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Zanni arma a lona no Memorial

 

 

Vinte e três pessoas foram envolvidas na montagem do circo – que estreou em 5/11

Bell Bacampos, da Redação*

Vinte e três pessoas trabalharam intensamente durante dois dias (29 e 30 de outubro) para erguer a lona do Circo Zanni, no Memorial da América Latina.

“Montar a lona é um trabalho de muita responsabilidade”, afirma Pablo Nordio. “Nós gostamos de colocar em prática a engenharia do circo, que exige atenção e cuidado o tempo todo”, complementa Daniel Pedro. Ele e Pablo são artistas, sócios do Zanni e responsáveis pela montagem do circo.  

O Zanni vai apresentar espetáculos, com ingressos grátis, dentro da Semana Ticket Cultura, na quinta-feira, dia 5, Dia Nacional da Cultura, às 20h; no sábado, dia 7, e no domingo, dia 8, às 17h e 19h30, na sexta, dia 13, às 20 horas, no sábado, dia 14, e no domingo, dia 15, às 17h e 19h30.

“O espetáculo do Zanni é um mix de números novos e antigos. É como show de rock – o roqueiro toca novas composições, mas também as antigas e conhecidas”, brinca Daniel.

A montagem do circo no Memorial contou com a participação de 7 integrantes da equipe técnica, 14 carregadores contratados para retirada do material de duas carretas, e os dois artistas circenses, Daniel Pedro e Pablo Nordio, que coordenam o trabalho.

 

Pablo Nordio e Daniel Pedro colocam a mão na massa na montagem do Zanni / Fotos Asa Campos

 

 

Foram utilizados cerca de 200 parafusos, oito tifors (espécie de alavanca, um guincho manual que pode erguer 3.500 quilos), seis moitãos (sistemas de redução e levantamento de peso), 56 paus de roda, 4 mastros de 14 metros, entre outros, na montagem da lona, do ‘foyer’ e da arquibancada. Entre os novos números que serão apresentados estão o da lira (aéreo), o do arame, dos dois palhaços e uma sonâmbula,  a releitura de barra de ginástica olímpica – criado por dois artistas convidados para a temporada Ticket.

A direção de espetáculo do Zanni é de responsabilidade de Domingos Montagner, mas como, no momento, ele interpreta o delegado Espinosa, na nova série Romance Policial, da GNT (leia abaixo na seção Destaque), Marcelo Lujan, maestro da banda do circo, acabou assumindo a tarefa, ajudado, de longe, por Domingos. A trupe toda participa com ideias e não poderia ser de outra forma, já que o Zanni, como define Marcelo  ‘é uma sociedade de anarquistas’.

Durante conversa com a reportagem do Panis & Circus, ao pedir para que Daniel Pedro e Pablo Nordio falassem sobre o processo de montagem da lona, Pablo brincou: “Senta que lá vem história…”

 

Subida dos quatro mastros do Zanni no Memorial da América Latina / Fotos Asa Campos

 

A seguir os principais pontos da entrevista.

Panis & Circus: Como é a montagem da lona e qual o momento de maior tensão?     

Pablo Nordio: Montar a lona é um trabalho de muita responsabilidade que exige concentração e cuidado.  E o momento de maior tensão é a subida dos mastros – pois eles são pesados e as correntes de força trabalham em sua carga máxima.  

Daniel Pedro: É isso mesmo. Levantar os quatro mastros da lona é sempre a parte mais delicada da operação, porque eles pesam algumas toneladas e é preciso fazer tudo com muita calma, ter cuidado o tempo todo e nunca deixar ninguém embaixo deles para evitar riscos.

 

Lona do Zanni levantada no Memorial / Foto Asa Campos

 

Panis & Circus: Vocês ficaram responsáveis pela montagem do circo.  Sempre foi assim?

Pablo: No começo do Zanni, em 2004, em Boiçucanga, litoral norte de São Paulo, todos os nove sócios e ‘agregados’ participavam da montagem. Aos poucos, foram definidas funções. Eu e o Nié (Daniel Pedro) acabamos ficando responsáveis pela montagem. Claro que poderíamos chamar um ‘especialista’. Mas o Zanni é o nosso circo e gostamos de montá-lo do nosso jeito. A gente gosta do trabalho. Temos ajuda externa, mas colocamos a mão na massa.

Daniel: Foi natural ficarmos eu e o Pablo porque sempre tivemos afinidade, contato e interesse com a parte prática do circo. Eu gosto dessa engenharia do circo.

