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Circo Zanni volta à cena em curta temporada
Humor, música, equilíbrio e acrobacias no teatro do Sesc Belenzinho
O espetáculo atual do Circo Zanni tem a casa como tema e traz números musicais, acrobáticos, de equilíbrio, aéreos e de humor. Usa cadeira, sofá, rádios, pratos, panelas e penicos como aparelhos, ou instrumentos, para realizar os números.
São dez números costurados entre si por música, que fazem o espectador rir e se emocionar.
A música ao vivo é por si só digna de nota. Seja quando a banda executa “Autumn Leaves” (1958), seja quando remonta “Os Sete Músicos Infernais”, atração clássica do Circo Nerino, que já é uma paródia, ou referência cômica, à ópera “Aída” (1871), de Giuseppe Verdi, ou, ainda, a composição “Honky Tonk Women”, dos Rolling Stones.
No espetáculo, os músicos usam sanfona, tuba, corneta, saxofone, tambor, ronco de motocicleta e outros efeitos. A banda é um grupo atrapalhado e irônico, que parece dizer: “Somos palhaços, mas tocamos bem”.
A direção musical é de Marcelo Lujan, que faz malabarismo com Pablo Nordio. Os malabares entram em jogo durante a execução da música. As claves somam-se aos instrumentos que existem e aos inventados. Há ainda microfones para o elenco cantar em esquetes semelhantes às de cabaré, mas mais curtos e de modo fragmentário.
O palhaço Padoca, Fernando Sampaio, mete-se no meio dos músicos e teima em cantar, até que consegue: rimas horríveis e engraçadas, típicas das piadas de palhaço, divertem porque não fazem sentido.
A sala visitas é vista através das lentes da arte. Um homem lê um livro em uma poltrona que vira uma cama elástica em que ele, o artista Daniel Pedro, apresenta gestos inesperados com o corpo retorcido em saltos em diagonal e outros vetores.
Luciana Menin apresenta um número de cabaré em que a cantora se desloca para o centro do palco e realiza um contorcionismo acrobático com parada de mão em uma cadeira. Inusitados, os movimentos surpreendem por serem feitos a partir de um objeto cotidiano através do qual a acrobate consegue saltar e realizar os contorcionismos.
A banda toca “Honky Tonk Women”, dos Rolling Stones, e Bel Mucci sobe no tecido em acrobacias com giros no tecido vermelho. As asas esvoaçantes de seu morcego gigante voam em todas as direções, perto da plateia e, com agilidade, executam movimentos sincronizados com as canções.
O espetáculo é musical, de humor sutil e atlético. É feminino também. As bailarinas dominam as artes do voo, da contorção e do equilíbrio.
Irônica, a artista Maíra Campos porta o signo da dançarina, vestindo a saia pendurada nos ombros. Como se sabe, a ironia é a mãe da arte circense, paródica por excelência e muitas vezes identificada como “aquilo que faz rir”, mas que distancia a mensagem de quem a recebe. No número, a bailarina do arame abre a porta, despede-se do mundo esfumaçado dos signos clássicos sacudindo a poeira, que se espalha no palco. Ela deixa a repetição de gestos para encontrar movimentos mais livres. É como se a boneca da caixa de música da antiga sala de visitas saísse de seu mundo para encontrar outra maneira de dançar.
No espetáculo, Erica Stoppel apresenta o clássico número de equilíbrio com pratos ao lado do palhaço Padoca. Vez por outra, Tomás Sampaio, filho de Erica e Fernando, dá o ar da graça.
A direção artística desse novo espetáculo do Circo Zanni, preparado em 2012, é de Domingos Montagner, um dos nove sócios do Zanni e que integra, ao lado de Fernando Sampaio, a companhia La Mínima.
Domingos não está em cena porque grava a novela “Salve Jorge” (Rede Globo), de Glória Peres, em que interpreta o personagem turco Zyah. Quem faz a assistência de direção ao lado do Domingos é Ana Mota.
Domingos declarou sobre a apresentação atual: “Nosso circo vai além do espetáculo, é uma forma de viver a arte. Cada vez mais a arte está incorporada a nossas vidas. É um prolongamento de nossa casa e é nela que gostamos de receber o público. Esse sentimento sempre permeou nossos espetáculos, está em primeiro plano e foi a inspiração para sua concepção”.
Artistas convidados
Lu Lima : produtora do La Mínima está no novo espetáculo do Zanni no Sesc Belenzinho. Ela é mulher de Domingos Montagner e mãe de Leo, Antonio e Dante. É coordenada de eventos que comemoram os 10 anos do La Mínima. Veja reportagem na secção é com vocês do site Panis & Circus.
Fernando Paz: musicista e palhaço, integra o número dos músicos infernais e atua na peça teatral “Mistero Buffo”, de Dario Fo, com a dupla do La Mínima, Fernando Sampaio e Domingos Montagner.
Nereu Afonso – ator circense e músico, toca bateria e junto com ela faz algumas estripulias no número dos palhaços musicais.
Ficha Técnica
Concepção e direção artística: Domingos Montagner. Criação dos números: Elenco do Circo Zanni. Direção musical: Marcelo Lujan. Direção técnica: Pablo Nordio. Elenco: Bel Mucci, Daniel Pedro, Erica Stoppel, Fernando Sampaio, Luciana Menin, Maíra Campos, Marcelo Lujan, Pablo Nordio. Montagem e operação de som: Marcello Stolai. Iluminação e operação de luz: Paulo Souza. Capataz: Wagner Lopes. Produção: Palco de Papel. Realização: Circo Zanni.
Serviço
Sesc Belenzinho – Teatro: Rua Padre. Adelino, 1.000, Quarta Parada, região leste paulistana, tel. (11) 2076-9700. 392 lugares. Sexta (22), às 21h00; sábado (23) e domingo (24), às 12h00 e às 17h00. Duração: 80 minutos. Livre. Ingressos: R$ 2,00 a R$ 8,00. Cartões de crédito: AE, Mastercard e Visa. Estacionamento (R$ 3,00 a R$ 6,00 na primeira hora). PortalSesc
Tags: Circo Zanni, daniel pedro, domingos montagner, lu menin, Maíra Campos, marcelo lujan, Sesc
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Queria parabenizá-los pelo maravilhosos trabalho que fazem, realmente o Zanni é um circo maravilhoso, que nos leva para uma viagem no tempo, com sua arte circense tradicional.
Me apaixonei na primeira vez que fui…. sou muito fã de todos os artistas do circo.
Gostaria muito de receber sempre a programação do circo.
Mais uma vez, meus parabéns pelo lindíssimo trabalho.
Shirley Toth