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“Rei Lear”, de Skakespeare, em números de palhaços
Paga pra ver quem é o (bobo do) rei
Ventania feita de ventilador. Bomba e dinamite de onde explode papel prateado e outras artimanhas de palhaços estão em “O Bobo do Rei” (2010).
Pais atentos e o Teatro Folha lotado de crianças de todos os tamanhos na tarde de quarta, 18/07, nesse espetáculo, em cartaz na cidade de São Paulo até o final de julho.
Com texto e direção de Angelo Brandini, a peça da cia. Vagalum Tum Tum adapta para crianças “Rei Lear”, de William Shakespeare (1554-1616), com linguagem do circo e pitadas de desenho animado.
Quatro atores palhaços e um músico brincam de peteca no palco antes de encenar a tragédia no picadeiro montado no palco. A trupe se finge de mar, com sardinha enlatada, golfinho, polvo e baleia.
Jogam “pagar pra ver”, em que brincam de pelotão no quartel-general. O duplo sentido das palavras e ações encanta e provoca risos. Um ator é soldado, outro, tenente e o terceiro, o brigadeiro (de chocolate). Quando o comandante diz: “Sentido!”, a trupe se entristece. Quando a palhaça Tereza Gontijo ouve: “Ordinário!”, responde: “Ordinária é sua avó!”.
Na sucessão inteligente da brincadeira, o ator que será o Lear, Davi Taiu, diz que paga pra ver que é rei.
Confusão. Dois palhaços em princípio resistem aos papéis de Goneril (Val Pires) e Regane (Anderson Spada), duas das três filhas de Lear.
O rei coloca barba e peruca e se transforma no pai das “cruelas” Goneril e Regane e da doce e simples Cordélia (Gontijo), filha preferida.
O rei quer dividir o reino e dar a maior parte à filha que lhe demonstrar mais amor. As irmãs convencem o pai com promessas. Tímida, Cordélia não sabe expressar em palavras o amor que sente por ele.
O rei deserda a caçula. Em seguida, Goneril impede o pai de entrar em seu castelo com os guardas reais. Regane hesita em recebê-los. Os palhaços brigam entre si até as personagens se destruírem. No final, as duas minilonas no palco desabam e morrem as irmãs malvadas.
Antes disso, o Bobo da Corte, mamulengo manipulado no biombo que também serve de cortina para troca de cenas, pede demissão ao rei que mandou embora a filha errada.
O bobo do rei segue adiante com seu exército de puxa-sacos – representados por uma carroça cheia de mamulengos que se sacodem pelas estradas do reino – até que todos o abandonam.
Piadas retratam tragédia
Uma história triste contada com a graça das piadas e canções. Quem tem mais de cinco anos não desprega o olho das cenas. O elenco atua com desenvoltura.
Hilária, Cordélia (Tereza Gontijo) aparece camuflada de bobo desempregado. O rei contrata o novo bobo da corte e começa a diversão.
A filha chama as irmãs de demônios, incita o pai a reagir e ambos treinam para sair pelo mundo de show em show, como uma dupla de bobos.
Cordélia pergunta: “Sabe a diferença entre o bobo e o rei?”. A própria personagem responde: “Bobo sabe que não é rei e o rei… kkkk”.
A filha faz um incrível número de mágica e a brincadeira de pagar pra ver termina em um número musical com a trupe reunida.
Link para ficha técnica e endereço do Teatro Folha, onde a peça “O Bobo do Rei” se apresenta até o final de julho:
(Mônica Rodrigues da Costa)
Tags: Alegria, Angelo, Bobo, Brandini, circo, Doutores, Lear, palhaço, rei, Shakespeare, teatro