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Pisando em ovos surpreende e encanta

 

Knee Deep (Pisando em Ovos) no Festival Internacional Sesc de Circo / Divulgação

 

Luciana Ganderini, especial para Panis & Circus

Com o espetáculo inédito na América Latina Knee Deep (ou Pisando em Ovos), os artistas da Casus Circus pisam literalmente em ovos sobre o palco sem que eles se quebrem e propõem discussão sobre a força e a fragilidade humanas.

O quarteto do espetáculo, composto porJesse Scott, Lachian Mcaulay, Natano Faanana e Emma Serjent, prova os próprios limites do corpo humano em uma apresentação onde a casca de ovo – uma estrutura que é resistente e ao mesmo tempo delicada – torna-se um mote interessante.

A força e a fragilidade humanas, características tão essenciais na arte do circo, são o mote desta montagem embalada por músicas de Eddie Vedder, Carla Bruni, Gil Scott Heron e até do músico minimalista Philip Glass, entre outros.

Panis & Circus esteve no SESC Belenzinho para assistir das apresentações da companhia australiana Casus Circus durante CIRCOS – Festival Internacional de Circo do Sesc/São Paulo, em 10 de junho. Com ingressos esgotados, a companhia realizou suas apresentações e surpreendeu o público com um espetáculo que demonstra a sincronia entre os artistas e avanços de pesquisa corporal circense do grupo.

 

Cena de Pisando em Ovos da companhia australiana Casus Circus / Divulgação

 

Na primeira cena do espetáculo, uma das integrantes do grupo caminha sobre uma caixa de ovos. A câmera filma esse movimento dos pés e o projeta em um telão, o que aproxima o público do momento de suspense em que todos ficam apreensivos para saber se os ovos se quebrarão ou não. A artista encerra a cena sem quebrar nenhum ovo e é desta forma que os espectadores são convidados a se inserir em uma simbologia do cotidiano contemporâneo: rotina extenuante dos centros urbanos, quando são exigidos diariamente habilidades de equilíbrio e adaptação, força e delicadeza. O objetivo da montagem é demonstrar como somos submetidos a situações delicadas todos os dias, que exigem equilíbrio.

 

Precisão acrobática do quarteto em cena / Divulgação

 

Os ovos, quando pressionados da maneira correta, são muito resistentes. Mas a medida em que os deixamos cair de uma determinada forma, eles se espatifam. E é esta a ideia da companhia, que faz uma metáfora com a nossa relação com o corpo humano. O grupo demonstra que, se você ficar em pé do jeito certo, o corpo é resistente e pode executar movimentos incríveis. Por isso, fragilidade e força permearam o espetáculo o tempo todo, tendo como base a acrobacia, alternando números solos, coletivos e usando a improvisação como um recurso fundamental.

Apesar de uma apresentação repleta de delicadeza, em nenhum momento os artistas demonstram fragilidade em seus movimentos. Em cenas onde muitas vezes se equilibram se apoiando e colocando todo o peso do corpo apenas sobre a cabeça, sem utilizar as mãos, os performers demonstram que encontraram o ponto certo entre ousadia e técnica. A cada finalização, o público aplaude.

 

Número da corda em Pisando em Ovos (Knee Deep) / Divulgação

 

Passando por pirâmides humanas de formatos variados, números em que os performers se equilibram de maneiras inusitadas ou pisam nas cabeças um dos outros (enquanto um fica deitado o outro caminha sobre sua cabeça), o público vai sendo surpreendido em um moto crescente.

 

Artista em Knee Deep – ao fundo um ovo poché / Divulgação

 

Salto no ar do espetáculo acrobático Knee Deep / Divulgação

 

O espetáculo termina com o mais ousado dos números: os quatro integrantes formam uma escada humana, uns em cima dos outros, que tem como base duas bandejas cheia de ovos, em cima de uma mesa que está com suas quatro pernas apoiadas cada uma em uma garrafa de vidro. O grupo finaliza a apresentação com os quatro integrantes literalmente equilibrados e pisando em ovos, e demonstra que encontrou a excelência técnica.

Ao final da apresentação, o público aplaudiu de pé o espetáculo.

 

Acrobacia da dupla no espetáculo / Divulgação

 

Braços servem como arame para o artista se equilibrar / Divulgação

 

 

Simplicidade e sofisticação

Sissy Eiko, 35 anos, fotógrafa e arquiteta comenta: “Eu fiquei impressionada com o espetáculo. Os corpos se movimentam de uma forma orgânica e nem parece que estão realizando movimentos difíceis, que exigem habilidade e concentração. Parecem corpos de borracha. É incrível porque eles fazem parecer que é leve o equilíbrio, que é algo que é muito difícil”.

 

Ousadia e técnica no número do tecido / Divulgação

 

Joana Prado, 33 anos, produtora cultural: “É de uma simplicidade e ao mesmo tempo sofisticação, que nos fazem ficar de boca aberta. Os quatro são incríveis, realizam movimentos extraordinários e apresentam um espetáculo que demonstra a dedicação do grupo em buscar a perfeição de cada movimento.”

Carlos Roberto Garcia, 40 anos, professor: “Um dos melhores espetáculos de circo que vi na vida. Estou maravilhado com a qualidade deste grupo.”

 

 

Ficha técnica: Knee Deep – Pisando em ovos

Concepção e elenco

Jesse Scott, Lachian Mcaulay e Natano Faana

Cocriação: Emma Serjent

Produção no Brasil: Trixmix/Rosmarinho

Apresentado no Sesc Belenzinho nos dias 9/6 (sexta), 10/6 (sábado) às 21 horas e domingo 11/6, às 18h30

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