagem condicionada pelas redes sociais e mídia com base em tendências do eleitorado.
Segundo ele, a ideia era criar um espetáculo que mostrasse que os políticos se privam de identidade e integridade mas estão ligados no Facebook, Twitter e Instagram. A crítica qualificou a performance como única e genial.
Nos espetáculos de rua, fez sucesso a dupla argentina com seu Mão a Mão e o artista brasileiro Rafael Sorryso, com as suas múltiplas bicicletas e outras acrobacias.
Fotos/Divulgação