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Panis & Circus: “Je suis Charlie”.

 

O artista francês Jean Jullien coloca frente a frente o fuzil e o lápis / Imagem Galeria O Globo

Frase se tornou emblema do luto, estampando cartazes, pelas vítimas do jornal satírico francês Charlie Hebdo.

Da Redação

Quarta-feira, 7 de janeiro de 2015, 11h20: 

Homens encapuzados e armados com fuzis AK-47 invadem a redação do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, e matam 12 pessoas e deixam 11 feridas, quatro em estado grave, no pior atentado terrorista nos últimos 50 anos.  O massacre deixa o mundo em alerta total. Entre os 12 mortos estão quatro dos mais importantes cartunistas franceses: Georges Wolinski; Stéphane Charbonnier, o Charb; Jean Cabut, o Cabu; e Bernard Verhac, o Tignous. O jornal sofrera um atentado em 2011 por publicar charges de Maomé e estava sob vigilância. A edição seguinte trazia na capa um mulçumano beijando um chargista. Ao jornal Le Monde, o cartunista Stéphane Charbonnier, diretor editorial do jornal satírico, disse não ter medo. “Talvez soe um pouco pomposo, mas prefiro morrer em pé do que viver de joelhos.”

Segundo autoridades policiais, dois dos terroristas seriam os irmãos franceses Saïd Kouachi, 34 e Chérif Kouachi, 32. Um terceiro suspeito é Hamyd Mourad, 18. 

O massacre leva mais de 100 mil de franceses às ruas, em solidariedade ao jornal e em defesa da liberdade de expressão, sob o slogan: “Eu sou Charlie”. Houve protestos em outros países, inclusive, no Brasil. 

A hashtag #JeSuisCharlie (#EuSouCharlie) se espalha rapidamente pelas redes sociais. 

 

Franceses saíram às ruas em todo país para homenagear as vítimas / Foto Valery Hache AFP - O Globo

 

Quinta-feira, 8 de janeiro: 

Diversas homenagens foram feitas na manhã desta quinta para as vítimas do atentado ao Charlie Hebdo. Os sinos da Catedral de Notre Dame dobraram às 12h (9h do horário de Brasília) e um minuto de silêncio foi respeitado em diversos locais de Paris.

Forças policiais francesas procuram os dois irmãos, Saïd e Chérif Kouachi, que são suspeitos de terem cometido o atentado terrorista contra a sede do jornal. Já Hamyd Mourad, 18, se entregou após ver seu nome circular nas redes sociais e afirma que é inocente. Amigos dizem que, na hora do atentado, ele estava em aula.

Alguns dos principais jornais europeus como “Le Monde”, “The Guardian”, “Suddeutsche Zeitung”, “La Stampa”, “Gazeta Wyborcza” e “El País” publicaram um editorial conjunto, intitulado “Seguiremos publicando”, em homenagem aos jornalistas e cartunistas mortos. “Não é apenas um ataque à liberdade de imprensa e à liberdade de opinião. É, além disso, um ataque aos valores fundamentais de nossas sociedades democráticas européias”, conclui o texto.

“O que aconteceu ontem é uma guerra contra a liberdade, e esta guerra nós devemos ganhar”, disse Maryse Wolinski, mulher do cartunista Wolinski, um dos mais conhecidos da França, e que morreu no atentado, informa O Globo.   

Multidão ocupa rua de Paris em solidariedade às vítimas / Foto Tribault Camus /AP - Folha

 

Torre Eiffel teve as luzes apagadas em homenagem aos mortos e feridos no ataque terrorista /Jacques Demarthon /AFP

 

Sexta-feira, 9 de janeiro, manhã:

A França montou uma caçada aos terroristas responsáveis pelo massacre do Charlie Hebdo. Segundo agências noticiosas, o país mobilizou 88 mil policiais e concentrou as buscas no norte do país, onde os dois suspeitos assaltaram um posto de gasolina. Os policiais chegaram ao nome dos suspeitos, os irmãos Chérif e Saïd Kouachi, de 32 e 34 anos, respectivamente, por uma carteira de identidade esquecida no primeiro veículo utilizado na fuga por eles após o massacre na sede do jornal satírico. Segundo fontes de segurança norte-americanas e européias, Saïd teria passado uma temporada no Iêmen, em 2011, onde teria recebido treinamento com militantes do Al Quaeda.

Os protestos contra a violência continuaram a repercutir no mundo todo. Em Paris, jornalistas da agência internacional France Press, vestidos de preto, saíram perto das janelas com cartazes ‘eu sou Charlie’. E na noite da quinta-feira, a Torre Eiffel, que geralmente fica iluminada com luzes piscantes, foi apagada por cinco minutos em homenagem aos mortos e feridos no atentado.

