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Slava Polunin, um dos palhaços mais famosos do mundo, está na “Serafina”
“Casa de Palhaço” é o título da reportagem sobre o russo Slava Polunin, um dos palhaços mais famosos do mundo, feita pela revista “Serafina”, da “Folha de S.Paulo” (maio de 2013). Seu espetáculo “Slava’s SnowShow” chega ao Brasil em junho para apresentações em Belo Horizonte (29 a 30 de junho), Rio de Janeiro (4 a 7 de julho) e São Paulo (11 a 14 de julho).
“Ao encontrar o russo Slava Polunin, 62, convém esquecer o palhaço de circo tradicional, aquele cujo número costumava ser apenas um entreato, enquanto o picadeiro era preparado para as atrações principais”. Assim, começa a matéria da revista “Serafina”, da “Folha de S.Paulo”.
Apesar de considerar uma “bela reportagem sobre o grande palhaço Slava Polunin”, o jornalista da “Serafina” “comete um erro e uma injustiça enormes quando propõe ao público ‘esquecer o palhaço de circo tradicional’”, afirma o ator, palhaço e artista circense Domingos Montagner em carta à “Folha” em 27/05/13. Ele acrescenta: “Todos os grandes circos sempre tiveram em seus espetáculos os palhaços como maiores atrações. Basta lembrar Picolino, Piolin, Chicharrão, Charlie Rivel, Grock e tantos outros. A arte do palhaço sempre foi muito mais do que ‘apenas um entreato’, como afirmou o jornalista. O próprio Slava que o diga”, finaliza Montagner.
Leia abaixo a íntegra da reportagem da “Serafina”, em que se fica sabendo que na casa principal de Slava, “o moinho pintado de amarelo, as paredes externas e as de um dos quartos estão forradas de obras dos brasileiros osgemeos, que Slava conheceu em turnê pelo Brasil”.
Serafina – 26.05.13 – Palhaço russo trata da vida, da morte e da beleza do universo sem dizer nada
GRACILIANO ROCHA
DE CRECY-LA-CHAPELLE, FRANÇA
Ao encontrar o russo Slava Polunin, 62, convém esquecer o palhaço de circo tradicional, aquele cujo número costumava ser apenas um entreato, enquanto o picadeiro era preparado para as atrações principais.
Quando maquiado, seu personagem, Yellow, já visto em ação por mais de 5 milhões de espectadores em 30 países, também usa o nariz vermelho e busca fazer rir. Mas as semelhanças acabam aí.
O espetáculo “Slava’s SnowShow”, que chega ao Brasil para apresentações em Belo Horizonte (29 e 30 de junho), Rio (4 a 7 de julho) e São Paulo (11 a 14 de julho), é inteiramente não verbal. Trata da vida, da morte e da beleza do universo sem dizer uma palavra.
Usando mímicas e efeitos especiais, Slava faz rir ao reproduzir a saga de um homem atravessando uma grande nevasca. E a plateia termina o show com as roupas e os cabelos impregnados de neve cenográfica, feita de papel picado.
“O riso comporta muitas possibilidades: não é só uma resposta fisiológica a uma piada mas também uma reação filosófica à própria alegria da vida”, diz Slava durante uma conversa em sua casa, em Crécy-la-Chapelle, a 42 quilômetros de Paris.
“O riso é uma coisa muito democrática porque funciona tanto com uma criança quanto com um professor, independentemente de quem seja ou da condição social que tenha.”
Slava é um leitor voraz de filosofia e literatura, além de um grande estudioso do teatro. Obstinado, viaja sete meses por ano apresentando seu show.
Nascido em 1950, em Novosil, uma cidadezinha do oeste da Rússia, Slava (diminutivo para Vyacheslav) era filho do administrador de uma estatal agrícola soviética e de uma dona de casa. Charles Chaplin foi sua primeira obsessão, quando ainda era criança.
“Quando vi ‘O Garoto’ na TV, decidi que queria fazer alguma coisa como aquilo na vida”, conta.]
