Clip Click
“Última Aduela” não seduz a plateia.
Grupo português apresenta bons recursos técnicos no monociclo, malabares e “quick change”
Cafi Otta, especial para Panis & Circus
O grupo circense Erva Daninha, original da cidade do Porto (Portugal), foi um dos que mais se apresentaram nesta 3ª edição do Circos – Festival Internacional Sesc de Circo. Foram seis apresentações do espetáculo “Última Aduela”, em três unidades diferentes do Sesc (Carmo, Interlagos e Itaquera). Um espetáculo simples, de montagem e desmontagem rápidas, com poucos elementos em cena, mas que, infelizmente, não seduz a plateia, ou pelo menos não me seduziu.
Quem me conhece sabe que sou fã da simplicidade. Fico encantado com artistas que conseguem se conectar com o público com poucos recursos, mas no caso dos portugueses faltou carisma para apresentar sua visão do circo contemporâneo.
História em cena
O título do espetáculo, “Última Aduela”, remete a estruturas curvadas usadas na arquitetura para a formação de arcos e pórticos em curva. As madeiras usadas nos barris e tonéis também são chamadas de aduelas, e são usadas nesse espetáculo. São belas peças de madeira, equilibradas entre si e usadas como catapultas, que jogam bolas de malabares para o alto. Com muita habilidade, o malabarista manipula essas bolas junto com uma cesta, como se apanhasse frutas do chão. Na sequência um número de monociclo tecnicamente impecável, cheio de truques incríveis e de manipulações com o monociclo, coisa que não é muito comum de se ver. Mas ao contrário do que se esperaria num número de qualidade como esse, o público pouco aplaudiu. Não que tudo tenha que ganhar aplausos o tempo inteiro, mas parecia que as pessoas estavam com vontade de mostrar sua satisfação mas não viam uma oportunidade para isso. O tempo passou e as palmas não apareceram.
.
Por fim, “quick change” – aquele número onde uma pessoa troca de roupa muito rápido. Mais uma vez, tecnicamente o número foi executado com perfeição, e chegou a empolgar a plateia com uma música tecno animada. De repente, os três atores começam a dançar e a pular, como se uma festa estivesse pegando fogo. E o espetáculo termina. Ponto final. Toda a história que se apresentou no começo da peça, em que um homem e uma mulher aparentemente muito simples mexem nas suas roupas, recolhem as frutas do chão com pedaços bonitos de madeira, e são interrompidos por um estranho que chega com um monociclo e com um balde cheio de roupas coloridas, diferentes daquelas usadas pelo casal… enfim, toda essa história é abandonada e se perde quando os três simplesmente terminam o espetáculo sem mais nem menos.
A impressão que dá é a de que eles trouxeram apenas um trecho do espetáculo para o Brasil, coisa que acontece em algumas ocasiões, e que tem que ser resolvida da melhor maneira possível.
De qualquer forma, a 3ª edição do festival trouxe ao Brasil uma variedade imensa de atividades relacionadas ao universo circense, com apresentações de números e espetáculos do mundo inteiro, mesas-redondas e oficinas. Uma prova de que a arte circense está mais viva do que nunca e continua emocionando plateias de todas as idades.
Vida longa ao circo!!!
.
Ficha técnica:
Direção: Vasco Gomes
Assistência de direção: Julieta Guimarães
Interpretação: André Borges, Inês Mariana Moitas e Jorge Lix
Música: Baltazar Molina, Nislon Dourado e João Quintela
Figurinos: Inês Mariana Moitas
Produção no Brasil: Cena Cultural Produções (Julia Gomes)
Postagem – Alyne Albuquerque