Helio de la Peña, humorista e um dos fundadores do grupo Casseta & Planeta, relata em artigo na Folha de S.Paulo que “o atentado me pegou de férias na Europa. Vim com minha mulher apresentar o velho mundo aos nossos filhos João e Antonio, 13 e 11 anos, e começamos na terça-feira (6), por Paris. Conversávamos sobre a Idade Média e um dos assuntos que lhes chamava a atenção era justamente a Inquisição e a perseguição sofrida por artistas e cientistas. Saímos do Louvre e nos deparamos com a notícia. Em pleno século XXI, humoristas foram fuzilados por trabalharem numa publicação que preza liberdade e faz piada com qualquer assunto. Como explicar aos garotos por que uma piada, ainda que audaciosa, é respondida com brutais assassinatos? Ficaram assustados, sobretudo pelo fato de o pai deles ser um humorista”. E la Peña finaliza: “Aos humoristas do mundo inteiro fica a dúvida: até quando vamos literalmente morrer de rir?”

Gregorio Duvivier, humorista do Porta dos Fundos, em depoimento a Liv Brandão, em O Globo, destaca: “Esse foi um golpe muito forte na liberdade de expressão em seu cerne, num tipo de humor que não tem nada de rasteiro. Muito pelo contrário, era a fina flor do humor político. Eles tinham plena consciência da dimensão política do que estavam dizendo. É criminoso responsabilizar os humoristas por isso. As charges não eram ataques pessoais, mas ataques a figuras mitológicas, que agradam a uns e não agradam a outros. Ninguém é obrigado a respeitar o sagrado dos outros. Para os hindus, a vaca é um animal sagrado, para os rastafaris é a maconha. O sagrado é relativo. Essa história me enerva muito. Vamos continuar fazendo humor, defendendo com unhas e dentes a liberdade de expressão.”        

    

Com cartazes com 'Je suis Charlie', jornalistas da AFP na sede da agência, em Paris, aparecem nas janelas em defesa da liberdade de expressão e solidariedade às vítimas /Foto François Xavier / AFP

 

Sexta-feira, 9 de janeiro – tarde:

Os irmãos Chérif e Saïd Kouachi foram mortos depois de abrir fogo contra forças policiais que invadiram seu esconderijo, uma pequena gráfica em Dammartin-en-Goele, a 35 km de Paris. 

Um homem identificado como Amedy Coulibaly, 32, que manteve reféns em supermercado kosher (que vende produtos judaícos) em Port de Vincennes, também foi morto. Nessa manhã, a polícia francesa havia identificado Coulibaly e uma mulher chamada Hayat Boumeddiene, 26, como suspeitos na morte de um policial em Malakoff, ao sul de Paris, na quinta-feira (8). Ainda não há informações sobre o paradeiro de Boumeddiene, disse a polícia. Os quatro militantes têm vínculo uns com os outros e com atividades terroristas que se estendem à Al Quaeda no Iêmen há anos, informa a Folha de S.Paulo.

 

Policiais Franceses durante a operação que libertou vítimas do sequestro em um supermercado judáico , em Porte de Vincennes, no leste de Paris/ Foto Best Image / Grosby Group/Folha

 

Sábado, 10 de janeiro: 

A onda de violência que se abateu sobre a França nos últimos três dias foi encerrada ontem com uma ação forças de polícia, que resultou na morte de três terroristas procurados. Os irmãos Chérif e Saïd Kouachi, de 32 e 34 anos, suspeitos do massacre à redação do jornal satírico Charlie Hebdo, na quarta-feira (7), terminaram sua fuga crivados de bala em Dammartin-en-Gole, na região de Seine-et-Marne, onde tentaram se esconder. O membro do Al-Quaeda na Península Árabe (AQAP, na sigla em inglês), disse a agência Associated Press que a rede dirigiu a ação em Paris – segundo ele, “vingança pela honra” do profeta Maomé, satirizado pelo jornal. Amedy Coulibaly, de 32, que teria assassinado um policial em Montrouge, na quinta-feira (8), também morreu na intervenção policial na mercearia, em Porte de Vincennes, no Leste de Paris. Quatro reféns foram mortos – por Coulibaly — e outros 15 foram libertados, segundo fontes policiais francesas. 