No auge da Guerra Fria, quando cumpria o serviço militar de dois anos no Exército Vermelho, o então recruta leu metodicamente uma lista de cem obras de autores importantes da literatura russa. Dostoiévski (1821-1881), autor de “Crime e Castigo” e “Os Irmãos Karamazovi”, era o favorito.
Na juventude, Slava decidiu estudar para ser ator. Mas foi rejeitado pelo Instituto de Teatro de Leningrado (atual São Petersburgo). O argumento: sua voz não era adequada para os palcos.
Decidiu que estudaria por conta própria, lendo textos teóricos e peças de autores russos.
Slava Polunin e sua casa em Crécy-la-Chapelle: entre as maluquices estão camas flutuantes e obras dos grafiteiros Os Gêmeos
Subiu ao palco pela primeira vez aos 18 anos, para representar uma pantomima chamada “Litsedei”, a palavra russa que significa “mímico”. Se a voz era um problema, a força de vontade era uma solução.
E, em seu herói da infância, Chaplin, viu um caminho, que acabou por definir sua carreira: “Imagens e movimento são muito mais poderosos do que as palavras porque se conectam diretamente com a intuição humana”, prega.
Mais tarde, ideias de dois teóricos do teatro do século 20, o francês Antonin Artaud (1896-1948) e o polonês Jerzy Grotowski (1933-1999), que discorriam sobre a espontaneidade dos atores, o inspiraram a levar elementos de sua própria vida ao palco.
A neve falsa do “SnowShow” ecoa a infância na fria Novosil. “Saíamos para brincar na neve à tarde e, às vezes, só voltávamos depois da meia-noite, com os dedos enrijecidos e o rosto completamente vermelho de tanto frio”, lembra.
Slava deixou São Petersburgo em 1993, após o fim da União Soviética, para trabalhar no Ocidente.
“Foi um momento muito difícil do meu país e eu tive que pensar em como sobreviver. Decidi ir trabalhar no Cirque du Soleil por alguns anos, porque eles tinham dinheiro e a expertise em arte para fazer boas coisas.”
MERGULHO SURREAL
Há 15 anos, Slava se mudou para um antigo moinho na beira de um rio, perto de Paris. Visitar sua casa é uma experiência surrealista: um barco em formato de cama flutua na água, outro barquinho (de verdade), com o casco apontado para cima, serve de cobertura para um pequeno teatro.
No jardim, há um templo budista, um vagão de trem que costumava ser usado por atores mambembes do Leste Europeu e dezenas de obras de arte em três hectares de terreno.
O local funciona como laboratório criativo de Slava e abriga a Academia dos Tolos, um projeto de intercâmbio entre artistas iniciado por ele, em 1982, ainda na União Soviética.
Na casa principal, o moinho pintado de amarelo, as paredes externas e as de um dos quartos estão forradas de obras dos brasileiros osgemeos, que Slava conheceu em turnê pelo Brasil.
“Quando os conheci, em São Paulo, foi como ter encontrado pessoas da minha família. São muito criativos e nós sempre estamos procurando meios para trabalhar juntos.”
Folha de S. Paulo – 27.05.13 – Painel do Leitor – Palhaço
Bela a reportagem sobre o grande palhaço Slava Polunin, na revista “Serafina” (“Casa de Palhaço”, ontem). É importante, porém, ressaltar que o jornalista comete um erro e uma injustiça enormes quando propõe ao público “esquecer o palhaço de circo tradicional”. Todos os grandes circos sempre tiveram em seus espetáculos os palhaços como maiores atrações. Basta lembrar Picolino, Piolin, Chicharrão, Charlie Rivel, Grock e tantos outros. A arte do palhaço sempre foi muito mais do que “apenas um entreato”, como afirmou o jornalista. O próprio Slava que o diga.
Domingos Montagner, ator, palhaço e artista circense (Embu, SP)
Postagem : Alyne Albuquerque
Tags: domingos montagner, Slava Polunin
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