 

 

 

Panis & Circus: Quanto tempo leva a montagem do Zanni?  

Daniel: Cerca de dois dias para deixar o circo inteiramente pronto. Na verdade, o tempo gasto na montagem depende do terreno. Aqui, no Memorial, tem um agravante – o chão é de concreto usinado em cima do Metrô. Por isso, é preciso furar o chão para poder fixar as estruturas. O fato é que seria gasto nessa tarefa um dia todo. Mas como já estivemos no Memorial, em temporadas anteriores, os furos já foram feitos e cobertos com pequenos tapa-buracos de borracha – o que significou economia de tempo, dinheiro e preservação do terreno.      

Pablo: São cerca de 200 furos para colocar os parafusos. Se tivéssemos que comprar novos parafusos gastaríamos em torno de R$ 6 mil – mas como já temos os parafusos e os furos foram feitos para eles e ficaram conservados porque tapados com borracha – foi preciso tirar a borracha e trocar apenas 10 deles que não estavam em boas condições.   

 

Furo tapado com borracha; ao lado com parafuso: 200 parafusos são usados na montagem / Fotos Asa Campos

 

 

Panis & Circus: O que é mais importante na montagem?  

Daniel: A segurança. Eu sempre segui a escola que prega que você deve ser responsável por sua segurança. Ninguém vai fazer tão bem feito quanto você, que sabe da importância disso para a atividade. E é a segurança que dirige os trabalhos na montagem do circo.   

Pablo: Você pode até confiar no trabalho dos outros, mas, até para avaliar corretamente o que é feito, é preciso conhecer o assunto. Por isso, a gente acompanha passo a passo a montagem.

 

 

Panis & Circus: O circo estreia na quinta, dia 5? Por que vocês o montaram com tanta antecedência?  

Daniel: Resolvemos subir a lona com uma semana de antecedência para ter um tempo para ensaiar o espetáculo, que tem novidades, com calma.  

 

Panis & Circus: O novo espetáculo tem nome?

Daniel: O Zanni não tem essa característica de montar um espetáculo e colocar um nome. Na realidade, o Zanni é o circo com números novos e antigos – uma mistura deles. É como show de rock – o roqueiro toca novas composições, mas também as antigas e conhecidas.

 

Ferros da arquibancada sendo soldados / Foto Asa Campos

 

Panis & Circus: Quais são os números novos que vocês apresentam?  

Daniel: Essa temporada tem números novos como o coletivo de lira (número aéreo), arame, entrada de palhaços, uma releitura de barra fixa de ginástica olímpica – de uma dupla de artistas convidados. Eu ia fazer um número novo de báscula, mas machuquei o pé em uma apresentação, em Sorocaba e, se não melhorar, vou ficar na banda e na contra-regragem.

Pablo: Nessa temporada da Ticket vou fazer o número de malabares que já tenho com o Marcelo, mas que teve um ‘upgrade’. Vou continuar a tocar sax na banda, um pouco de bateria e fazer a contra-regragem.

 

Pablo e Daniel, de costas, verificam a montagem que coordenam e executam / Foto Asa Campos

 

Panis & Circus: Os mastros e os paus de roda, a estrutura do circo não é fincada no chão?

Daniel e Nórdio: A estrutura não é afundada no chão. Grande parte está presa na sapata – um quadrado de ferro no chão e nos parafusos.

Panis e Circus: E sem estar afundada no chão é segura?

Daniel: Já enfrentamos ventos de quase 90 a 100 quilômetros por hora na praia e o circo ficou de pé. Ele entortou uns 15 paus de roda (pequenas colunas), mas o resto ficou em pé.   

Panis & Circus – O Circo Zanni no Memorial, em São Paulo, em Sorocaba e em Campinas  faz parte da Temporada Ticket?

Daniel: Em Campinas e Sorocaba as apresentações foram feitas graças à Lei Rouanet, que o Zanni ganhou, e contou com o patrocínio da Ticket. Aqui, no Memorial, fomos contratados novamente pela Ticket,  para fazer a Semana Ticket – em um projeto que é próprio da empresa de alimentação.     

 

Técnicos e artistas: Dejair, Wagner, Daniel, Paulo, Evertom, Pablo, Dumbo e Edi / Foto Asa Campos

 

*Colaborou Antonio Gaspar

 

Postagem – Alyne Albuquerque

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