A líder de extrema-direita Marine Le Pen não foi convidada para a manifestação de domingo e que vai contar com a participação dos mais importantes líderes europeus, além de chefes de Estado e de governo fora da Europa. Por isso, ela convocou uma manifestação paralela perto de Marsella. “Marine Le Pen chegou a ser recebida no Palácio do Eliseu pelo presidente, Francois Hollande, na sexta-feira (9), mas não conseguiu arrancar do chefe do Estado um convite formal para a caminhada em Paris”, informa O Estado de S.Paulo. Também reclamando da passeada de Paris, o líder histórico da extrema-direita, Jean-Marie Le Pen, pai de Marine Le Pen, rejeitou o slogan que nasceu como mote da união após o ataque ao jornal Charlie Hebdo.  “Hoje, é ‘Somos todos Charlie’, ‘Eu sou Charlie’. Pois bem, lamento, não sou Charlie'”, diz ele, de acordo com relato do jornal. 

 

Domingo 11 de janeiro:

O ato público sem precedentes na França marcou o primeiro domingo após o ataque ao jornal Charlie Hebdo. Mais de 3,7 milhões de pessoas, segundo a Folha e Estadão, ou 4,5 milhões, de acordo com O Globo, foram às ruas na capital e outras cidades – pelo menos 1,5 milhão em Paris – em repúdio aos ataques terroristas. Na linha de frente marcharam o presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel. A ausência do presidente dos EUA, Barack Obama, foi criticada.

O Charlie Hebdo não morreu. Devem ser impressos três milhões de exemplares na próxima quarta-feira, com versão em 16 línguas, entre elas, o português, com a solidariedade de todos.” Às lágrimas, Patrick Pelloux, cronista do Charlie Hebdo, traduz o que Charb (Stéphanie Carbonnier) diria se estivesse vivo. ‘…Nós fazíamos humor. Eles mataram pacifistas e tolerantes, que caricaturavam todas as religiões da mesma maneira, sem ódio. Não podemos dizer que os assassinos são loucos, porque seria um insulto aos loucos. Charb, Cabu e Wolinski não desejariam que parássemos de trabalhar. Uma democracia sabe rir e sorrir. Uma ditadura não sabe rir nem sorrir,'” relata a revista Época.

         

Milhares de pessoas se reúnem na Praça da República, em Paris, para protestar contra os ataques terroristas/Foto Peter de Jong / AP/ Globo 

 

 

Segunda-feira, 12 de janeiro:

A primeira capa do Charlie Hebdo vai voltar a ter uma representação de Maomé. O profeta do islamismo aparecerá chorando, com a frase “Je suis Charlie”, lema dos protestos contra o ataque. Acima da imagem, desenhada pelo cartunista Luz, estará escrita a frase “Tout est pardonné” (Tudo é perdoado).

 

Nova capa do jornal "Charlie Hebdo"

 

Terça-feira, 13 de janeiro:  

“Por que não fomos Charlie?”

Essa é a pergunta do jornalista Clóvis Rossi, na Folha de S.Paulo, em seu artigo que descreve o seguinte: 

O Brasil fez um silêncio ensurdecedor nesses dias de comoção pelos crimes em Paris, em especial no domingo, dia de uma manifestação que até quem, como eu, já acompanhou dezenas delas, só pode qualificar de impressionante. Pena que o silêncio não tenha sido em sinal de respeito pelos mortos. Foi apenas um clássico brasileiro: a incapacidade ou a inapetência (ou ambas) de se mobilizar, de ganhar a rua, de protestar, de reclamar, de ser inconformista. Silêncio que começa lá em cima, na Presidência da República. É de uma mentalidade hiperburocrática a decisão de designar o embaixador de Paris como representante do Brasil… Tudo bem que a agenda de Dilma Roussef pudesse estar sobrecarregada e que, por isso, ela não pudesse comparecer. Mas custava, por exemplo, o vice-presidente, Michel Temer que, de resto, tem substituído a presidente em outros momentos diplomáticos? Ou o ministro do Exterior? Ou o da Justiça, até porque havia uma reunião para discutir terrorismo, território de responsabilidade de José Eduardo Cardoso?

Nem me venham, por favor, com o exemplo dos Estados Unidos, que também mandaram o seu embaixador (embaixadora no caso). A mídia norte-americana não perdoou. Nem a francesa. A omissão brasileira torna-se ainda mais problemática quando se computam determinadas presenças. O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, por exemplo, foi aconselhado pela França a não comparecer, para não criar um ambiente de cisão. Foi assim mesmo e ficou na primeira fila, a quatro passos de seu adversário, o palestino Mahmoud Abbas. Outro, aliás, que poderia não ter ido, já que o Ocidente (o sujeito oculto da solidariedade) não faz nem remotamente o necessário para que os palestinos tenham seu Estado.

A Rússia, em conflito aberto com a Europa, nem por isso deixou de mandar seu chanceler. Afinal, quem tem um dedo de visão diplomática sabe que ‘as grandes manifestações de rua legitimam uma luta redobrada contra um terrorismo reduzido à delinquência, e não portador de valores políticos e religiosos’, como escreveu Joaquim Prieto, em sua coluna para “El País”.

Mas a crítica não pode se limitar ao andar de cima. A rua também se omitiu. Não vale dizer que a França é longe…

Buenos Aires é ainda mais distante de Paris, o que não impediu cerca de mil pessoas, segundo o jornal “Clarin”, de se manifestarem domingo diante da embaixada francesa. Já na avenida Paulista, na sexta-feira, dia em também houve manifestações na Europa toda, ninguém se lembrou de parar um minuto o protesto contra o aumento dos transportes para repudiar o terrorismo. Tudo o que diz respeito à vida humana deveria interessar aos brasileiros. Mas parece que estamos fora do Universo.”      

 

Quarta-feira, 14 de janeiro:

“Dezenas de pessoas amanheceram na fila  de uma banca de jornal em Paris. O céu ainda estava escuro, o relógio marca 5h30 e a temperatura está em torno de 5 graus. O dono da banca chega às 6h30 e se assusta com a multidão. Como já imagina o motivo, logo avisa: para evitar confusão, só venderá um exemplar do “Charlie Hebdo”, por pessoa.” A descrição é de Leandro Colon, na Folha de S.Paulo. “O sol nem havia nascido”, acrescenta, e “já sumira a história primeira edição do “Charlie Hebdo” após o ataque terrorista que matou 12 pessoas na sede do jornal (oito delas funcionários), no dia 7 de janeiro”.  

 

Franceses enfrentam fila em Paris para comprar a nova edição do 'Charlie Hebdo', jornal satírico que sofreu atentado terrorista na semana passada / Foto Stephane Mahe / Reuters/ Folha de S. Paulo

 

O jornal foi produzido na redação do “Libération” e em seu primeiro dia de circulação, após o atentado, foram distribuídos cerca de 700 mil exemplares entre os 3 milhões previstos inicialmente. Diante da procura elevada, foram anunciados mais 2 milhões, dando um total de 5 milhões.

A capa, conforme anunciado na segunda-feira, trouxe o profeta Maomé, chorando e segurando o cartaz “Je suis Charlie” (Eu sou Charlie) – acima e a frase “Tout est pardonné” (Tudo está perdoado).

Como de praxe, em suas páginas internas, a publicação apresenta charges que escracham a religião – há sobre cristãos, muçulmanos e judeus -,  algumas delas vinculando-as a sexo. Traz ainda artigos, alguns deles falando sobre o atentado e sua investigação.

Em razão de sua capa, a edição do Charlie Hebdo foi proibida na Turquia e criticada duramente pelo aiatolá do Irã, Nasser Makarem-Shirazi, que considerou a reprodução de uma imagem de Maomé como “uma declaração de guerra a todos os muçulmanos”.

A edição história do jornal satírico coincidiu com a divulgação de um vídeo na internet no qual um dos líderes da Al-Quaeda, na Península Arábica, Nasser Bem Ali Al-Anassi, reivindica a autoria dos atentados. “Heróis foram recrutados e agiram. Eles prometeram e passaram ao ato, para a grande satisfação dos muçulmanos”, alegou Al-Anassi em gravação de 11 minutos.  

 

Líder da Al-Qaeda no IÊmen assumiu responsabilidade por ataque / Foto Reuters/O Estado de S. Paulo

 

Quinta-feira, 15 de janeiro:

Mustafá Akyol, autor de “Islam without extremes: a muslim case for liberty”, em artigo no New York Time, traduzido pelo Estadão, fala que as punições por blasfêmia a Maomé surgiram quando os impérios mulçumanos precisaram encontrar uma justificativa religiosa para eliminar oponentes políticos.   

“… Jornais satíricos como o Charlie Hebdo publicaram charges ridicularizando Deus (em contexto judaícos, cristãos e mulçumanos), mas foram atacados com violência somente quando ironizaram o profeta [Maomé]. Enquanto Deus e os outros profetas [Abrãao, Moisés, Jesus] são também sagrados para o judaísmo e o cristianismo, Maomé é sagrado somente para os mulçumanos. A única justificativa por essa sensibilidade em relação a Maomé parece ser o nacionalismo religioso, com foco na comunidade terrena – e não a fé genuína, que deveria estar concentrada no divino.

Esse nacionalismo religioso é norteado pela lei religiosa – a sharia – que inclui cláusulas sobre a punição da blasfêmia como pecado mortal. Os estudiosos muçulmanos poderiam começar a admitindo que, enquanto as raízes da sharia se encontram no divino, a maioria esmagadora de suas injunções foi formulada por homens, refletindo em parte valores e necessidades dos séculos 7 ao 12 – quando nenhuma parte do mundo era liberal e outras religiões como o cristianismo, também consideravam a blasfêmia um crime punido pela pena capital.

Segundo a lei islâmica, a única fonte aceita por todos os mulçumanos é o Alcorão, que não decreta a punição terrena para a blasfêmia ou apostasia (renúncia da fé). Tampouco impõe o apedrejamento, a infibulação [castração] feminina ou a proibição da arte. As punições surgiram quando impérios mulçumanos precisaram encontrar uma justificativa religiosa para eliminar oponentes políticos. Um dos primeiros ‘blasfemadores’ no Islã foi o estudioso Ghaylan-Dimashqi, executado no século 8 pelo califado Omíada. Sua ‘heresia’ foi afirmar que os governantes não tinham direito de considerar seu poder ‘um dom de Deus’ e deveriam ter consciência de sua responsabilidade com o povo.

Antes da expansão árabe com base em motivos políticos e do endurecimento da sharia, o Alcorão ensinava aos muçulmanos cuja fé costumava ser objeto de zombaria por parte dos pagãos: ‘ Deus disse no Livro que quando vocês ouvirem suas revelações lançadas no descrédito e objeto de zombaria, não deverão sentar-se com eles, enquanto não mudarem de conversa; porque seguramente vocês seriam como eles.’ Essa é a resposta que o Alcorão sugere à zombaria. Não a violência… O poder de qualquer credo religioso não vem da coerção dos críticos e dissidentes, mas da integridade moral e do vigor intelectual dos seus adeptos.”       

Capas de jornais repercutem atentado em Paris

 

 

 

 

 

 

 

Capa: Charge de Will Rez, 28, ilustrador e design gráfico, especial para Panis & Circus

Para ver mais trabalhos de Will Rez, acessar: www.boadosederum.blogspot.com

 

Em defesa da liberdade do lápis

 

Cartunistas usam seus traços para condenar o ataque ao Charlie Hebdo e defender a liberdade de expressão 

 

Paulo Caruso retrata os quatro colunistas mortos no atentado / Revista Época

 

O cartunista Robert Crumb e sua mulher que diz: “Oh, meu Deus, seu desenho é pior que ‘Charlie Hebdo’. Eles vão nos caçar!” E Crumb responde: “provavelmente já mataram cartunistas suficientes”/ Folha de S.Paulo

 

Angeli / Folha de S. Paulo

 

Chico Caruso / O Globo

 

Sob o traço de Uderzo, Astérix e Obélix se solidarizam com o luto pelo atentado / Imagem Galeria O Globo

 

David Pope, australiano, e o “to drew” (“desenhar” ou “sacar uma arma”) retrata assassino e vítima  / Imagem O Globo

 

Nono, do jornal bretão "Le Telegramme": heróis em defesa da liberdade / O Globo

 

Obra do cartunista parisiense Loïc Sécheresse / Imagem Galeria O Globo

 

O belga George Remi usou o estilo de seu compatriota Hergé, e retratou Tintin, desolado/ Imagem O Globo

 

Cartunistas espanhóis demonstraram solidariedade às vítimas / Imagem Galeria O Globo

 

Charge do jornal americano Indy Star que mostra liberdade atacada / Imagem Galeria O Globo

Charge do jornal francês Le Plus colocou a liberdade crivada de balas / Imagem Galeria O Globo

 

“Essa arma mata fascistas”. Mensagem do francês Philippe Henchoz  / Imagem Galeria O Globo
Stephen Strydom, sul-afriacano, parodia obra de René Magritte: “Essa não é uma religião / Galeria O Globo

 

O cartunista canadense Yannick Lemay em defesa da liberdade de expressão / Imagem Galeria O Globo

 

“Que arma é essa que machuca tanto”, perguntam na charge do indiano Satish Acharya / Imagem Galeria O Globo

 

Cláudio Paiva / O Globo

 

Charges dos quatro cartunistas franceses, assassinados pelo ataque terrorista, e publicadas pela Folha Ilustrada.

 

 

 

 

Postagem – Alyne Albuquerque

 

 

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